Planalto quer dividir funções de líderes da maioria e do governo para evitar choque com centrão
Marcação cerrada Com a perspectiva de reativar a liderança da maioria na Câmara para aplacar a grita da bancada do PMDB, o Planalto tenta se antecipar ao choque entre a nova função e o posto de líder do governo na Casa, nas mãos de André Moura — representante do centrão. A ideia é que o cargo reavivado se volte mais para um “enfrentamento” em defesa do governo Michel Temer, e que o antigo mantenha prerrogativas da articulação. Líderes acham improvável que a sobreposição não gere mais conflitos.
Vade retro Deputados mais alinhados à presidência da Câmara avaliam que Temer deveria aproveitar o enfraquecimento do centrão na eleição para enterrá-lo de vez.
Lá e cá Apesar dos acenos públicos de paz vindos da cúpula da Câmara, a insatisfação de deputados com o TSE é grande. Dizem que a corte tem “legislado por meio de resoluções” e veem o projeto que limita poderes como necessário para marcar posição.
Em nome de quem A resistência no PMDB à possibilidade de Osmar Serraglio ser indicado para o Ministério da Justiça tem um fator principal: ele desconsiderou a decisão dos deputados e concorreu como candidato avulso a vice-presidente da Câmara.
Sai que é sua No Senado, o Planalto vê a possibilidade de dar um cargo chave a Raimundo Lira (PMDB-PB) na comissão da reforma da Previdência como maneira de compensá-lo por ter perdido a presidência da Comissão de Constituição e Justiça.
Provocação Com as críticas de Lindbergh Farias à indicação de Alexandre de Moraes ao STF, senadores ironizavam sua situação na Lava Jato e diziam que o petista parecia estar “muito seguro”. Procurado, ele reagiu: “Isso, por acaso, é uma ameaça?”.
Morde e assopra Lindbergh acabou apeado da liderança da minoria no Senado para evitar que dois “estridentes” chefiassem a oposição. Como Gleisi Hoffmann virou líder do PT, a sigla preferiu deslocar Humberto Costa, mais moderado, para o posto.
Vai ter, sim Apesar dos apelos do governo para que não haja emendas à proposta de reforma da Previdência, líderes da base de Temer reconhecem que não têm como impedir seus deputados de apresentar as alterações.
Teus sinais Durante recente cerimônia de homenagem a um bombeiro que se aposentava, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), não conseguiu disfarçar o clima azedo com os militares de seu Estado.
Embate Estranhou a jovialidade do homenageado e quis saber sua idade. Ao ouvir 50 anos, começou um enfático discurso em defesa do aumento da idade mínima para a aposentadoria.
Prova de fogo O PMB abrirá um processo para questionar a fidelidade partidária de Denise Abreu, que comanda o departamento paulistano de iluminação pública.
Pode isso? Um candidato a vereador do partido levou à direção estadual o relatório da seção eleitoral de Denise Abreu — que é presidente da sigla na capital paulista –, mostrando que o PMB não recebeu nenhum voto ali.
Lado errado No dia em que Luiz Pezão foi cassado, Flávio Willeman, da Procuradoria do Rio, levou um presente inusitado a uma audiência com Gilmar Mendes: uma camisa do Flamengo. Em tempo: o ministro é santista — e não estava no gabinete.
Tenho dito A defesa de Lula queixa-se de tratamento desigual de Sergio Moro. Enquanto o juiz negou adiar as audiências desta quinta (9), data da missa de sétimo dia de Marisa Letícia, a Justiça em Brasília aceitou postergar outra oitiva por causa do luto.
Preto no branco “Isso é incompatível com os fundamentos da dignidade da pessoa humana”, diz Cristiano Martins, defensor do petista.
TIROTEIO
Um ator como Marun, que protelou por um ano a cassação de Cunha, não tem moral para barrar o debate da reforma da Previdência.
DE IVAN VALENTE (PSOL-SP), sobre Carlos Marun (PMDB-MS) ter dito que não vai permitir a ‘teatralização’ dos trabalhos da comissão que discutirá o tema.
CONTRAPONTO
Ao plebiscito
Durante o almoço oferecido pelo governo brasileiro a Mauricio Macri, no Itamaraty, nesta terça (7), o presidente argentino falava da relação entre o Brasil e seu país.
— Os argentinos creem muito nesse vínculo que existe entre os países. Sentimos que há uma corrente de afeto histórica, que cresce dia a dia.
E, em seguida, soltou:
— Tanto que vamos anexar Santa Catarina à Argentina a qualquer momento — disse, brincando sobre a “invasão” de turistas de seu país ao litoral catarinense.
Na plateia, os convidados, entre eles o governador Raimundo Colombo, caíram na risada.