Aliados de Temer dizem que Cármen Lúcia, Gilmar ou Meirelles não têm chances em eleição indireta

Painel

Agenda pragmática Aliados do presidente Michel Temer, em conversas com líderes de partidos da base do governo, fazem o seguinte discurso: com eleição indireta, a chance de o Congresso escolher alguém de fora do Parlamento é praticamente nula. Tendo a Câmara a maioria dos votos, o vencedor sairá de lá. Com a jogada, tentam pregar que não há viabilidade para os nomes mais queridos de alguns setores, como Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, do STF, e o ministro Henrique Meirelles (Fazenda).

Olho no lance Esses mesmos aliados de Temer acompanham com atenção os movimentos do PSDB. Há uma tentativa de viabilizar, no partido, os nomes de Tasso Jereissati (PSDB-CE) e do ex-ministro Nelson Jobim para o caso de eleição indireta.

Ocupar e resistir A ordem no Planalto é manter a agenda de votações no Congresso, mesmo debaixo de chumbo grosso da oposição. A avaliação é que só a manutenção de um programa econômico pode salvar Temer politicamente, pois daria a ele alguma guarida no PIB.

Senha O governo festejou a confusão armada pela oposição no Senado durante a leitura de relatório da reforma trabalhista. Motivo: dizem que isso amplia a sensação de que haveria balbúrdia com a aceitação da pauta pregada por siglas como o PT, de eleições diretas.

Resgate Ex-ministro da Fazenda e amigo do presidente, Delfim Netto defende que o Brasil peça a extradição de Joesley Batista. “Ele produziu um terremoto e um prejuízo gigantesco à economia. Precisa ser extraditado para responder por seus crimes.”

Pena máxima Delfim afirma ainda que para os crimes cometidos por Joesley “só cadeia resolve”. “Não pode ser resolvido com o pagamento de multas.” Sua fala faz eco ao que defendem aliados de Temer no governo. A ofensiva sobre Joesley manteria o peemedebista no ringue com um réu confesso.

Dissidente O senador Eduardo Braga (PMDB-AM) prega que, caso Michel Temer caia, o Congresso aprove uma PEC para eleição direta com mandato de cinco anos sem reeleição para presidente.

DNA Alinhado a Renan Calheiros (PMDB-AL), Braga disputará o governo do AM. Defende nova eleição como sinônimo de legitimidade.

Vai custar caro Com o relatório da reforma trabalhista dado como lido na Comissão de Assuntos Econômicos, após confusão no Senado, a oposição pretende judicializar a discussão na Casa para tentar derrubar a tramitação da proposta.

Cartão amarelo A OIT (Organização Internacional do Trabalho) alerta para violações no projeto. Comissão de peritos da entidade diz que a proposta infringe convenções ao prever que negociações entre patrões e empregados se sobreponham às leis.

Pressão A presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Carina Vitral, entrega nesta quarta-feira (24) ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um pedido por eleições diretas assinado 220 mil pessoas.

Gringo? Cotado para o Planalto caso haja eleição indireta, Maia começou a ser alvo de piadas. Dizem que será preciso fazer uma emenda para que um chileno possa ser presidente do Brasil. O pai foi exilado na ditadura e ele nasceu em Santiago.

Visitas à Folha Dyogo Oliveira, ministro do Planejamento, visitou a Folha nesta terça-feira (23), a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Cleiton Araújo, chefe de gabinete, e Severino Góes, assessor especial de comunicação.

João Dionisio Amoêdo, presidente do Partido Novo, visitou a Folha nesta terça-feira (23). Estava acompanhado de Tiago Pariz, assessor de imprensa.


TIROTEIO

Divulgar diálogo entre jornalista e sua fonte é parte de um Estado policial. Violado o sigilo, o direito à informação fica comprometido.

DA DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO (PT-RS), sobre a inclusão de diálogos entre o jornalista Reinaldo Azevedo e Andrea Neves, irmã de Aécio, em processo público.


CONTRAPONTO

Dialoga quem tem juízo

Nesta terça-feira (23), no momento em que o governo tentava avançar com a reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, e já em meio ao clima de tensão, mas antes de parlamentares quase saírem no tapa, Paulo Rocha (PT-BA) pediu a palavra ao presidente do colegiado, Tasso Jereissati (PSDB-CE):

— Eu vou falar até devagar e pianinho porque, como eu sou um dos mais magros aqui, resolver na porrada eu não vou — disse.

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que acompanhava o bate boca de canto, sussurrou:

— Não vai dar certo mesmo, senador.