Após prisão de Cunha, Planalto será pressionado a dar status de ministro a Moreira Franco

Painel

Cruz e espada Com a volta de Moreira Franco aos holofotes após a prisão de Eduardo Cunha, o Planalto já se prepara para novo movimento em defesa de que ele ganhe status de ministro e — de quebra — foro privilegiado. Palacianos, no entanto, avaliam que as acusações até aqui não são graves o suficiente para compensar o desgaste de levá-lo formalmente para a cozinha do presidente. A disposição da bancada do PMDB de retaliá-lo, e não aprovar a mudança no status, também pesa na conta.

Na mira Desde que foi cassado, em 12 de setembro, Cunha insinua em quase todas as suas falas que abrirá artilharia contra Moreira. Em suas palavras, dificilmente o secretário continua no cargo.

Tô tranquilão Aliados de Moreira Franco lembram que a vontade de Temer de transformá-lo em ministro é anterior às ameaças de Cunha e que o ex-deputado, até agora, não detalhou as acusações.

Veja bem Procurado, Moreira disse que não está em busca de foro privilegiado e que o cargo de secretário de Investimentos não exige a estrutura de um ministério, o que contribui com o enxugamento da máquina.

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Apressados Deputados que já especulam cenários para 2018 veem em todas as ações do Planalto sinais de que Michel Temer que ficar na cadeira. “Já viu alguém que não quer a reeleição baixar o preço da gasolina?”, questiona um aliado do centrão.

Fila As investigações que levaram à prisão de agentes da Polícia Legislativa do Senado mostram que vários senadores pediram varredura antigrampos em seus gabinetes em 2013, 2014 e 2015.

Cliente preferencial Entre eles está Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, o partido com maior número de implicados na Lava Jato.

Segundo plano A Câmara marcou para segunda-feira (24) a tentativa de concluir a votação do projeto que altera regras do pré-sal, mas governistas dizem que o tema deve ficar mesmo para novembro.

Bê-a-bá Logo depois do segundo turno, líderes evangélicos encabeçados pelo bispo Robson Rodovalho pedirão audiência com Mendonça Filho (Educação) para retomar a discussão do Escola Sem Partido, projeto que restringe opiniões políticas de professores em sala de aula.

Reciclagem Também querem que o governo recolha 20 milhões de cartilhas que pregariam o que chamam de “ideologia de gênero”. Rodovalho defendeu o pleito em reunião com Temer, em julho, ainda durante a interinidade do presidente.

Nem vem A proposta do ex-ministro Tarso Genro de ter o prefeito Fernando Haddad na presidência do PT causou espécie em petistas paulistas. Prometem resistência se a ideia prosperar. “Quem não te conhece que te compre”, ironiza um deles.

Passo a passo Integrante do grupo “Muda PT”, o ex-ministro Pepe Vargas tem defendido o que chama de “cinco metas” para mudar o partido.

Lei de acesso Com ex-tesoureiros petistas presos pela Lava Jato, Vargas propõe que o PT baixe “um mecanismo de controle interno” sobre as finanças da sigla — “que dê transparência e democratize decisões sobre a aplicação dos recursos arrecadados”.

Sem recreio Presidente da CPI da Merenda na Assembleia paulista, o tucano Marcos Zerbini afirma em vídeo divulgado em suas redes sociais que “está comprovado” que Marcel Ferreira Julio, lobista do esquema, cometeu o crime de tráfico de influência.

Fogo amigo Zerbini diz ainda que funcionários da Secretaria de Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB) praticaram, “sem dúvida nenhuma, pelo menos erros de procedimento, que precisam ser investigados a fundo para ver se houve má-fé e benefício pessoal”.


TIROTEIO

É natural e legítimo que alguém se defenda de críticas. Mas não é natural nem legítimo que se recrimine a liberdade de fazê-las.

DE JOSÉ EDUARDO CARDOZO, ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União na gestão Dilma, sobre reação de Sergio Moro a críticas recebidas.


CONTRAPONTO

Meu malvado favorito

Logo depois da prisão de Eduardo Cunha, na quarta-feira (19), a página pessoal do ex-presidente da Câmara no Facebook recebeu uma enxurrada de comentários.

As mensagens se dividiram entre comemorações e lamentações com a ação da Polícia Federal.

Parte dos admiradores do ex-deputado recorreu a palavras religiosas para enviar “forças” a Cunha. Outros foram mais pragmáticos:

— Meu malvado favorito, muito obrigado. Sem sua figura o impeachment seria apenas um sonho. Espero que o senhor faça uma delação premiada e leve mais um grupo de políticos para apodrecer na cadeia!