Promotor que fez delação de Joesley foi acusado de usar, em caso anterior, vídeos editados por delator

Painel

Gênesis O promotor Sérgio Bruno Fernandes, responsável pela delação de Joesley Batista, da JBS, esteve no centro de uma polêmica em 2015. A OAB apresentou reclamação ao Conselho Nacional do Ministério Público afirmando que Fernandes, durante o intervalo de uma audiência judicial, admitiu ter usado como prova vídeos editados por um delator “antes da apresentação às autoridades”. O caso em tela era a Operação Caixa de Pandora, que derrubou o ex-governador José Roberto Arruda.

O início A Caixa de Pandora se notabilizou como o primeiro escândalo político fartamente registrado em áudio e vídeo. O delator, Durval Barbosa, gravou Arruda e outros políticos locais recebendo propina. O promotor Sérgio Bruno, hoje coordenador da Lava Jato em Brasília, esteve à frente do caso.

Ambiental A OAB usou como base de sua argumentação gravação feita durante o intervalo de uma audiência com um ex-deputado distrital que foi flagrado nos grampos de Durval. O juiz determinou uma pausa entre as oitivas, mas os equipamentos que registravam a fala dos depoentes continuaram ligados.

Argumentos Segundo a peça da OAB, é possível ouvir os promotores falando com o juiz sobre suposta edição de vídeos do delator e debatendo a pertinência de se avalizar pedidos de perícia nos aparelhos que fizeram as captações. A conversa foi questionada pelas defesas do ex-deputado e de Arruda.

O fim O caso foi arquivado sob alegação de que a perícia no áudio da audiência judicial apresentada pela defesa dos réus e a feita pela Polícia Federal apresentaram divergências, não sendo possível firmar conclusão sobre o conteúdo da fala dos promotores.

Menos mal Funcionários do BNDES ficaram aliviados com a divulgação da delação de Joesley Batista. O empresário isentou dos casos de corrupção o corpo técnico do banco. Disse que a propina foi cobrada pelo então ministro da Fazenda Guido Mantega para liberar as operações tecnicamente corretas.

Aviso geral O Planalto recebeu informações de que Cármen Lúcia procurou os comandantes das Forças Armadas há duas semanas. Ao final do encontro, fez um apelo para que todos ficassem próximos porque o país iria passar por graves momentos.

Impedidos Na articulação para as eleições diretas, petistas vão usar trecho da delação em que Joesley fala sobre compra de votos durante o impeachment de Dilma Rousseff. Vão pedir a suspeição do Congresso na eleição de um novo presidente.

Por exclusão “Um Congresso com parlamentares que venderam seus votos durante o impeachment de Dilma não pode eleger o próximo presidente da República”, afirma o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

Que rei sou eu A Força Sindical, que vai se concentrar no Parque da Cidade, em Brasília, antes de sair em marcha para o Congresso, na quarta-feira (24), quer o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) como convidado ilustre da manifestação contra as reformas do governo.

Casa cheia O peemedebista foi chamado a discursar para um público estimado em até 30 mil pessoas.

Chega mais Renan disse a aliados que vai se posicionar pela realização de eleições diretas. Relator da proposta no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ) usará o fim de semana para articulações em torno da PEC que viabilizaria nova corrida eleitoral. Na quarta (24), o petista apresenta relatório na CCJ.

Pedigree Embora já tenham sido protocolados oito pedidos de impeachment de Temer, a Rede articula um texto “mais robusto” para ser apresentado nesta semana. O partido tem conversado com o jurista Luiz Flávio Gomes para que ele seja o autor.


TIROTEIO

Nem amigos exaltados nem intrigas vão acabar com o casamento Alckmin-Doria. Não há lugar para divórcio. Só para final feliz.

DE CESAR GONTIJO, vice-presidente do PSDB-SP, rechaçando a possibilidade de uma guerra entre Geraldo Alckmin e João Doria pelo posto de presidenciável.


CONTRAPONTO

Nem em outra vida

Antes da delação dos donos da JBS vir à tona, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), discutia na quarta-feira (17) a pauta com deputados. E perguntou a Alberto Fraga (DEM-DF), da bancada da bala, se ele e Erika Kokay (PT-DF), dos direitos humanos, haviam acordado a votação de uma PEC sobre policiais na capital.

— A deputada será minha secretária de Segurança Pública. Já está feito o acordo — respondeu Fraga, aos risos.

Julio Delgado (PSB-PE) disse ter ficado “emocionado” com a fala. E o correligionário de Kokay, Andrés Sanchez (SP), não perdeu a piada:

— Fraga, o senhor vai à Comissão de Ética por mentir.