Brasil pode incluir outros produtos em barganha para livrar aço de taxa dos EUA
Cartas na mesa Funcionários do governo e negociadores do setor privado começaram a avaliar as opções do Brasil para tentar livrar as siderúrgicas brasileiras da sobretaxa imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, às importações de aço. A ordem é apelar primeiro para empresas americanas que dependem do produto brasileiro, mas os EUA parecem insensíveis ao argumento. Se nada der resultado, outros temas da agenda comercial bilateral poderão entrar na barganha.
Lista de espera Uma possibilidade seria adiar a sanção do acordo que libera voos comerciais entre Brasil e EUA. Aprovado pelo Senado na última quarta (7), ele ainda depende da assinatura do presidente Michel Temer.
Também quero No ano passado, quando a sobretaxa do aço começou a ser discutida, os americanos pediram ao Brasil abertura no mercado de trigo. Os brasileiros disseram não, por causa dos interesses da Argentina, mas o assunto poderá voltar agora.
Olha quem fala Um lobista ouviu de um funcionário americano que também há incômodo em Washington. Ele lembrou que em 2017 o Brasil impôs sobretaxa de 20% à importação de etanol americano, para proteger os usineiros brasileiros.
Pisque primeiro Advogados de Temer sugeriram que ele só divulgue seus extratos bancários depois que o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, responder aos questionamentos feitos à quebra do seu sigilo bancário e fiscal.
Contando os dias Nesta terça (13), faz uma semana que os advogados de Temer pediram a Barroso acesso ao processo –e oito dias que o presidente prometeu mostrar suas contas à imprensa.
Só com voto O senador Romero Jucá (MDB-RR) incluirá no projeto de lei que dá autonomia ao Banco Central exigência de quorum mínimo de três quintos para aprovação e destituição de diretores do BC pelo Senado.
Devida licença Integrantes do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil prepararam mensagens enfáticas para a reunião desta terça (13), em que pressionarão a OAB a convencer o Supremo Tribunal Federal a rever a orientação sobre prisões após condenação em segunda instância.
Em nome dele Um conselheiro citará o suicídio de Luiz Carlos Cancellier, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina. “Foi por desrespeitar o princípio da presunção de inocência […] que o sistema de justiça brasileiro se tornou responsável por esse cadáver”, diz a mensagem.
Aviso prévio A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao relator do seu caso no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, João Pedro Gebran Neto, que informe com cinco dias de antecedência a data do julgamento dos recursos do petista pendentes na corte.
Questão de tempo Na petição, os advogados de Lula apontam a “complexidade da ação” e dizem que precisam de tempo para entregar memoriais e se preparar para a sessão, que pode terminar com a assinatura da ordem de prisão do ex-presidente.
Pé no barro O prefeito João Doria irá na quinta-feira (15) a Campinas, terceiro maior colégio eleitoral de São Paulo. Será a primeira parada de um giro pelo interior antes das prévias em que o PSDB definirá seu candidato ao governo do estado, convocadas para domingo (18).
Pressão do campo O líder do PSDB, Nilson Leitão (MT), pressiona o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para pautar projeto de lei que muda o processo de licenciamento ambiental. Levará nesta terça outros 13 líderes governistas a almoço da Frente Parlamentar da Agropecuária que terá Maia como convidado de honra.
TIROTEIO
A afirmação das identidades partidárias é legítima, mas poderemos repetir 1989, ou o Rio de 2016, se o centro reformista se dispersar.
DO DEPUTADO MARCUS PESTANA (MG), secretário-geral do PSDB, sobre a fragmentação de candidaturas de centro nas eleições presidenciais deste ano.
CONTRAPONTO
Diga com quem anda
Há alguns dias, o deputado Silvio Costa (Avante-PE), desembarcou no aeroporto de Brasília para uma semana de trabalho no Congresso. Quando deixava a área de desembarque, avistou um ministro do governo Michel Temer:
— Ministro! Quanto tempo! — gritou, de longe, o parlamentar, conhecido pelo temperamento expansivo.
Meio sem jeito, o auxiliar do presidente acenou discretamente e, assim que Costa se aproximou, pediu:
— Deputado, não me chame de ministro em público…
Logo depois, acrescentou:
— E não conte a ninguém do governo que fiz esse pedido, porque senão, além de voto, perco meu emprego!
RICARDO BALTHAZAR (interino), com THAIS ARBEX e JULIA CHAIB