Centrão pressiona Temer e cobra definição sobre ministério na volta da viagem do presidente à China
Jogo zerado Michel Temer desembarcará no Brasil com a missão de resolver uma série de passivos em sua base. Com a espada da segunda denúncia de Rodrigo Janot sobre sua cabeça, o presidente terá que dar uma resposta aos partidos do centrão, que cobram a substituição de Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e esperam ter nesta semana uma posição definitiva sobre o assunto. Três siglas não despacham mais com o ministro: PR, PSD e PP. Juntas, somam 120 votos.
Haja saliva O presidente continua apostando na conciliação, mas sabe que a insatisfação se espraiou pela base aliada. Antes de viajar, recebeu uma série de líderes partidários. Foi pressionado a escolher entre a metade do PSDB que o apoia e os demais partidos que seguram seu mandato — inclusive o PMDB.
Adiar é preciso Temer pediu que aguardassem seu retorno da viagem à China para solucionar o impasse. Antes de embarcar, disse a Imbassahy que ele permaneceria no posto.
Fio da navalha Integrantes do centrão dizem que “a sorte de Temer” é que este grupo de siglas ainda não é próximo ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), principal beneficiário de uma eventual queda do governo.
Órfão O secretário de governo tem o apreço pessoal de Temer, mas viu seu padrinho no tucanato, Aécio Neves, perder força. Como nunca foi chegado ao governador Geraldo Alckmin, Imbassahy agora se aproxima do prefeito João Doria, que trava uma disputa pelo posto de presidenciável do PSDB.
Dança das cadeiras Em meio à intensa movimentação do afilhado João Doria, Alckmin avalia fazer mudanças na chefia da Casa Civil paulista. O governador tem sido incentivado por aliados a trocar o atual secretário, Samuel Moreira.
Promoção Pessoas próximas ao governador sugeriram que, com a perspectiva de amarrar o DEM ao seu nome em 2018, ele coloque na Casa Civil o atual secretário de Habitação, Rodrigo Garcia (DEM), aliado de Maia.
Dois coelhos Na avaliação de aliados do governador, Garcia, que é vice-presidente do Democratas, tiraria o partido da órbita de Doria e garantiria a Alckmin interlocução com Brasília.
Limpar a gaveta O procurador-geral, Rodrigo Janot, acelerou ainda mais o ritmo de trabalho em seu gabinete. Não quer deixar apenas a nova denúncia contra Michel Temer como legado. Pretende concluir processos contra o PMDB da Câmara, o PMDB do Senado e o PT.
Mãozinha As peças contra os partidos estão em fase de conclusão de inquérito pela PF. Integrantes da corporação dizem que Janot pediu pressa e que houve sondagem sobre a possibilidade de trabalharem no fim de semana para fechar as apurações.
Vem mais Em Mato Grosso, estão avançadas as tratativas para a delação do empresário Alan Malouf. Ele diz que houve caixa dois na campanha de Pedro Taques (PSDB) ao governo, em 2014, e que o tucano sabia. Taques tem negado irregularidades.
Arar a terra O ex-presidente Lula partiu para a caravana no Nordeste munido de pesquisa encomendada pelo PT que mostra que os jovens estão abandonando as universidades para voltar a trabalhar.
Vai que O discurso voltado para a educação deixa o terreno pronto para Fernando Haddad, ex-ministro da área, caso Lula seja impedido de concorrer. Ele é um dos “planos Bs” do petista.
Soa como música O ministro Henrique Meirelles (Fazenda) recebeu de Gilberto Kassab, na última quinta (31), uma sugestiva mensagem de felicitação pelo aniversário: “Parabéns, presidente!”. Agradeceu de imediato.
TIROTEIO
Alckmin é o principal responsável por deixar São Paulo sem prefeito, ao tirar Haddad e colocar Doria. Ele que embale sua cria.
DO DEPUTADO PAULO TEIXEIRA (PT-SP), sobre a disputa entre o governador de SP e seu pupilo, o prefeito João Doria, pela candidatura ao Planalto.
CONTRAPONTO
Apelo aos céus
Enquanto deputados e senadores protagonizavam um barraco durante a votação de um veto presidencial na sessão do Congresso, na terça (29), o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), decidiu sair do local e ir até a Esplanada.
Ao passar pela chapelaria, encontrou João Campos (PRB-GO), da Frente Parlamentar Evangélica, acompanhado de outros dois deputados.
Ribeiro relatou a briga e, ouvindo os gritos no plenário, disse aos colegas religiosos:
— Subam lá e façam uma oração na Mesa Diretora, que a coisa está difícil.