Férias de desembargadores podem ter influência sobre calendário de julgamento de Lula

Painel

O tempo dos homens Dois dados podem ajudar a explicar a decisão de marcar o julgamento de Lula para quarta-feira (24). O revisor do recurso impetrado pelo ex-presidente, desembargador Leandro Paulsen, sairá de férias na próxima segunda (29), por um mês. Quando ele retornar, em 27 de fevereiro, outro integrante da turma que julgará o petista, Victor Laus, estará fora. Logo, se o caso não fosse debatido na primeira sessão do ano, só poderia ser avaliado pelo colegiado completo no fim de março.

Folha a folha Laus só retornará de seu descanso, segundo informações da corte, no dia 22 de março. O calendário é extremamente importante para o destino de Lula. Pré-candidato à Presidência, ele terá que se registrar em agosto na corrida eleitoral.

Ampulheta O período em que os desembargadores ficarão fora poderá ter impacto na apreciação de recursos apresentados após a decisão do colegiado sobre o petista. Um embargo de declaração, por exemplo, é julgado após dois ou três meses, em média.

Passo a passo Os embargos de declaração precisam ser apresentados dois dias depois da publicação da decisão. O relator, João Pedro Gebran Neto, deverá elaborar novo voto e encaminhá-lo ao revisor, Paulsen. Este é quem marca a data do julgamento.

Sem reservas No TRF-4, corte que julgará o petista, as turmas funcionam na ausência dos desembargadores titulares, mas com juízes substitutos. Em caso de tamanha relevância, esta não parece ter sido uma opção.

Boca no mundo Prevendo uma derrota nesta semana, a defesa de Lula marcou novo ato público para debater o caso “nos âmbitos nacional e internacional”, dia 29, em São Paulo, quando deve ser anunciada uma nova petição do ex-presidente à ONU.

Milagre Carlos Marun (Secretaria de Governo) pediu apoio à reforma da Previdência aos fiéis da Igreja Mundial do Poder de Deus neste domingo (21). O ministro disse que pretende repetir o discurso em outros cultos.

Semântica Para reduzir resistências, auxiliares de Michel Temer afirmam que o governo está trabalhando pela “capitalização” da Eletrobras, e não por sua “privatização”. “Não será vendida uma única ação da União”, diz Eliseu Padilha (Casa Civil).

Precedente Henrique Meirelles (Fazenda) pretende repetir no BNDES a fórmula aplicada para reduzir o peso dos políticos na Caixa. O ministro quer ter influência direta na escolha do comando do banco quando o presidente Paulo Rabello de Castro deixar o posto, em abril.

Ladeira abaixo Após o rebaixamento do Brasil pela S&P, a equipe econômica prevê um efeito cascata nas agências Moody’s e Fitch.

Paraquedas A ordem de Meirelles é martelar que a inflação baixa, os juros “em níveis históricos” e a reserva cambial sob controle blindam a economia e não permitem vislumbrar uma crise.

Bate ponto Pré-candidato ao Planalto e presidente do PSDB, Geraldo Alckmin viajará uma vez por semana a Brasília até abril, quando deixa o governo paulista para entrar em campanha. As passagens pela capital serão usadas para alavancar conversas políticas e atrair aliados.

Calculadora Para os tucanos, Alckmin deve usar os meses de janeiro a março para crescer nas pesquisas em São Paulo. Segundo as contas da direção do PSDB, se o governador subir 10 pontos em seu Estado, ele ganha quase 2,5 nacionalmente.

Revezamento Alckmin deixará o vice Márcio França (PSB) encerrar a reunião que fará nesta segunda (22) com a equipe de secretariado. Será, provavelmente, o último desses encontros sob a batuta do tucano. A partir de abril, França tocará o barco.


TIROTEIO

Com suspeitas na Caixa e nos portos, Temer não conseguiria recuperar sua imagem nem que tivesse mais quatro anos de mandato.

DO DEPUTADO JÚLIO DELGADO (MG), líder do PSB, sobre a declaração de Temer de que não deixará o governo com a pecha de que “incorreu em falcatruas”.


CONTRAPONTO

Água mole em pedra dura

Um dos principais aliados do presidente Michel Temer, o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) foi a Alagoas na sexta-feira (19) para inaugurar uma obra do Avançar, programa do governo federal.

O Estado é comandado por Renan Filho —herdeiro do senador Renan Calheiros (MDB-AL), um crítico ferrenho de Temer no Congresso e nas redes sociais. Como, ainda assim, o clima no ato era ameno, Moreira fez um gracejo:

— O ministério do presidente Temer tem seis nordestinos. Não é possível que esse coração fique intransigente… Vai acabar amolecendo diante do que está acontecendo aqui! —disse, dirigindo-se ao governador.