Por 2018, Alckmin amplia pressão sobre Doria com fogo amigo e coloca o pupilo em situação limite
O ultimato Geraldo Alckmin liberou a cavalaria. Seus aliados agora atacam a “pressa” do prefeito João Doria (PSDB-SP) abertamente. Com o gesto, o governador coloca o pupilo em situação limite. Evidencia que, mesmo somado à popularidade de Doria, o desgaste que sofreu com a Lava Jato não bastou para conter seu desejo de disputar 2018. Por fim, ao se mostrar disposto a guerrear pelo posto de presidenciável, Alckmin dá a qualquer movimento do prefeito pelo Planalto ares de traição explícita.
Muita calma Auxiliares de Doria tentaram minimizar o impacto da frase em que ele admitiu que toparia ser candidato ao Planalto se fosse escolhido em prévias. Disseram que o prefeito defendeu antes o nome de Alckmin em suas entrevistas. Nem toda a tropa municipal, porém, quis colocar água na fervura.
Ele pode Subordinado a Doria, o prefeito regional de Pinheiros (SP), Paulo Mathias (PSDB), disse que “não tem sentido deixar de lançar um candidato bem posicionado nas pesquisas”. “Política é destino. E o João prova isso.”
Lotou Em Brasília, o embate simbólico entre Doria e Alckmin em NY virou piada no ninho tucano. Em reunião da bancada do PSDB, chegaram a dizer que, se o governador passar mais um dia nessa toada, Doria dirá que não vai dar carona a ele em seu jato particular na volta ao Brasil.
Juntos? O PSDB acertou com o presidente Michel Temer e com Romero Jucá (PMDB-RR) que o texto da reforma trabalhista aprovado na Câmara será mantido nas três comissões do Senado que vão avaliar a proposta. Também avisou que não aceita ficar fora da redação da MP que vai tratar do tema.
Valeu a pena O acordo sobre a dívida previdenciária dos municípios foi visto pelo Planalto como uma das medidas mais eficazes para ampliar o apoio às reformas. Após o acerto, a CNM (Confederação Nacional dos Municípios) declarou apoio às mudanças na Previdência.
Deu onda A confederação calcula que, após o acordo selado com o presidente, três mil cidades terão liquidado suas dívidas em oito anos.
Deu onda 2 Para o governo, o apoio da CNM à reforma da Previdência tranquiliza deputados da base e diminui o temor sobre a reação do eleitorado às mudanças.
Caravana Em guerra contra o fim do imposto sindical, só a Força diz ter 500 ônibus saindo de todo o país rumo a Brasília para a marcha das centrais, dia 24, contra as reformas do governo Temer.
Vira o disco Na nova rodada de articulações contra a reforma da Previdência, o PT escolheu o tempo mínimo de 25 anos de contribuição como alvo. O partido acredita que a idade mínima já não é mais o principal problema da proposta de Temer.
Sob pressão Depois de Marina Silva declarar que votaria a favor das reformas, a Rede ficou em polvorosa. Integrantes do partido fizeram questão de demonstrar insatisfação. A ex-senadora, então, decidiu divulgar uma nota dizendo que suas declarações foram distorcidas.
Dois gumes Com a repercussão de sua fala, em palestra em Londres, sobre a importância das reformas, Luís Roberto Barroso, do STF, diz que “ser progressista no Brasil pode significar enfrentar uma direita indiferente à pobreza e à desigualdade, bem como uma esquerda apegada a dogmas e à preservação de privilégios corporativos”.
Sono da beleza Desde o acirramento das negociações das reformas, que costumam entrar pela madrugada, Michel Temer adquiriu um novo hábito: tira meia hora depois do almoço para tirar um cochilo no sofá de seu gabinete.
Tempo ao tempo Aliados do governo na Câmara dizem que será “um tiro no pé” levar a reforma da Previdência ao plenário neste mês.
TIROTEIO
Doria tem perfil de ator. Antes, encenava que pesquisa não importava. Agora diz que o melhor colocado será o escolhido em 2018.
DE CAMPOS MACHADO (PTB-SP), deputado estadual e aliado de Alckmin, sobre as posições do prefeito João Doria a respeito da próxima eleição presidencial.
CONTRAPONTO
Seleção Canarinho
Em sessão esvaziada na Câmara, em abril, Carlos Manato (SD-ES), que presidia os trabalhos, deu a palavra ao colega Luiz Sérgio (PT-RJ), que queria fazer um anúncio.
— Presidente, quero registrar aqui a presença dos vereadores Kalu, Oscar e Murillo, do município de Cambuci, no Rio de Janeiro. A cidade é administrada pelo prefeito Agnaldinho, que vem fazendo uma excelente gestão!
Manato esperou o petista terminar suas homenagens para, em seguida, fazer uma observação:
— Agradeço aos senhores vereadores pela presença. Ouvindo assim, pelos nomes, parece até escalação de jogadores de futebol!