Dirigentes do PT veem líder dos sem teto Boulos com potencial como sucessor de Lula na esquerda
O aprendiz Dirigentes do PT detectaram sinais de que Guilherme Boulos, o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), está se preparando para ocupar o lugar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando ele sair de cena. Boulos tem deixado claro que não pretende disputar a próxima eleição presidencial se Lula estiver no páreo, mas a avaliação na cúpula petista é que não existem hoje no partido sucessores que vistam tão bem como Boulos o figurino de líder de massas.
Sem horizonte Nas discussões internas, dirigentes petistas dizem que tanto a senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do partido, como Lindbergh Farias (RJ), líder no Senado, poderiam pegar o bastão, mas lembram que eles não são unanimidade no PT e enfrentam problemas na Justiça.
Capitalização O projeto Boulos é de longo prazo. Mesmo que Lula seja impedido pelos tribunais de disputar a eleição de 2018, petistas não veem o líder do MTST como opção imediata. Nesse cenário, acham que ele poderia entrar na corrida presidencial como candidato do PSOL, como já se cogita na sigla.
O lugar dele Lula pretende intercalar nos próximos meses caravanas de longa duração com viagens curtas a regiões onde seu eleitorado parece consolidado, como a Baixada Fluminense. O PT quer que o ex-presidente passe primeiro nos lugares onde tem prestígio e depois invista nos que exibem forte resistência a seu nome.
No tranco O PSD quer organizar viagens para apresentar o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) às principais bases eleitorais do partido. O Amazonas e os dois Estados governados pela sigla, Rio Grande do Norte e Santa Catarina, são apontados como destinos preferenciais.
Aquecimento Os dirigentes do PSD reconhecem que hoje, nos maiores partidos, o tucano Geraldo Alckmin é o nome mais forte para assumir o lugar de candidato da centro-direita nas próximas eleições. Mas acham que o governador paulista pode escorregar daqui até abril.
Não pega Pessoas próximas a Meirelles veem com ceticismo a iniciativa do PSD. Dizem que a definição da agenda do ministro é sempre complicada e que ele costuma resistir à inclusão de compromissos de última hora.
Tiro no pé Em mensagem aos colegas de partido, Marcos Pestana (PSDB-MG), lamentou a divulgação de pesquisa interna que expõe a perda de confiança do eleitorado nos tucanos. “Qual objetivo? Reorientar a estratégia do partido ou aprofundar nossa autofagia pública?”
Pense duas vezes Presidente interino do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) pediu a Ricardo Ferraço (ES) que reavalie a decisão de se licenciar do Senado em protesto contra a permanência de Aécio Neves (MG) na Casa.
Não me abandone Tasso disse esperar que Ferraço continue “no front” e argumentou que, como um dos principais apoiadores de sua candidatura à presidência do PSDB, o senador não deveria abandonar o barco agora.
Prazo vencido O ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União, cobrará explicações do governo para a demora em leiloar um terminal no porto de Santos que o grupo Rodrimar seguiu explorando mesmo após o fim do contrato, há três anos.
Na mira O grupo empresarial explora a área desde 1988. Neste ano, passou a ser investigado sob suspeita de favorecimento pelo presidente Michel Temer (PMDB).
Quase lá O Senado e a Câmara já se manifestaram na ação que pede ao Supremo Tribunal Federal a revisão do entendimento de que prisões devem ser cumpridas após condenação em segunda instância. Para que o caso possa entrar em pauta, falta o Ministério Público opinar.
TIROTEIO
Enquanto não começarmos a remar para o mesmo lado, continuaremos todos batendo com os remos uns nas cabeças dos outros.
DE DUARTE NOGUEIRA (PSDB), prefeito de Ribeirão Preto (SP), lamentando as disputas entre os tucanos sobre os rumos do partido, o governo Temer e as próximas eleições.
CONTRAPONTO
Pelo bem da nação
A reunião da Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado, na quarta (25), foi reservada para um debate sobre o êxodo de cientistas brasileiros para outros países, com a participação de quatro especialistas convidados.
O presidente da comissão, Cristovam Buarque (PPS-DF) passou a palavra ao primeiro, Tadao Takahashi:
— Não quero limitar o tempo. Mas ali temos um relógio que marca o que a gente determina e toca sozinho. Quinze minutos seria bom?
— Quinze minutos está ótimo.
— Mas não se preocupe, porque, se passar, nós não vamos forçar sua emigração! — brincou o senador.