Sindicalistas vão usar 1º de Maio para convocar atos em Brasília contra reforma da Previdência

Painel

Pressão permanente As centrais sindicais que organizaram a greve geral desta sexta (28) vão usar o 1º de Maio, Dia do Trabalho, para convocar seus filiados a “ocupar Brasília” no dia da votação da reforma da Previdência. As entidades vão fazer o chamado para novas manifestações em um comunicado conjunto. O documento também terá ordens para que dirigentes estaduais organizem atos para pressionar os senadores a mudar o texto que cria novas regras trabalhistas, aprovado esta semana na Câmara.

Que greve? Ministros ironizaram os atos, dizendo que não houve paralisação, mas protestos promovidos por sindicatos que, com a adesão das categorias que fazem o transporte público, conseguiram dar um ar de feriado prolongado às grandes cidades.

Deu margem Os atos de vandalismo no Rio e em São Paulo, por exemplo, foram destacados por auxiliares de Michel Temer. Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) disse que as centrais recorreram “a práticas violentas, reproduzindo aqui cenas que vemos na Venezuela”.

Linha cruzada Embora o prefeito João Doria tenha proibido a CUT de fazer seu 1º de Maio na Paulista, o coordenador de operações da PM ligou para a central e afirmou que vai cumprir o acertado em reunião anterior e fazer a segurança dos sindicalistas.

Salão azul O texto da reforma trabalhista, um dos alvos da greve geral, chegou ao Senado nesta sexta-feira (28). O presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que recebeu alta médica no fim da tarde desta sexta, vai decidir no início da próxima semana por quais comissões a proposta deve passar.

Vale a pena… Governistas começaram a distribuir em grupos de WhatsApp um vídeo de 40 segundos da ex-presidente Dilma Rousseff, então no comando do Palácio do Planalto, defendendo a reforma da Previdência.

… ver de novo No gravação, a petista diz que “todos os países desenvolvidos buscaram aumentar a idade de acesso à aposentadoria” — justamente o que presidente Michel Temer agora propõe.

Esquenta Movimentos de esquerda decidiram manter a programação e fazer protestos em Curitiba no dia 3 de maio mesmo após o juiz Sergio Moro ter adiado o depoimento de Lula para o dia 10.

Ao que importa A mobilização do governo para cortar cargos de deputados que votaram contra a reforma trabalhista provocou uma romaria ao gabinete do secretário de Governo, Antonio Imbassahy, desde a quinta (27).

Ilustrativo O líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) protagonizou situação que resumiu o sentimento geral. Entrou na sala do ministro aos gritos: “Cadê a lista do Imbassahy? Ninguém mais quer saber da lista do Fachin, só da lista do Imbassahy!”

Fora do eixo Com a operação Satélites 2, que teve entre os alvos um advogado de Renan Calheiros (PMDB-AL), ala do PMDB que não é afeita ao líder do partido no Senado diz que o maior impacto da ação é o psicológico, o que a aumentaria a possibilidade de ele cometer erros.

Sobrevida Mais do nunca, dizem, Renan tentará politizar todas as ações da Lava Jato para, além de tentar se manter vivo até as eleições de 2018, atrair o apoio de outros parlamentares que estão na mesma situação.

Malvado favorito “Vai querer ser visto como um mal necessário”, resume um dirigente do PMDB.

Pode isso? A defesa do advogado Bruno Mendes se surpreendeu com o que chamou de atuação “cortês” e “educada” da PF durante a operação de busca e apreensão.

Visita à Folha O vereador paulistano Fernando Holiday (DEM) visitou a Folha nesta sexta-feira (28).


TIROTEIO

A paralisação foi tão bem que até os grevistas aderiram. Coube, então, aos terceirizados dos organizadores irem às ruas tocar fogo.

DO DEPUTADO BETINHO GOMES (PSDB-PE), sobre o número de manifestantes que compareceu aos atos desta sexta-feira (28) contra a reforma trabalhista.


CONTRAPONTO

Sem saída 

Semana passada, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) solicitou ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) a prorrogação da CPI da Lei Rouanet para que pudesse redigir o relatório final de “forma mais moderada”. Integrante da comissão, a deputada Erika Kokay (PT-DF) disse que concordava, mas fez uma ressalva:

— Desde que este seja o único objetivo — disse Kokay, que, em seguida, questionou o caráter do deputado.

— Continuo com a minha moral acima de qualquer suspeita — provocou Fraga.

Maia interveio, aos risos:

— Até quando fazem acordo eles precisam brigar!