Na Câmara, PSDB é mais fiel ao governo Temer que o próprio PMDB

Painel

Mais realista que o rei Autoproclamado fiador do ajuste fiscal, o PSDB tem dado mostras para o Planalto de que é essencial para a aprovação de seus projetos na Câmara. Os números que Michel Temer carrega debaixo do braço — e que balizam a relação do governo com o Congresso — mostram que desde maio os tucanos são, entre os grandes partidos, a sigla mais fiel a Temer nas votações em plenário. A cada 100 votos, a bancada tucana entrega 72 ao Planalto — mais até que o PMDB, que dá 69 a cada 100.

Às armas O governo já se prepara para uma batalha na tramitação da medida provisória que altera o ensino médio. O deputado Alex Canziani (PTB-PR) e o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) são os prediletos para relatar o texto e presidir a comissão.

Vai encarar? O MEC se irritou com a disposição do PT de ir à Justiça contra a criação de dois escritórios da pasta. Dirigentes dizem que as sedes não terão custo — e lembram que os escaninhos do ministério ainda guardam muitas lembranças da gestão petista.

No pescoço Parte do mercado financeiro ficou alarmada com a notícia da prisão de Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda e, no passado, interlocutor do setor. Cresce a angústia de não ver uma linha de chegada para a Lava Jato.

Corrida livre Cristiane Brasil (PTB-RJ) entregou nesta quinta (22) seu relatório sobre um projeto de regulamentação do lobby que tramitava desde 2007. O texto chega dois dias após Romero Jucá apresentar proposta sobre o mesmo tema no Senado.

Sinal de pressa Líderes queriam que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criasse uma comissão especial para apressar o tema se o texto da petebista não tivesse sido apresentado logo.

image1

Ufa! A equipe de Temer se assustou quando, em uma das vezes em que o presidente caminhou em Nova York, um motorista abriu a janela e mirou o peemedebista. “Arruma logo o país para eu poder voltar para lá”, disse o brasileiro, para alívio dos assessores.

Dois pesos A coordenação da campanha de João Doria, candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, ainda avalia se usará os caciques tucanos nos programas de TV.

Veja bem Embora FHC, Aécio Neves e José Aníbal estejam gravando suas participações, a campanha tem de aproveitar o tempo de exposição para “falar dos problemas da cidade, e não “dar palanque a líderes políticos”, defende um dirigente tucano.

Cronômetro Termina nesta sexta-feira (23) o prazo dado pelo Ministério Público Eleitoral a Doria para que ele preste esclarecimentos sobre o suposto abuso de poder político e econômico na disputa pela capital paulista.

Juízo final As explicações de Doria serão a última etapa da apuração preliminar instaurada em abril. A tendência é que, logo depois, o promotor José Carlos Bonilha ajuíze a ação contra o tucano.

Cálculo eleitoral Estagnado nas pesquisas eleitorais, o prefeito Fernando Haddad (PT) almoçou com Lula na terça (20) e convidou o ex-presidente a participar de seu programa de TV.

Ponta do lápis Lula ficou de pensar em um possível discurso para o pouco tempo de televisão antes de dar uma resposta a Haddad, o que só deve acontecer depois que voltar do giro pelo Nordeste.

Rebeldes Alguns setores do PT prometem se rebelar, na reunião do dia 7 de outubro, em relação à antecipação das eleições da direção do partido — o que defende o atual presidente, Rui Falcão.

Contra-ataque Está programada para esta sexta (23) uma reunião de Rui Falcão com os principais dirigentes petistas da Frente Brasil Popular. Além da consolidação do grupo, também será discutida sua atuação nas mobilizações em defesa de Lula.


TIROTEIO

As prisões são à jato para um campo político, mas com muita morosidade para indiciados de outros partidos.

DE JANDIRA FEGHALI (PC do B-RJ), líder da minoria na Câmara, sobre a prisão do ex-ministro Guido Mantega, autorizada e depois revogada por Sergio Moro.


CONTRAPONTO

Mal-agradecidos!

No depoimento prestado à força-tarefa da Lava Jato, Eike Batista dizia aos procuradores não ter recebido nenhum feedback sobre os R$ 5 milhões que teria repassado ao PT por solicitação do ex-ministro Guido Mantega.

— Na verdade, as pessoas tinham vergonha de pedir dinheiro porque quem estava trazendo riqueza para o Brasil era eu, né? — afirmou o empresário.

— Não houve nenhuma sinalização de que eles haviam recebido o dinheiro? — insistiu o procurador.

— Não. Olha, o único que agradeceu foi o que não conheço, o Cristovam Buarque. Esse é educado. O resto a gente mandava para os comitês dos partidos e nada…

* A assessoria de Cristovam Buarque informa que o senador recebeu doação do empresário R$ 100 mil e que a doação foi declarada ao TSE.