Aliados dizem que Planalto subestimou greve e temem reação das ruas

Fogo com gasolina Aliados de Michel Temer no Congresso desfiaram um novelo de críticas ao governo após o fracasso das negociações desta quarta (23) pelo fim da paralisação dos caminhoneiros. Líderes de siglas da base disseram que, de dentro do Planalto, a equipe do presidente não conseguiu antever o perigo embutido em uma trava no abastecimento de diversos setores. As notícias de corrida por combustíveis, confusão em aeroportos e alta nos preços de alimentos despertaram o temor de reação das ruas.

Avisado está Na terça (22), a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) mandou ofício a Temer. Nele, já definia o quadro como gravíssimo e pedia intervenção. “Há o risco de vermos animais mortos de fome, em situação de canibalismo pela falta de alimentos —insumos estes [que estão] parados nos bloqueios.”

Avisado está 2 A entidade alertou ainda para o risco de repasse do prejuízo ao consumidor. “Por outro lado, também sofre a população: o alimento não chegará às gôndolas, um grave problema à segurança alimentar do país. Sem produtos, a elevação dos preços é um risco iminente.”

Pulga atrás da orelha Analistas do mercado viram com preocupação a notícia de que a Petrobras vai reduzir e congelar o preço do diesel por 15 dias. Por mais que o presidente da estatal, Pedro Parente, tenha dito que a medida não foi discutida com o Planalto, ela levantou suspeitas sobre a independência da empresa.

Cruz e espada A alta nas bombas dos postos desencadeou várias quedas de braço no governo. O presidente Michel Temer, que tenta ganhar tempo para negociar, ficou premido entre correntes que querem corte de impostos e as que defendem uma intervenção na política da Petrobras.

Casa cheia O governador Márcio França (PSB) publicou decreto em que centraliza na Casa Civil todas as substituições de cargos de confiança em autarquias, empresas e fundações de São Paulo, como Sabesp e Poupatempo.

Nada consta Antes, os próprios órgãos batiam o martelo sobre contratações. Agora, o governo terá poder para travar e fazer nomeações. A Secretaria de Comunicação informou que a mudança mira o controle das contas públicas.

Cópia fiel Eduardo Azeredo (PSDB-MG), ao ser preso, forneceu um retrato da barafunda que aflige as siglas que protagonizaram a cena nacional nos últimos 15 anos. O líder do governo Fernando Pimentel (PT-MG) na Assembleia, Durval Ângelo (PT), definiu o momento como “triste para a política mineira”.

Cópia fiel 2 Ângelo reconheceu que seria hipocrisia comemorar o ocaso do tucano. “Temos problemas semelhantes.”

Confessionário Embora a prisão de Azeredo estivesse precificada, sua concretização foi recebida como tragédia no PSDB. Tucanos da bancada mineira no Congresso adotaram discurso semelhante ao que o PT tem feito em relação a Lula —mas só no anonimato.

Preço alto Os aliados disseram que Azeredo foi vítima de um julgamento político e que a pena de 20 anos é exagerada, compatível à de um assassino.

Eu pago É consenso no partido que a fatura mais cara será cobrada de Geraldo Alckmin, o presidenciável do PSDB. Ele foi questionado sobre a disposição em expulsar Azeredo. Não pareceu assentir.

Se basta A legenda tem dito que Antonio Anastasia (PSDB-MG) tem luz própria no eleitorado mineiro e que a prisão de Azeredo não deve impactar a disputa local.

Três é demais Jair Bolsonaro (PSL) falou com o senador Magno Malta (PR), nesta quarta (23), sobre a vice em sua chapa presidencial. Aliados dele dizem que a parceria seria perfeita se não fosse preciso “casar com a noiva e levar a sogra junto”, em referência a Valdemar Costa Neto.

 Parte do PSL aposta em chapa pura. Nesse grupo, além de Janaina Paschoal, Joice Hasselmann é cotada para vice.


TIROTEIO

Mais uma vez o governo federal tenta resolver sua falta de planejamento sacrificando os estados e municípios

Do governador Paulo Câmara (PSB-PE), sobre a pregação por reduzir o ICMS destinado aos estados para baixar o preço dos combustíveis