Com política em crise após Lava Jato, Rede filia nomes do Judiciário para eleições de 2018

Pescador de homens

Num momento de extremo desgaste para nomes tradicionais da política, a Rede, da ex-senadora Marina Silva, trabalha para atrair integrantes do Judiciário. O juiz Márlon Reis, um dos redatores da Lei da Ficha Limpa, deve concorrer ao Senado pelo Maranhão. A sigla também quer que o delegado aposentado da PF, Jorge Pontes, ex-Interpol, dispute vaga na Casa pelo Rio. Em passo ainda mais audaz, sonha filiar o chefe da PF, Leandro Daiello, e Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato.

De olho Os ministros do STF Ayres Britto e Joaquim Barbosa também são mencionados como alvos. Aliados dizem que Marina é extremamente cautelosa nas conversas e nunca faz sondagens.

Por dentro Integrantes do partido dizem que a ex-senadora apenas ressalta a importância de uma atuação política institucional. Essa linha de discurso teria sido usada por ela, por exemplo, em conversa com Dallagnol, há cerca de dois meses.

Aqui não Procurada, a assessoria da força-tarefa nega que Dallagnol tenha sido sondado. A assessoria de Daiello vai além e nega qualquer conversa nesse sentido.

Bom entendedor Em entrevista à coluna nesta quarta-feira (12), Marina Silva disse que “quem empurra as pessoas do mundo da Justiça ou da polícia para a política são os maus políticos”.

Nem ele sabe Marcelo Odebrecht explicitou o enrosco que deve dominar discussões jurídicas sobre a Lava Jato. Questionado sobre como diferenciar propina de caixa dois, disse: “Havia candidatos, assim, honestos, que usavam caixa dois. E desonestos que recebiam no caixa um, [mas era] propina”.

Aí já é demais Auxiliares de Michel Temer sugeriram que ele terminasse o vídeo para rebater acusações de delatores dizendo que “o Brasil pode confiar em seu presidente”. O peemedebista achou que não pegaria bem.

Uma mão… O presidente do TCU, Raimundo Carreiro, ofereceu ao colega Vital do Rêgo o auxílio da estrutura de comunicação do órgão para que ele pudesse responder à acusação de ter recebido R$ 350 mil da Odebrecht.

… lava a outra Rêgo agradeceu o gesto, mas recusou. Contratou uma assessoria para tentar driblar a crise.

Linha direta Trecho da reforma da Previdência acaba com a regra que dá aos sindicatos rurais o papel de intermediário na arrecadação do INSS. Hoje, o trabalhador do campo é obrigado a ter vínculo com essas entidades e pagar mensalidade para garantir o repasse ao governo.

Tiro ao alvo Integrantes do PMDB da Câmara avisam que quem aposta hoje em uma adesão de 90% da bancada às novas regras de aposentadoria vai quebrar a cara. As críticas ao projeto são o pano de fundo para a insatisfação de um grupo de deputados com a liderança de Baleia Rossi (SP) na Casa.

Muy amigo Integrantes do Planalto notaram que a propaganda eleitoral do PSD defendeu as reformas do governo, mas não citou o nome do presidente Michel Temer.

De bandeja Enquanto Renan Calheiros (PMDB) se afasta do governo, seus rivais em Alagoas se aproximam do Planalto. Maurício Quintela (Transportes) e o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), estiveram com Antonio Imbassahyl (Secretaria de Governo) esta semana.

Ilusão de ótica Na tentativa de arranhar a imagem de João Doria, o PT vai começar as “Caravanas da Cidade Real”. Quer mostrar que o prefeito não se dedica a quem está longe do centro de SP.

Subliminar Prefeito em exercício, Bruno Covas (PSDB) estava a postos para aplicar sua primeira multa em ponto de venda de tinta spray quando trecho de música da Ana Carolina soou no rádio: “Eu vou pichar a sua rua!”


TIROTEIO

Em cem dias, Doria vive ‘O Show de Truman’ e esquece que em São Paulo a vida é muito menos linda do que ele quer fazer parecer ser.

DE RAIMUNDO BONFIM, da Central de Movimentos Populares, criticando a atuação de João Doria em seus primeiros dias à frente da prefeitura paulistana.


CONTRAPONTO

Aos inimigos, a lei

Na quarta-feira (12), logo no início da sessão da comissão que discute a reforma trabalhista na Câmara, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) fez um protesto.

— Senhor presidente, estamos sendo atropelados com essa leitura feita no dia de hoje. Isso foge completamente ao cronograma — disse, numa mensagem ao deputado Daniel Vilela (PMDB-GO), que havia autorizado o relator da reforma, Rogério Marinho (PSDB-RN), a ler o parecer.

Sem demora, concluiu:

— Sabemos que a preferência é do relator, mas aqui não é o negociado sobre o legislado — ironizou, em referência a uma das propostas incluídas na reforma.