Apesar de liminar contrária, Câmara defende à Justiça que Maia pode ser candidato à reeleição
A regra não é clara A Câmara alterou seu próprio entendimento e, ao se manifestar formalmente pela primeira vez, defendeu a possibilidade de reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em documento enviado à Justiça na ação que tenta impedir a candidatura do atual presidente, a assessoria técnico-jurídica da Casa sustenta que, não havendo “vedação expressa”, ela está liberada. Apesar de o juiz de primeiro grau ter decidido barrá-lo, a posição tem peso pela perspectiva de que Maia consiga reverter a liminar.
Agora pode O entendimento anterior, que atestava a impossibilidade da reeleição, era de julho de 2016, feito pela equipe de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em resposta a questionamento interno. O atual é assinado pelo chefe da assessoria técnica de Maia.
Como é? A decisão de primeiro grau de determinar que Maia se abstenha da candidatura provocou reações. “Absurdo decidir sobre matéria que é prerrogativa do Parlamento. É mais um exemplo da anarquia que vive o país”, diz Orlando Silva (PC do B-SP).
Paz e amor Tudo bem que o quintal já era dele, mas Jovair Arantes (PTB-GO) — rival de Maia na disputa na Câmara — emplacou mais um aliado na Conab. Jorge Luiz de Andrade da Silva foi nomeado nesta sexta-feira (20) para a Diretoria da Abastecimento.
Em tempo Aliados de Jovair não se cansam de dizer que o Planalto vem fazendo uma série de nomeações a pedido de Rodrigo Maia para beneficiá-lo na disputa.
Desunião O apoio do PC do B a Maia estimulou o PSOL a avançar com a ideia de lançar um candidato próprio. “Isso tira do André Figueiredo [PDT] a base para construir, em torno de seu nome, uma candidatura à presidência do campo progressista”, afirma Chico Alencar (RJ).
Sem clima Os candidatos a presidente da Câmara desaceleraram a agenda depois da morte do ministro Teori Zavascki. Maia cancelou viagens que faria nesta sexta (20). Rogerio Rosso (PSD-DF) disse que só retomaria as atividades na próxima semana.
Mute Jovair manteve o cronograma, mas se restringiu a compromissos privados, “sem pedir voto”, disse um auxiliar. Ele se encontrou com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), e ainda teria agenda com Camilo Santana (PT), do Ceará.
Sai que é sua Michel Temer tem sido aconselhado a não “desperdiçar” a vaga aberta no STF. Aliados do presidente concordam que ele precisa, sim, buscar um nome técnico — mas não pode abrir mão de escolher alguém que lhe seja fiel no futuro.
Percurso Outro grupo sugere Temer tome uma solução “rápida e sem traumas”, escolhendo um ministro do STJ — adotando o mesmo caminho percorrido por Teori.
Rol Segundo esse critério, os nomes de Luis Felipe Salomão, Herman Benjamin, João Otávio de Noronha e Humberto Martins são citados.
Dois ou um Em conversas reservadas, ministros da corte relataram receio com a possibilidade de herdar de Teori Zavascki a relatoria dos processos da Lava Jato. Avaliam como negativa a exposição política que assumir a função fatalmente provocará.
Corpo fechado “Não é qualquer um que conseguiria tomar decisões como anular as escutas de Lula”, diz um interlocutor com trânsito em vários gabinetes do tribunal.
Longa data Dilma Rousseff ficou especialmente abalada com a morte de Carlos Alberto Filgueiras. A petista era bastante próxima do dono do hotel Emiliano e do avião que caiu levando também Teori.
Personal stylist Padrinho de João Doria, Geraldo Alckmin adotou o estilo do correligionário. Deu para aparecer em cerimônias sem gravata, de terno azul e camisa branca — tal qual determina o “uniforme” municipal.
TIROTEIO
Lula foi criticado por fazer palestras pagas após deixar o Planalto. Com Doria, mesmo enquanto é prefeito, não tem problema?
DO VEREADOR ANTONIO DONATO (PT), sobre o Lide, empresa fundada por João Doria, pedir verbas a empresários para bancar palestra do próprio prefeito.
CONTRAPONTO
Solucionado está
Advogados criminalistas conversavam sobre a escolha do novo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, depois da morte do ministro Teori Zavascki.
Discutiam o regimento interno da corte e a possibilidade de a presidente Cármen Lúcia indicar o colega Celso de Mello, o mais antigo integrante do STF.
— Ele seria a melhor escolha política. Mas o regimento teria de ser jogado no lixo — disse um deles.
Outro criminalista, então, emendou, aos risos:
— Dá para acrescentar mais um artigo: “considerando a hipótese de rixa interna, o presidente poderá indicar o ministro sobre o qual não paire desavenças públicas”.