Ao prender investigados, Operação Carne Fraca dribla restrições impostas pelo STF

Rota alternativa As prisões do ex-presidente da BRF Pedro Faria e de outras nove pessoas pela Operação Carne Fraca mostram que o Ministério Público e a Polícia Federal acharam um meio de contornar a restrição imposta pelo Supremo Tribunal Federal às conduções coercitivas. A maioria dos atingidos foi chamada a depor como testemunha. Tratados como investigados foram presos em caráter temporário, o que permite evitar contestações baseadas na ordem do ministro Gilmar Mendes.

Meia volta Em julho do ano passado, a PF pediu que os investigados agora presos fossem alvo apenas de condução coercitiva, mas o juiz federal que conduz a Carne Fraca concluiu que os pedidos deveriam ser examinados por outros magistrados.

Entre na fila Quando os investigadores voltaram à Justiça, no fim de janeiro, a ordem de Gilmar contra as coercitivas já estava em vigor, e a PF pediu prisão para oito investigados. Em fevereiro, o Ministério Público incluiu o nome de Faria na lista.

Faltou dizer Em defesa apresentada ao STF contra denúncia da Procuradoria, a irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Andrea Neves, sustenta que os procuradores omitiram trechos dos depoimentos de Joesley Batista que poderiam favorecê-la.

Nunca vi Em sua delação, o dono da JBS disse que não conhecia Andrea quando a procurou para tratar de um pedido de R$ 2 milhões que seu irmão teria feito. Mas o trecho ficou fora do resumo anexado à denúncia.

Nada consta Para a defesa, a omissão induziu os ministros do STF a crer na existência de relacionamento próximo entre Andrea e Joeley. Ela diz ter tratado com ele da venda de um apartamento, não de propina.

Tanto bate… Mesmo se o Superior Tribunal de Justiça rejeitar nesta terça (6) o habeas corpus apresentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para evitar sua prisão, observadores do caso acham que a recusa poderá ajudar o petista a pressionar o STF a julgar pedido semelhante protocolado antes ali.

… até que fura O primeiro pedido foi encaminhado ao plenário pelo relator da Lava Jato na corte, Edson Fachin. O julgamento depende da presidente do tribunal, ministra Cármen Lúcia.

Para sempre Aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sugeriram que procure Michel Temer para uma conversa franca sobre a eleição. Disseram que ele não tem como se desvincular do governo, já que estavam juntos no impeachment de Dilma Rousseff (PT).

Do lado de lá Na avaliação desse grupo, os dois deveriam trabalhar para construir uma candidatura presidencial única. Maia, que lançará seu nome nesta quinta (8), tem seguido a orientação dos que recomendam que se distancie e fuja de qualquer foto com o presidente.

Hora marcada Prestes a assumir a presidência do DEM, o prefeito de Salvador, ACM Neto, avisou aos aliados que até dia 16 decidirá se será ou não candidato ao governo da Bahia.

Fique parado Em conversa recente com aliados, o ex-ministro José Dirceu considerou um equívoco a candidatura presidencial do líder do MTST, Guilherme Boulos (PSOL). Acha que ele contribuiria mais à frente do movimento do que na disputa eleitoral.

Siga o mestre Dirigentes do PSB apostam que uma candidatura do ministro Joaquim Barbosa, ex-presidente do STF, ajudaria a puxar votos para candidatos do partido aos governos estaduais e à Câmara.


O tempo voa No fim do ano passado, Barbosa prometeu dizer até março se aceitaria convite para entrar no partido. Ele segue em silêncio.


TIROTEIO

A candidatura de Boulos abre uma unidade para o futuro: uma esquerda com vozes plurais articuladas na ideia de nação e de democracia.

DO EX-MINISTRO TARSO GENRO (PT-RS), sobre Guilherme Boulos, coordenador do MTST, se filiar ao PSOL para ser candidato à Presidência contra um nome do PT.


CONTRAPONTO

Minha chapa, minhas regras

Em 2012, poucos meses depois de sua filiação ao PSD, Henrique Meirelles foi conversar com o então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Presidente do partido, Kassab tentou encorajá-lo a se candidatar à sua sucessão.

— Não quero — respondeu Meirelles, que considerava reduzidas as chances de sucesso da empreitada.

Kassab sugeriu então que ele poderia ser vice da chapa do petista Fernando Haddad, que acabara de deixar o Ministério da Educação para lançar sua candidatura.

— Não me interessa — disse Meirelles.

O PSD apoiou o tucano José Serra. Seis anos depois, Meirelles se prepara para deixar a sigla e entrar no MDB.

RICARDO BALTHAZAR (interino), com THAIS ARBEX e JULIA CHAIB