CPI da JBS desiste de convocar advogados que ajudaram irmãos Batista a negociar delação

Painel

Cálice afastado A CPI da JBS desistiu de convocar os advogados que ajudaram os irmãos Joesley e Wesley Batista a negociar sua delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. Integrantes da comissão foram avisados de que Fernanda Tórtima se preparava para evocar a prerrogativa do sigilo profissional para ficar calada em seu depoimento. Outra ideia era convencer a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) a recorrer à Justiça para garantir à advogada o direito de não comparecer à CPI.

Jurisprudência A decisão tomada no caso de Tórtima se estenderá a outros advogados que estavam na lista de convocados, entre eles Pierpaolo Bottini, que foi contratado pelos Batistas após o acordo de delação ser homologado e vir a público, e Esther Flesch, ex-sócia do Trench Rossi Watanabe e apontada como uma das responsáveis pela contratação do ex-procurador Marcello Miller pelo escritório.

Vamos com calma Presidente da CPI da JBS, o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) afirma que, “neste primeiro momento”, a comissão entendeu que “não seria o ideal ouvi-los”. “Eles têm as prerrogativas da profissão e ainda estamos recebendo informações”, diz. “É uma avalanche de documentos.”

Exceção Há depoimentos de advogados, no entanto, que serão mantidos. É o caso de Francisco Assis e Silva, diretor jurídico da JBS e delator. Seu encontro com a comissão está previsto para quarta (18).

Sem saída Pessoas próximas a Joesley e Wesley Batista já não escondem que veem como cada vez menores as chances de eles conseguirem decisão que revogue seus mandados de prisão. Dizem que nunca o clima foi tão adverso a dois réus no Judiciário.

Novos tempos O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende os dois empresários, diz ver uma “enorme má vontade” com os irmãos e cita como exemplo um desembargador do TRF (Tribunal Regional Federal) em São Paulo que apontou questões morais para justificar as prisões.

Contando os dias Amigos do ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto alimentam a expectativa de que ele pode sair da cadeia até o início do ano que vem. Preso em Curitiba há dois anos e meio, Vaccari foi condenado quatro vezes pelo juiz Sergio Moro, mas conseguiu reverter duas sentenças após recorrer à segunda instância.

Sai da frente Aliados do presidente Michel Temer tentarão acelerar o andamento da denúncia contra ele na CCJ da Câmara. A ideia é abrir mão do tempo reservado para discursar na comissão e encerrar os debates logo.

Quanto antes Com isso, a tropa de Temer pretende antecipar a votação da denúncia na CCJ em um dia, realizando-a na quarta (18).


Quem pode mais Um deputado do centrão viu Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) antes do feriado e o provocou: “Ministro, você é o homem mais forte do governo”. O tucano, que não faz o tipo atlético e vive sob pressão de aliados, estranhou. “É que todo mundo pediu sua cabeça e você se segurou”, explicou o deputado.

Com quem será No dia 27, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva completará 72 anos, as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo farão um ato no Rio “pelo direito de Lula ser candidato a presidente”.

Vela acesa O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) programou para a próxima semana uma série de protestos contra Michel Temer e a reforma da Previdência.

Acabou a tinta Glaucos da Costamarques usou 14 canetas para assinar os recibos de aluguel do apartamento vizinho ao de Lula em São Bernardo do Campo (SP), segundo perícia contratada pela defesa do ex-presidente. Para ela, é outra prova de que os recibos são autênticos.


TIROTEIO

O que está em jogo no Senado é uma questão institucional e não deveria ser tratado sob a ótica político-partidária.

DO SENADOR PAULO BAUER (PSDB-SC), sobre a decisão do PT de votar na próxima terça (17) para manter Aécio Neves (PSDB-MG) afastado do mandato.


CONTRAPONTO

Espelho, espelho meu

A oposição instalou terça (10) na Câmara um painel para registrar posições sobre a denúncia contra Temer e encomendou ímãs com os rostos dos 513 deputados.
Glauber Braga (PSOL-RJ) explicou aos colegas:

— Queremos que cada um chegue e afixe sua opção, por investigar, engavetar, ou mesmo se estiver indeciso.

Júlio Delgado (PSB-MG) acrescentou:

— O painel estará aqui na semana que vem. Só não declara sua opinião quem estiver com vergonha do voto.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) emendou:

— Ou quem, movido pela vaidade, pegar o ímã e levar para a geladeira de sua própria casa.