Nova denúncia contra Temer acirra disputas por cargos e obriga presidente a arbitrar conflitos

Painel

Guichê aberto A chegada da nova denúncia contra Michel Temer à Câmara acirrou disputas por cargos e levou o presidente a se envolver com os casos mais sensíveis. O ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP), cacique do PR e condenado no mensalão, disse a Temer que o partido acha pouco o Ministério dos Transportes e quer a Secretaria de Portos também. Para atendê-lo, o presidente teria que desalojar um apadrinhado do senador Jáder Barbalho (PMDB-PA), coisa que Temer prefere evitar.

Fatiado O governo definiu que cargos do segundo escalão serão negociados diretamente com as bancadas dos partidos. O PP, que estava irrequieto, deu sinais de que ficou saciado com a superintendência do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Sem pressa Aliados de Temer disseram a políticos e investidores que ainda não definiram uma estratégia para a votação da segunda denúncia por motivo pragmático. O tempo, dizem, agora conta a favor do presidente.

Calendário Segundo eles, não faria sentido afastar o peemedebista para promover uma eleição indireta em março ou abril de 2018, em meio aos preparativos para o pleito regular em outubro.

Fator de risco Quem vê essa narrativa com desconfiança cita apenas um nome para justificar a cautela: Geddel Vieira Lima, o ex-ministro que está preso em Brasília e poderia complicar a situação de Temer se decidisse colaborar com o Ministério Público.

Para a próxima O presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), propõe que o governo insista no debate sobre a reforma da Previdência. Acha melhor aprovar o que for possível agora e oferecer a proposta original do governo aos candidatos em 2018.


Todos os santos Temer avalia visitar o Vaticano em outubro, quando o debate sobre a segunda denúncia estará no auge. Foi convidado a acompanhar a cerimônia de canonização de mártires do Rio Grande do Norte.

Gênesis É antiga a relação do ministro Henrique Meirelles (Fazenda) com líderes evangélicos. No governo Lula, quando presidia o Banco Central, ele convenceu a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) a ouvir reivindicações das igrejas, que se sentiam discriminadas pelo sistema financeiro quando buscavam empréstimos.

Pregação Pastores que têm promovido encontros de Meirelles com líderes religiosos dizem que seu objetivo é falar da recuperação da economia, mas mostram-se à vontade para especular sobre suas aspirações para a eleição presidencial. Sempre que é consultado diretamente, o ministro desconversa.

Tempos modernos O PC do B articula conversas com setores da indústria, argumentando que deseja construir uma frente ampla para as eleições de 2018. Os comunistas buscam aproximação com entidades como a CNI (Confederação Nacional da Indústria), com a qual têm afinidade no discurso de defesa das empresas nacionais.

Barriga de aluguel Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre, procurou o presidente do PSL em São Paulo, Roberto Siqueira. Segundo integrantes da legenda, sondou o dirigente partidário sobre a possibilidade de ser candidato a deputado federal nas próximas eleições.

Pegou mal Há resistência à filiação na sigla, que pretende se reapresentar ao eleitorado no ano que vem com o nome Livres. Líderes que estão à frente da reestruturação da legenda torcem o nariz para posições conservadoras do MBL. Procurado, Kataguiri não respondeu.

No arquivo A Justiça Eleitoral encerrou definitivamente na semana passada ação movida pelo ex-prefeito Fernando Haddad que pediu a impugnação da candidatura de João Doria (PSDB) em 2016.


TIROTEIO

Demitir o secretário de Segurança como Rodrigo Maia sugeriu será inútil, se o grupo que ele apoia continuar mandando no Rio.

DO DEPUTADO ESTADUAL MARCELO FREIXO (PSOL-RJ) sobre o presidente da Câmara, que pediu a demissão de Roberto Sá em meio à guerra na Rocinha.


CONTRAPONTO

Deixe-me ir, preciso andar

Durante a votação da reforma política na Câmara, na terça (19), Renata Abreu (SP), presidente do Podemos, apresentou emenda em que propôs a abertura de uma janela de 30 dias para deputados e vereadores trocarem de partido sem o risco de sofrer punição na Justiça Eleitoral.

A proposta não alcançou consenso e a parlamentar acabou retirando a emenda. Mas não conseguiu deixar a sessão sem receber uma provocação.

— Eu quero pedir desculpas à deputada Renata Abreu, perdoá-la pela claustrofobia que a acometeu, pedindo três janelas. Ela precisa se tratar! — brincou Esperidião Amin (PP-SC).