Perícia da PF vai municiar defesa de acusados pela Odebrecht

Apenas o começo O impacto do extenso laudo da perícia da PF sobre os sistemas que registravam pagamentos de propina da Odebrecht não é assunto que se encerre cedo. As constatações de que arquivos foram deletados e de que investigadores identificaram omissões serão exploradas pelas defesas de dezenas de acusados de embolsar dinheiro sujo. O fato de a empreiteira ter apagado informações também pode alimentar a guerra particular travada entre Marcelo Odebrecht e seu cunhado, Maurício Ferro.

Caso de família Vice-presidente jurídico da Odebrecht, Ferro tornou-se alvo da ira do herdeiro da empresa. Como a Folha mostrou em fevereiro, Marcelo insinuou em um depoimento sigiloso que o cunhado ajudou a empreiteira a destruir provas.

Cada dia… Representantes da Odebrecht minimizaram os aspectos negativos da perícia. Deram-se por satisfeitos com a versão de que, no processo em tela –sobre a compra de um terreno para o instituto Lula– o exame teria comprovado a idoneidade das provas.

… com sua agonia A empresa não ignora os flancos que podem ser abertos contra ela a partir da perícia. Seus representantes, porém, já ensaiam uma vacina: quando houve destruição de dados, em 2015, a Odebrecht ainda não sonhava em colaborar –ao contrário, estava em guerra com a Lava Jato.

Afasta de mim Em conversas recentes, ministros do Supremo admitiram que a prisão do ex-presidente Lula pode ser o estopim para uma crise generalizada no país.

Esfinge De perfil pouco incisivo, Rosa Weber tornou-se o centro das atenções. Ela votou contra a prisão após a condenação em segunda instância no ano passado e, neste ano, quando o assunto voltou, fez mistério.

Vai tarde A prisão do presidente da Fecomercio do Rio, Orlando Diniz, foi tratada por pessoas que conhecem a entidade como a “crônica de uma morte anunciada”. Há muito, dizem, esperava-se complicações para o lado dele. Caiu na Lava Jato.

Portas abertas Assim que assumir a presidência do Tribunal Superior do Trabalho, o ministro João Batista Brito Pereira vai receber representantes das centrais sindicais. O encontro está marcado para terça (27).

Mal não faz Parte da direção do MDB defende que o partido mantenha conversas com Henrique Meirelles sobre a disputa presidencial deste ano. A avaliação é a de que, caso o “plano Temer” não avance, o ministro da Fazenda pode, sim, ser o candidato da sigla ao Planalto.

Milhão de motivos Aliados de Meirelles fazem sempre questão de ressaltar que o ministro seria um nome leve para qualquer partido. Explica-se: ele não pesaria no bolso das siglas, já que pode tranquilamente bancar a própria campanha sozinho.

Deus te guie Aliados de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) respiraram aliviados quando Arthur Virgílio (PSDB-AM) abdicou das prévias para ser candidato ao Planalto. O prefeito de Manaus nunca teve chance de vencer, mas vinha falando tão mal do paulista que a simples projeção de um debate causava calafrios.

Moda que pega Sem disputa nacional, líderes tucanos em SP dizem que há 90% de chance de não haver prévias para definição do candidato ao governo do Estado.

Queimou a largada Na terça (20), quando o PTB desistiu de emplacar Cristiane Brasil (RJ) no Ministério do Trabalho, Helton Yomura, o interino, enviou mensagem aos superintendentes do órgão para dizer que aguardava apenas a publicação de sua nomeação definitiva no Diário Oficial da União.


Nunca serão No mesmo dia, porém, o presidente Michel Temer deu sinais de que ele não ficará no posto.


TIROTEIO

Estranha-se que pessoas contra as quais não há provas sejam punidas, enquanto o ex-procurador Marcello Miller continua solto.

DE EUGÊNIO ARAGÃO, ex-ministro da Justiça, sobre os registros de que Miller obteve informação sobre ação da Lava Jato quando já atuava para a JBS.


CONTRAPONTO

Esqueceram de mim!

A senadora Regina Souza (PT-PI) sugeriu na reunião da Comissão de Direitos Humanos na última quarta (21) a criação de um grupo c para acompanhar a intervenção federal na segurança pública do Rio.

Romário (Pode-RJ) aceitou a missão.

— Já temos o primeiro membro. Pensei também no colega Telmário Mota (PTB-RR) e no Paulo Paim (PT-RS)…

O petista interrompeu:

— Por mim o grupo está fechado com nós três — disse.

Ao perceber que havia cometido uma gafe, emendou:

— Ou melhor, com nós quatro: seremos, então, os três mosqueteiros com a mosqueteira!