Possível vitória no TSE não melhora projeções e mercado se prepara para a delação de Palocci

Painel

Crise que segue A projeção da absolvição de Michel Temer no TSE não animou operadores do mercado financeiro. Para eles, a vitória do peemedebista evita que o “país caia no escuro” no curto prazo, mas não impede a deterioração do quadro econômico. Há forte especulação sobre delações que estão no forno — a de Antonio Palocci à frente. Gestores do exterior sondam bancos no Brasil sobre possíveis citações. Menções a instituições de médio e grande porte poderiam derrubar de vez a economia, dizem.

Tempos antigos Em encontro com representantes de fundos de investimento nesta quarta (7), o presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), assumiu o discurso de que, se Temer conseguir se segurar no cargo, haverá a “sarneyzação” de seu governo.

Realpolitik O tucano também disse aos investidores que, “do ponto de vista eleitoral, o melhor para o PSDB seria deixar o governo agora”. Afirmou, porém, que não tem certeza de que isso seria “o melhor para o Brasil”.

Monotema Em Paris, onde participa de reunião ministerial da OCDE, Henrique Meirelles (Fazenda) é provocado a falar sobre a tempestade que assola o governo Temer.

Resposta padrão O ministro começa dizendo que a crise será passageira, que o presidente vai sobreviver e que as reformas serão aprovadas no segundo semestre.

Dia do fico Segundo aliados, quando o interlocutor insiste na hipótese de piora do quadro político, Meirelles encerra dizendo que permanecerá no ministério.

Sem trégua Aliados de Michel Temer acreditam que, até setembro, quando deixa a chefia da Procuradoria-Geral da República, Rodrigo Janot poderá apresentar mais de uma denúncia contra o presidente.

Mano a mano Auxiliares de Temer têm martelado o discurso de que Janot partiu para o tudo ou nada. E apresentam a ofensiva da PGR como uma guerra entre Temer e o procurador-geral. Atuam para criar um clima de disputa pessoal e tirar o foco do conteúdo das acusações.

Na ponta do lápis O governo diz estar seguro de que terá votos para travar a denúncia que deve ser apresentada na próxima semana, mas monitora a base para estancar possíveis defecções.

Menos um Michel Temer é atualizado a todo momento sobre o julgamento no TSE. Após o encerramento da sessão nesta quarta (7), recebeu projeção de quatro votos a três pela absolvição. Aliados interpretaram que a atuação do ministro Luiz Fux indica que ele votará pela cassação.

Brilhou Mesmo com as divergências que devem ser expostas nesta quinta-feira (8), o voto de Herman Benjamin, relator da causa, foi elogiado por advogados e outros integrantes da corte.

Sem parar Há expectativa de que o julgamento termine nesta quinta (8). Os ministros da corte têm dito que querem dar logo um desfecho ao caso. No TSE, não há mais apostas em pedidos de vista.

Decolou Mais do que o TSE, foi a polêmica carona que Michel Temer pegou num jatinho de Joesley Batista, em 2011, que mobilizou menções negativas a ele na internet nesta quarta (7), segundo monitoramento de aliados.

Pombo correio Senadores que conversaram com o diretor-geral da PF, Leandro Daiello, dizem que ele demonstrou desconforto com as indicações de que haverá troca de guarda na corporação e indicou que pode deixar o posto após o fim da perícia no grampo de Joesley.

Já vi esse filme Integrantes da PF, porém, dizem que Daiello sempre adota o discurso de que vai sair quando há mudança na direção do Ministério da Justiça. A Associação de Delegados da PF já elaborou lista para tentar substituí-lo. Sem sucesso.


TIROTEIO

O cinismo é tão grande que Temer diz que entra num jatinho como quem entra num ônibus: pega sem saber de quem é.

DO SENADOR HUMBERTO COSTA (PT-PE), sobre a mudança na versão de Michel Temer a respeito de viagem, em 2011, em um jato de Joesley Batista.


CONTRAPONTO

Mentiras sinceras

Há três semanas, o presidente do Senado, Eunício Oliveira, colocou em votação proposta de renegociação das dívidas dos Estados. Estava prestes a encerrar o processo quando percebeu que um colega enfrentava problemas.

— Não estou conseguindo votar — disse Benedito de Lira (PP-AL). Eunício, de pronto, pediu socorro.

— Ajude ali o senador Benedito que ele está com o dedo gasto já — falou, em referência à dificuldade do pepista em acessar o sistema biométrico do plenário do Senado. Logo em seguida, Eunício emendou:

— Isso é de contar dinheiro!

— Seria bom se fosse… — despistou Lira, aos risos.