Às vésperas do primeiro turno, Doria faz ofensiva sobre voto evangélico

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Em nome da fé Na reta final da campanha em São Paulo, João Doria (PSDB) deflagrou ofensiva para conquistar o voto evangélico, segmento religioso em que menos pontua no Datafolha — 21% ante 34% entre católicos. Ele já foi recebido pelas duas maiores correntes da Assembleia de Deus e pela Renascer. Na quinta, o tucano, que se declara católico, ajoelhou-se diante de 5.000 pessoas para a bênção do pastor José Wellington, que preside o Ministério do Belém e comanda 1 milhão de fiéis só na capital.

Discípulo Foi o próprio empresário quem pediu para receber a oração ajoelhado.

Lado B A deputada estadual Marta Costa, do PSD, filha do pastor, também declarou apoio ao tucano. Disse que já havia avisado a Gilberto Kassab, presidente de seu partido, que “não iria votar na Marta de jeito nenhum”.

Repeteco A articulação com as igrejas é comandada por Geraldo Malta, que coordena o grupo de trabalho evangélico da campanha de Doria — ele desempenhou a mesma função em campanhas de Geraldo Alckmin e José Serra.

Tem mais A maratona continua. No sábado, véspera da votação, Doria visitará sedes da Assembleia de Deus na periferia. A campanha também já procurou José Olímpio (DEM-SP) para articular um ato de apoio da Igreja Mundial no segundo turno.

Pelas beiradas Para reconquistar votos na periferia, a campanha de Fernando Haddad (PT) aposta nos vereadores do partido que tentam a reeleição. A expectativa é que o voto casado entre os candidatos à Câmara e à prefeitura lhe dê gás na reta final.

Tudo junto Integrantes do Levante Popular da Juventude, um dos grupos que estão na linha de frente dos protestos contra o governo Michel Temer, decidiram aderir à campanha de Haddad.

Prova O PT encara a disputa em São Paulo como teste para o discurso pós-impeachment. Se Haddad chegar à frente de Marta, veem chance de manter o tom até 2018.

Última hora Levantamentos telefônicos — os chamados trackings — realizados nesta quinta (29) por duas duas campanhas à Prefeitura de SP capturaram leve crescimento de Haddad, recuo de Marta e Russomanno e avanço mais acentuado de Doria.

Mordeu a isca Marta abriu sua participação no debate da TV Globo, na noite desta quinta, atirando em Fernando Haddad. “Sinal de que estamos crescendo”, comentou, da plateia, o deputado Orlando Silva (PC do B-SP), aliado do prefeito.

Pra já O PT quer que o Senado aproveite o que chama de “fragilização da Lava Jato” após as operações contra Lula e Guido Mantega para desengavetar o projeto sobre abuso de autoridade e votá-lo logo após as eleições. Renan Calheiros sondou líderes, mas ainda resiste à ideia.

Ideia fixa A pauta pensada para o retorno inclui a securitização da dívida dos Estados e a reforma política.

Jogando pra dentro Eliseu Padilha dedicou a manhã a explicar para os próprios funcionários da Casa Civil as reformas em curso no governo. Queria “afastar a boataria” sobre redução de direitos.

Que fase Antonio Palocci pode ter “dado sorte”. Advogados dizem que, por ter sido preso em regime temporário (de cinco dias), ele teria de ser solto em breve, já que a lei eleitoral veda prisões fora de flagrante no período.

Isso ou isso “Nem prorrogação da atual prisão nem prisão preventiva. Terá de ser solto”, sustenta o criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

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‌Aquilo Há interpretações diferentes, no entanto. Se houver um pedido de prorrogação da prisão temporária, Sergio Moro poderia autorizá-lo, sob a ótica de que o ex-ministro já está preso.

Visita à Folha José Roberto Loureiro, presidente da Laureate Brasil, visitou a Folha nesta quinta (29). Estava acompanhado de Rosa Moraes, diretora de comunicação e RP, e Paloma Jacobina, assessora.


TIROTEIO

Enquanto nossos adversários partiram para o ataque baixo, Russomanno fez uma campanha para partir para a vitória.

DO DEPUTADO MARCELO SQUASSONI (PRB-SP), coordenador da campanha de Celso Russomanno, sobre ataques de Marta Suplicy (PMDB) na reta final.


CONTRAPONTO

Negociado sobre legislado

Unidas contra a reforma trabalhista, centrais sindicais promoveram nesta quinta protestos pelo país. Para superar as divergências, vez ou outra os grupos combinam de abrir mão de algumas bandeiras.

Dirigente da Força Sindical, alinhada ao Planalto, Miguel Torres emprestou um dos motes das mudanças propostas pelo governo para pedir que os colegas da Conlutas fechassem uma faixa que pedia “Fora, Temer”.

— Zé Maria, eu sei que o legislado diz que a gente pode se manifestar sobre tudo o que quiser, mas vamos adotar o negociado? Você pode tirar a faixa? — pediu, provocando risos nos colegas de protesto.