Manifestações mantêm pressão no governo e Congresso mesmo após repúdio de Temer à anistia

Painel

Não passarão Embora Michel Temer tenha abortado a anistia ao caixa dois, o Vem Pra Rua não vai tirar o tema da manifestação do dia 4. “Independentemente da entrevista do presidente, manteremos o protesto contra a forma corrupta de se fazer política no Brasil”, diz Rogerio Chequer. O grupo divulgará manifesto chamando às ruas “os brasileiros que ainda estão indignados”. “Quando governo e políticos agem apenas em interesse próprio, impedem o desenvolvimento do Brasil”, diz o texto.

Sentiu o golpe Quem conhece Temer diz que, pela primeira vez desde que assumiu a Presidência, ele vê seu governo de fato vulnerável.

À la Ney Matogrosso Um influente peemedebista fez o seguinte comentário: “Na política, o governo está derretendo. Na economia, não consegue abrir o paraquedas”.

Suspeito que sim Gustavo Rocha, subsecretário de Assuntos Jurídicos da Presidência, desconfia ser um dos que tiveram conversas gravadas por Marcelo Calero.

O que disse “A competência de decidir eventual recurso seria dele, e como ele manifestou que não gostaria de decidir sugeri que enviasse para a AGU”, afirmou Rocha. “Desconheço se houve alguma interposição de recurso.”

Corujão Varou a madrugada de segunda-feira (28) uma reunião com Michel Temer na casa de Renan Calheiros. Além dos dois, estavam no encontro o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o secretário-executivo Moreira Franco e os senadores Aécio Neves e Eunício Oliveira.

Bola pra frente Foi consenso entre os convivas a avaliação de que o presidente precisa “virar a página Calero” e usar sua imagem para investir em pautas positivas. O encontro começou no domingo, após entrevista de Temer.

Espertinha A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, presidida por Gleisi Hoffmann, incluiu na pauta de terça (29) a indicação de Calero à Autoridade Olímpica — o texto estava parado nos escaninhos há tempos.

Para tudo O Planalto se apressou em mandar mensagem retirando a indicação.

Fica onde está Jorge Picciani, presidente do PMDB no Rio, onde está o registro de Calero, diz não ver motivo para a expulsão: “Ele não feriu o código de ética do partido”.

Kamikaze Apesar da entrevista de Temer, Rodrigo Maia e Renan Calheiros, parte mais radical dos articuladores da anistia ao caixa dois ainda tenta forçar um afrouxamento da punição. A ideia é evitar o termo “anistia” na redação final e dizer que o pleito foi acatado.

apode2911painell

Não usam black tie Temer decidiu ir para a entrevista à imprensa no domingo (27) sem gravata. Maia teve de tirar a dele para não errar de novo no dress code — em jantar formal no Palácio da Alvorada, ele usou camisa pólo e os demais, paletó.

Me segura O senador Eduardo Braga (PMDB) está revoltado com a mais recente controvérsia em seu Estado. “O dinheiro dos amazonenses foi aplicado em uma empresa no Rio, sem explicação nem garantia. Eu não sei por que o Estado fez isso.”

Tecla SAP A Agência de Fomento do Amazonas aplicou R$ 20 milhões em cotas de um fundo de investimentos, o FIP Expert. A operação, considerada suspeita, entrou na mira da fiscalização local.

Melhor correr Importante operadora do mercado vê uma “travessia complicada” para o governo em 2017 e recomenda pressa na reforma da Previdência. “Quanto mais rápido, mais distante fica das eleições presidenciais”, avalia a corretora.

Diz aí O ministro Henrique Neves reverteu uma decisão anterior e determinou que o plenário do TSE defina se o prefeito eleito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), é ou não ficha-suja.


TIROTEIO

Não dá para exigir pacificação no país em que o presidente trabalha para que um ministro compre um apartamento de R$ 2,6 milhões.

DE RAIMUNDO BONFIM, coordenador da Central de Movimentos Populares, indicando reação de movimentos de esquerda ao caso Geddel Vieira Lima.


CONTRAPONTO

Sem perder a ternura

Em março de 1990, durante sua segunda visita ao Brasil, Fidel Castro participou do programa “Roda Viva”, da TV Cultura. A entrevista foi gravada no Palácio do Horto Florestal, do governo paulista, onde estava hospedado.

Ao chegar para a gravação, o presidente da emissora à época, Roberto Muylaert, deparou-se com todas as câmeras no chão e desmontadas.

— Não vamos mais fazer a entrevista. Os seguranças dele desmontaram tudo para ver se não estávamos escondendo armas — relatou, indignado, um funcionário.

— Está louco? Quando teremos outra oportunidade como essa? Monte tudo e vamos à entrevista!