Doria divide PSDB e ala da sigla quer rever cronograma que favorece candidatura de Alckmin
Dividir para reinar Somadas às declarações favoráveis de caciques de siglas aliadas, as andanças do prefeito de São Paulo, João Doria, surtiram efeito entre os integrantes do PSDB. Quadros do tucanato começam a dizer que pode ser precipitado definir o candidato ao Planalto em dezembro. A cúpula da sigla ainda está amarrada à ideia de apresentar o nome do partido para a disputa no fim deste ano — calendário que beneficia o governador Geraldo Alckmin — mas o cronograma não é mais unanimidade.
Cruz e espada A percepção de que Doria pode se tornar um nome mais competitivo é o que move a pequena ala que passou a defender o adiamento do anúncio do candidato do PSDB à Presidência. Mas há forte desconfiança sobre o comportamento do prefeito entre os tucanos.
Quem pisca Um deputado do PSDB tem dito aos colegas que Doria se tornou “a esperança desesperada” do partido. FHC, Tasso Jereissatti (CE) e Aécio Neves (MG) ainda apostam no governador paulista como a opção mais segura. Nenhum deles, porém, dá o prefeito como carta fora do baralho.
Reabilitado Isolado após a delação da J&F explodir, Aécio voltou a ser visto como personagem importante no xadrez interno. Ele esteve com Doria e depois com FHC na semana passada. Esta semana, foi convidado para jantar com Alckmin em SP.
Calculadora O PT fará reunião com os tesoureiros nas capitais para discutir as finanças da sigla, em outubro.
Bate e volta 1 Advogado de Joesley e Wesley Batista, o criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, vai deixar os mais de 250 convidados de sua festa de aniversário, em Lisboa, sem anfitrião por no mínimo dois dias.
Bate e volta 2 Kakay, que está em Portugal, voltará ao Brasil para tentar convencer o STJ a deixá-lo defender no plenário o pedido de habeas corpus para os empresários. O clima da corte não é ameno para os Batistas. O julgamento será nesta quinta (21).
Currículo Waldemar Cláudio de Carvalho, o juiz federal da 14ª Vara do DF que liberou a aplicação da terapia de “reversão sexual”, conhecida como “cura gay”, é candidato a uma vaga de desembargador no Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Vai ter luta O plenário da corte elegerá, em 28 de setembro, nomes que vão compor uma lista tríplice a ser encaminhada ao presidente da República. Carvalho é um dos 14 candidatos ao posto. Movimentos LGBT organizam um protesto no dia.
Álibi O presidente Michel Temer passou boa parte do voo para os EUA, na segunda (18), comentando a entrevista de Ângelo Goulart Villela à Folha. Disse que a versão do procurador, que foi preso após a delação da J&F, endossa a tese de que ele foi perseguido pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot.
Sopa para o azar A tentativa de Temer de represar no STF a última denúncia de Janot pode ser um tiro no pé, avaliam aliados. Ao tentar ganhar tempo, o presidente pode dar chance de o debate sobre as acusações se desenrolar em meio às negociações de uma eventual delação de Geddel Vieira Lima.
Na marra Sergio Moro contrariou parecer do MPF quando determinou, na segunda (18), que Rodrigo Tacla Duran — o advogado ligado à Odebrecht que fugiu para a Espanha — fosse citado no exterior para prestar depoimento no Brasil.
Ocupa e resiste O MPF havia sugerido a remessa de todas as provas contra o advogado àquele país, para que ele fosse processado lá.
Visita à Folha O professor emérito da USP Antonio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda e colunista da Folha, visitou o jornal nesta terça-feira (19), a convite, onde foi recebido em almoço.
TIROTEIO
Com Michel Temer presidente, se Henrique Meirelles não chamar por Deus, como se diz na Bahia, a economia vai para o dendê.
DO SENADOR OTTO ALENCAR (PSD-BA), sobre o vídeo em que o ministro da Fazenda pede a evangélicos que rezem pela melhora das finanças do país.
CONTRAPONTO
Plateia imaginária
Em discurso no seminário internacional do Instituto Teotônio Vilela (ITV), Geraldo Alckmin relembrou uma viagem que fez com o ex-governador André Franco Montoro pelo interior do Estado para falar sobre o PSDB. A sigla havia acabado de ser fundada. O ano era 1988.
Segundo narrou, após passarem por três municípios do Vale do Paraíba, os tucanos chegaram à Câmara de Vereadores de Cruzeiro com duas horas de atraso.
Se depararam com apenas três pessoas na plateia e decidiram que apenas Montoro iria discursar. Ao subir ao púlpito e notar que um dos homens dormia,disse:
— É o entusiasmo de vocês que nos motiva!