MDB vê eventual vitória de Ciro como risco; ala prega neutralidade na eleição

Terapia de grupo Com a confusão do cenário político e a deterioração do capital de Michel Temer, cardeais do MDB se reuniram na casa do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), na quarta (9). Num raio-x, concluíram que: 1) eventual vitória de Ciro Gomes (PDT) pode ser um golpe para a sigla; 2) o presidente deveria oficializar logo que não é candidato; 3) Henrique Meirelles precisa mostrar viabilidade até julho, o que é improvável; e 4) o ideal seria não se aliar a ninguém na eleição presidencial.

Com quem andas Eunício, que é aliado dos Gomes no CE, ouviu dos colegas que eventual vitória de Ciro poderia representar o expurgo do MDB, partido que é chamado pelo presidenciável de “uma quadrilha”.

Menos mal Geraldo Alckmin (PSDB) continua sem empolgar, mas o movimento do PP em favor de Ciro faz ala do MDB avaliar se não vale a pena dar uma trava nas conversas do centrão com o PDT, ainda que isso favoreça o tucano.

Meu lado Lula Guimarães, que fará a propaganda de Alckmin no horário eleitoral, deixou nesta semana o comando da empresa que produz conteúdo para o MDB na internet.

Trancos e barrancos Meirelles, o plano B de Temer, foi aconselhado por emedebistas a tocar sua pré-campanha como se fosse o titular. Reforçou o time de comunicação, abriu um QG em São Paulo e deve iniciar na próxima semana nova ofensiva nas redes sociais.

Só Jesus na causa Segundo os pesquiseiros dele, há espaço para dialogar com 17% do eleitorado. Hoje com 1% de intenção de voto, o ex-chefe da Fazenda tem como meta bater 7% até julho –o que seria, admitem auxiliares, um milagre.

Vai tu mesmo O MDB acredita que o PT não tem opção: vai arrastar a candidatura de Lula ao limite e substituí-lo em setembro. A aposta da sigla é no nome de Jaques Wagner (BA).

Água no feijão O PT vai lançar a candidatura de Lula no fim deste mês. José Sérgio Gabrielli e Ricardo Berzoini serão integrados ao grupo que faz o programa de governo do petista.

Aos montes O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, determinou na noite desta quinta (10) que um total de 30 inquéritos e ações penais de parlamentares baixassem a instâncias inferiores. Entre os afetados estão o senador Valdir Raupp (MDB-RO) e a deputada Shéridan (PSDB-RR).

Medalha Procedimentos vinculados à Operação Zelotes integram o grupo de ações que o ministro tirou do STF. O número de processos fez de Lewandowski o recordista entre os magistrados do Supremo que redistribuíram suas causas após a restrição do foro.

Não para os nossos No STJ, alguns ministros pregam mais reflexão aos que querem estender a decisão do STF que restringiu o foro. Preocupam-se especialmente com a prerrogativa reservada a desembargadores, que hoje só podem ser julgados no tribunal.

Não para os nossos 2 Na corte especial do STJ, dois magistrados dizem ter dúvidas sobre a mudança da regra atual.

Última palavra Encerra-se nesta sexta (11) o prazo que o procurador Carlos Fernando do Santos Lima, da Lava Jato de Curitiba, tem para apresentar seus argumentos ao Conselho Nacional do Ministério Público. O colegiado analisa representação contra ele.

Sacola cheia Carlos Fernando se tornou alvo do CNMP após falar de Michel Temer e Lula nas redes sociais. Enquanto o processo corria, publicou artigo na Folha com críticas a ministros do STF e também postou sobre eles na internet. O relator do caso, Luiz Fernando Bandeira, anexou os textos ao caso.


TIROTEIO

O STF reafirma que prisão em segunda instância é caminho sem volta. A defesa deveria aceitar: um mês já foi. Faltam 12 anos

Do deputado Nilson Leitão (MT), líder do PSDB, sobre o Supremo ter rejeitado recurso que poderia libertar o ex-presidente Lula


CONTRAPONTO

Quando menos é mais

Após audiência nesta quinta (10), na qual o prefeito de SP, Bruno Covas (PSDB), pediu recursos para a capital, o ministro Vinicius Lummertz (Turismo) afirmou, em tom de brincadeira, que o prestígio político pode ser medido em passos:

— Quando estava no Sebrae, se atendia o pleito, nem saía da sala na despedida. Se o pacto era parcial, levava até o elevador. Quando não dava nada, acompanhava até o estacionamento.

— Então vou me despedir por aqui! — rebateu Covas, ainda dentro do gabinete.