Oposição a Temer quer usar reformas para inflar manifestações antes da nova denúncia de Janot

Painel

Segundas intenções

O fiasco das mobilizações pela aprovação da primeira denúncia contra Michel Temer na Câmara fez a oposição rever sua estratégia. O PT vai usar a tentativa do governo de retomar o debate sobre a reforma da Previdência para organizar manifestações contra a proposta. A sigla avalia que as mudanças na aposentadoria têm apelo para levar gente às ruas. A ideia é criar um caldo de insatisfação social antes que a segunda ação de Rodrigo Janot contra o presidente chegue à Câmara.

Coloca no bolo A ideia de partidos como PT e PC do B é que nos atos contrários à reforma também sejam erguidas bandeiras de “Fora, Temer” e “Diretas-já”. Por esse roteiro, quando a segunda denúncia de Janot chegasse ao Congresso, haveria forte mobilização popular contra a agenda do presidente.

Panela de pressão Mesmo sabendo que é remota a chance de a PEC das eleições diretas ser aprovada, a oposição atuará para que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara vote já na próxima semana o texto da proposta.

Com sotaque O movimento “342 agora”, capitaneado por Paula Lavigne, também reorganizou sua estratégia para a possível apresentação de uma segunda ação contra o presidente. Artistas regionais vão gravar mensagens aos deputados que votaram a favor de Temer.


Como tatuagem Cantores e atores lamentarão a posição de seus conterrâneos e dirão que eles foram “cúmplices de um crime”.

Unidos Presidente do Sebrae e dirigente do PSD, Guilherme Afif vai lançar movimento para mudar a proposta de reforma política que está na Câmara. O grupo que está com ele definiu uma pauta nesta sexta (4), em São Paulo.

Megafone Participaram da reunião integrantes do Vem Pra Rua e da OAB paulista, por exemplo. O grupo quer cláusula de barreira e fim de coligações proporcionais já em 2018, além de veto ao distritão, modelo defendido por Temer.

Recarrega A equipe de Rodrigo Janot se esforça para apresentar a próxima denúncia contra Michel Temer, por obstrução de Justiça, ainda em agosto. O procurador-geral deixa a chefia do MPF no dia 17 de setembro.

Errou o alvo A PGR encaminhou nesta semana ao Superior Tribunal de Justiça pedido de arquivamento do caso relacionado à citação do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), na delação da Odebrecht.

Errou o alvo Ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Júnior disse que a empresa repassou R$ 1 milhão a Hartung para campanhas em 2010 e 2012. O peemedebista rebateu e informou que não havia disputado eleições naqueles anos.

Lá vai fecha Em outra frente, a PGR encaminhou ao STJ citação ao governador Raimundo Colombo (PSD-SC) na colaboração da JBS. Ele é acusado de ter recebido R$ 10 milhões para favorecer a empresa — o que nega.

Em combustão Ala do PSDB que atuou para barrar a denúncia contra Michel Temer acusa o senador Tasso Jereissati (CE) de continuar incitando a divisão na sigla. A irritação é tanta que o ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) disse a aliados que não descarta deixar o partido.

Não vou só Imbassahy não estaria sozinho. Outros integrantes da legenda ameaçam debandar se não houver uma acomodação de todas as tendências no discurso do senador, que é presidente interino da sigla.

Tudo eu Esses integrantes também se irritaram com o fato de Aécio Neves, presidente licenciado da legenda, ter mantido Tasso no posto mesmo após a derrota da ala apoiada pelo cearense, que pregava o desembarque do governo Temer.


TIROTEIO

Os deputados não só fizeram justiça ao presidente Temer, como também deram
sinal verde para a plena governabilidade.

DE ANTÔNIO CLÁUDIO MARIZ DE OLIVEIRA, advogado de Michel Temer, sobre a Câmara ter barrado a denúncia por corrupção passiva contra o presidente.


CONTRAPONTO

Classe média sofre!

No primeiro julgamento após o recesso, na terça (1º), a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, deu boas-vindas aos colegas e iniciou os trabalhos.
Na pauta, estava a constitucionalidade de uma lei que trata da responsabilidade de comércios no Rio de Janeiro sobre estacionamentos. Em seu voto, o ministro Ricardo Lewandowski fez um desabafo:

— A minha experiência em matéria de estacionamento é péssima! Deixei de frequentar jogos de futebol, o que era uma paixão minha na juventude, porque quem deixa o carro na porta do estádio é literalmente achacado pelos tais dos flanelinhas!