Temer ganha fôlego e divide PSDB e DEM; entusiastas de desembarque torcem por ‘fato novo’

Na pinguela A situação de Michel Temer está longe de ser confortável, mas o presidente retomou algum fôlego e dividiu ainda mais os partidos que articulavam sua sucessão. Há um impasse no PSDB entre os deputados mais jovens, que pregam o desembarque do governo já no dia 6 de junho, e os dirigentes da sigla. No DEM, Rodrigo Maia (RJ), presidente da Câmara, desestimula gestos enfáticos. As duas legendas admitem que só um “fato novo” poderia colocar Temer em novo viés de baixa.

Tempo ao tempo Aliados de Michel Temer acreditam que haverá, sim, pedido de vista do processo que vai julgar a cassação da chapa pela qual ele se elegeu. Dentro do TSE, a fala de Gilmar Mendes, presidente da corte, foi vista como um gesto para “aliviar a pressão política” sobre os ministros.

Apelação A perspectiva de que o governo ganhe prazo para o desfecho da ação no TSE fez deputados do PSDB pressionarem a sigla a fechar posição já no dia 6, com base apenas no voto de Herman Benjamin, relator do caso. Ala do DEM também admite rever a aliança se “o parecer for muito duro”.


Olha a revoada Um grupo de deputados jovens do PSDB, integrantes da ala apelidada de “cabeças pretas”, ameaça deixar a sigla se não houver um rompimento com Temer. Eles dizem que a cúpula do tucanato “perdeu a conexão com a realidade”.

Prepara Com a possibilidade de uma eleição indireta para substituir Michel Temer, cinco partidos estão formando um novo bloco parlamentar na Câmara: PC do B, Solidariedade, PSB, PDT e PTB. Querem chegar fortalecidos se houver mesmo disputa.

Faz a hora Desconfiados do novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, delegados da PF pedirão urgência na votação do projeto que prega a autonomia do órgão.

Sem mais O Ministério Público do Trabalho e a OIT lançam nesta quarta-feira (31) ferramenta que vai mapear o trabalho escravo no Brasil.

Paternidade Partiu do Conselho Federal da OAB o pedido para que a seção da entidade no Rio convocasse o ex-procurador Marcello Miller, braço direito de Rodrigo Janot na Lava Jato, a esclarecer sua migração para o escritório de advocacia que negocia a leniência da JBS.

De baixo para cima A OAB nacional recebeu diversos ofícios pedindo que a entidade se posicionasse. Como a inscrição de Miller é no Rio, um possível processo disciplinar tem de ser tocado pela seção fluminense.

Aqui não Presidente da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), José Robalinho disse que o novo titular da Justiça, Torquato Jardim, se equivocou ao estimular outras entidades do Ministério Público a enviar listas tríplices com nomes para a PGR.

Aqui não 2 “O ministro me parece ter entrado em outro diapasão”, afirmou. “Espero que ele reveja a posição. Não posso deixar de identificar uma intenção difusa de tentar enfraquecer o MPF.”

Otimistas Aliados de Temer na Câmara já dizem que, “passada a questão do TSE”, o governo tem condições de colocar a reforma da Previdência em votação nas próximas semanas.

Olha ela A SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) da Presidência lança nesta quarta (31) o primeiro de uma série de relatórios de conjuntura do país. A ideia é estimular o debate dentro e fora do governo de questões estratégicas. O texto de estreia versa sobre política externa e lança críticas ao governo Dilma.

Visita à Folha Paulo Dimas de Bellis Mascaretti, presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, visitou a Folha nesta terça-feira (30). Estava acompanhado de Rosangela Sanches, diretora de comunicação.


TIROTEIO

A sucessão de Temer é tratada na imprensa sempre em off. Não confirmam reuniões porque não querem passar por conspiradores.

DO DEPUTADO LÚCIO VIEIRA LIMA (PMDB-BA), criticando a articulação do PSDB para ocupar a Presidência da República caso Michel Temer deixe o cargo.


CONTRAPONTO

Perde o amigo, mas não a piada

Depois de elogiar o presidente Michel Temer e criticar a Operação Lava Jato em discurso de mais de 30 minutos na tribuna do Senado, na segunda-feira (29), o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) se preparava para deixar o plenário.

Um grupo de jornalistas correu, então, para a porta de saída, na tentativa de entrevistá-lo sobre a fala.

— Calma, gente. Ninguém precisa correr. Vocês estão até parecendo o Rodrigo — disse Renan, aos risos.

Todos entenderam que o senador fazia referência ao deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), filmado correndo com uma mala de dinheiro.