Aliados de Temer e Maia atuam para minimizar tensão entre o peemedebista e o democrata
Ponte para o futuro Aliados de Michel Temer e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), entraram em campo para tentar amenizar o clima de tensão que agora permeia as relações do Planalto com o democrata. Temer ouviu de um de seus ministros que não seria bom, neste momento, alimentar um “ambiente de desconfiança”. Heráclito Fortes (PSB-PI), próximo a Temer e a Maia, diz que “não há nada pior do que dois amigos que brigam”. “Vou continuar trabalhando para que não haja divisão.”
Mantenha perto Os que trabalham para acalmar o ambiente não prezam apenas a manutenção de laços fraternos entre Temer e Maia. Sabem que o governo não teria fôlego para abrir novo flanco de guerra, desta vez com o deputado que tem a batuta da tramitação das denúncias contra o presidente.
Gasolina Apesar dos esforços, nomes do PMDB mais próximos a Temer já estão com armas em punho apontadas para Maia. Dizem que, se derrubar o presidente, o democrata terá que manter Moreira Franco como ministro de sua cota pessoal, sem as bênçãos da sigla.
Banzo Casado com a sogra de Maia e amigo de Temer há décadas, Moreira tem externado abatimento e cansaço com a agudização da crise. “Nunca fiquei tanto tempo em Brasília. Sou do Rio… Estou há muito sem ver o mar. É isso”, disse.
Leia os sinais Em meio a este clima, haverá troca de guarda no Planalto — não, ainda, no gabinete presidencial. Nesta quarta (12), sai o Regimento de Cavalaria de Guardas, o RCG, e entra o Batalhão da Guarda Presidencial. Eles se revezam a cada seis meses na proteção do Palácio.
Deixa comigo Michel Temer analisou pessoalmente a lista de todos os integrantes da CCJ e os nomes de seus respectivos partidos para definir as trocas que foram feitas nesta segunda-feira (10).
Para a galera Com o gesto, o peemedebista deu uma injeção de ânimo em sua base. Mostrou-se aguerrido.
Acelera A tropa de choque de Temer discute apresentar à CCJ, na quarta (12), requerimento para encerrar antes do previsto a discussão sobre o parecer de Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), que recomendou a autorização da ação penal contra o presidente.
Vidraça Aliados do Planalto dizem considerar um exagero dar espaço para a manifestação de mais de 170 deputados. Nos cálculos dos governistas, seriam necessárias 40 horas de discussão para zerar todos os pronunciamentos. Com isso, dificilmente o relatório de Zveiter seria votado esta semana.
Caravana passa Durante a leitura do parecer de Zveiter, os deputados Baleia Rossi (PMDB-SP), Pauderney Avelino (DEM-AM) e Beto Mansur (PRB-SP) repassavam os votos pró-Temer na CCJ. Contaram 39 a favor do presidente. Optaram por colocar os sete tucanos da comissão como contrários.
Durma bem Fernando Henrique Cardoso garantiu a Temer, por telefone, que a reunião do PSDB desta segunda (10) não selaria o desembarque dos tucanos do governo.
Babel O forte texto do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, contra o abandono de Temer foi alvo de acalorado debate no grupo de WhatsApp do PSDB da Câmara.
Só com goleada Mesmo tucanos que são a favor da manutenção do apoio a Temer reconhecem que a rejeição da denúncia contra o presidente por meio de uma vitória magra não será bom sinal.
Esse grupo afirma que o peemedebista precisa reunir, ao menos, o apoio de mais da metade da Câmara.
Fins e meios O Planalto pensa diferente. Diz que vitória é vitória, seja pelo voto, seja pelo silêncio. As ausências ajudarão Temer. É preciso somar 342 votos pela denúncia para derrotá-lo.
TIROTEIO
O instituto da delação está desgastado. Importamos o modelo dos EUA piorado. Deu-se ao MP poder descomunal. Não é razoável.
DO CRIMINALISTA NELIO MACHADO, a respeito dos questionamentos sobre a suposta politização do Ministério Público e a eficácia das delações premiadas.
CONTRAPONTO
Nervos de algodão
Nesta mesma semana de julho do ano passado, no lugar da aceitação ou não da denúncia contra Michel Temer, a Câmara se debruçava sobre outra pauta: a escolha de seu novo presidente, que ocuparia o lugar deixado por Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Naquele 14 de julho de 2016, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que hoje é cotado para assumir o Planalto, fora eleito comandante da Casa.
Em seu discurso de vitória , agradeceu ao PSDB e pregou a pacificação do plenário. Emocionado, contou que fora desafiado a discursar sem titubear e confessou:
–Acho que eu aguentei, mas tomei três calmantes!