Investidores estrangeiros ficam apreensivos após delação; Meirelles atua para acalmar mercado
De fora para dentro
O ministro Henrique Meirelles (Fazenda) notou maior preocupação no mercado externo com a escalada da crise política no Brasil, após a divulgação das delações da Odebrecht. Decidiu usar viagem aos EUA na próxima semana, quando participa de reuniões do FMI e do Banco Mundial, para fazer uma rodada de conversas e tentar convencer os investidores estrangeiros de que o governo Michel Temer tem força suficiente para aprovar as reformas e robustecer o ambiente econômico.
Mantra Apesar do discurso de que não vê chances de paralisia, o Planalto trabalha diariamente para convencer parlamentares de que a tábua de salvação para a política é a economia, e que uma melhora significativa só virá após a aprovação das reformas.
Ressaca Ainda assim, o governo não vê clima para aprovar temas relevantes nas próximas duas semanas e adiou projeções para a votação da reforma da Previdência. Na Câmara, crê, só em junho.
Face to Face Para tentar explicar as mudanças na aposentadoria, o Planalto decidiu colocar Mansueto Almeida, secretário de Acompanhamento Econômico da Fazenda, semanalmente no Facebook para responder a perguntas dos internautas.
Deixa pra lá Líderes da base do governo disseram a Temer que, para amenizar a resistência da sociedade à reforma previdenciária, ele deveria excluir do texto trecho que fala em 49 anos de contribuição para o recebimento da aposentadoria integral.
Só vendo Nas contas de líderes do PMDB, depois das mudanças sugeridas e aprovadas pelo governo, 60 de seus 64 deputados devem votar a favor das novas regras.
Saiu caro Cacá Leão (PP-BA) circulava pela Câmara exibindo cópias de seu inquérito na lista de Fachin e de sua prestação de contas. Acusado de ter recebido R$ 50 mil da Odebrecht, dizia ter como provar que declarou o valor. “O problema é que vou ter que gastar muito mais do que isso com advogados.”
Em Chico… Aliados de Geraldo Alckmin estão de olho em ação que está parada no STF e questiona a necessidade de a Assembleia de Minas autorizar a abertura de processo criminal contra Fernando Pimentel. O resultado, dizem, pode influenciar o futuro do governador paulista.
… e em Francisco A decisão do Supremo nesse caso pode aumentar a pressão sobre governadores que estão na mira da Lava Jato e contavam com o Legislativo estadual como última defesa.
Verão passado Citado como o homem que recebeu R$ 10,3 milhões em caixa dois para Alckmin, o cunhado do governador, Adhemar César Ribeiro, teve a empresa acusada, em 2011, de fraudar documentos imobiliários para pagar menos IPTU.
Dois pesos? Depois que o ministro Edson Fachin determinou a abertura de cinco inquéritos para investigar Aécio Neves (PSDB-MG) na Lava Jato, aliados do senador passaram a dizer que ele recebeu “tratamento diferenciado”.
Argumento Afirmam que, enquanto pedidos de doações de outros políticos em diferentes campanhas foram unificados em um só inquérito, as solicitações feitas por Aécio se transformaram em três investigações diferentes.
Lei de Newton Auxiliares aconselharam o prefeito João Doria (PSDB-SP) a não se movimentar agora. Se a Odebrecht fritar os principais caciques do partido, disseram, outras siglas e a militância tucana se unirão a ele “por força da gravidade”.
Delete O gabinete do vereador Toninho Vespoli (PSOL-SP) pediu ao governo federal informação sobre o Ciência Sem Fronteiras. Junto à resposta, recebeu link de vídeo sobre Adolf Hitler. O Capes, órgão do Ministério da Educação, disse que foi um “erro grave” e “que será apurado”.
TIROTEIO
Por que ninguém da caixa preta judiciária nas listas? A resposta é simples: falta a delação de Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo.
DO PRESIDENTE DO SINDICATO DOS ADVOGADOS DO RIO, ÁLVARO QUINTÃO, sobre a ausência de nomes da Justiça e da OAB estadual nas investigações.
CONTRAPONTO
Tempos que não voltam mais
Delatado na Lava Jato pelo patriarca da maior empreiteira do país, Emílio Odebrecht, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso descreveu, em 16 de abril de 1996, um encontro com o empresário.
O relato consta em sua coletânea de livros, “Diários da Presidência”.
— Almocei aqui com Emílio Odebrecht e a Ruth. Emílio veio trazer sugestões, nada para ele, só a respeito de vários temas de interesse nacional — escreveu FHC no livro.
Em seguida, o tucano faz uma observação:
— É curioso. Tem um nome tão ruim a Odebrecht. E o Emílio tem sido sempre correto, e há tantos anos.