Por protagonismo político, antiga oposição articula encontro com Meirelles sobre PEC do teto de gastos
Vinde a mim Como parte da estratégia de reafirmar a antiga oposição como peça fundamental da governabilidade de Michel Temer, Rodrigo Maia oferecerá a deputados um encontro com Henrique Meirelles (Fazenda) para tratar da PEC que limita gastos públicos. O encontro desta semana já é o segundo costurado pelo grupo. Expõe uma tentativa de deslocar o núcleo da articulação para longe do centrão e conferir protagonismo aos partidos que deram o pontapé inicial no processo de impeachment.
Nem vem Relator da PEC, Darcísio Perondi quer rejeitar todos os pedidos para excluir do teto a remuneração de servidores. “Se não for assim, em quatro anos não há dinheiro para pagar ninguém”, diz.
Muita calma Apesar das dúvidas do mercado, a equipe econômica diz que o ajuste avançará rápido. O alto escalão da Fazenda lembra que as propostas em curso envolvem alterações constitucionais — e não meros arremedos regulatórios, como no passado.
Simples assim Para integrantes da equipe econômica, as dúvidas sobre a política fiscal não têm razão de ser. “Ajustes fracassaram no passado porque não mexeram na Constituição”, diz um deles.
Assim não dá Um importante executivo de um banco privado afirma: as concessões de Temer terão muita dificuldade de sair do papel se a Selic não baixar. “Como financiar infraestrutura com juros de 14,25%?”, questiona.
Fica a dica Em tempo: o Banco Central já sinalizou que, caso o ajuste fiscal não seja feito, não terá como reduzir a taxa básica de juros.
Elétrico Michel Temer está sendo chamado por palacianos de “coelhinho da Duracell”: ao retornar da China depois de 30 horas de viagem, foi direto para o trabalho.
Devolva-me O Ministério da Cultura bateu o martelo: até dezembro devolverá todos os imóveis que aluga em Brasília e realocará os servidores em seu prédio da Esplanada. A economia com a ação é de R$ 15 milhões por ano.
Tapas e beijos As cartas e mensagens que Eduardo Cunha enviou a deputados para evitar a cassação têm de afagos a lembranças indigestas. Carlos Marun, por exemplo, leu que o ex-presidente será “eternamente grato” pela defesa que fez na Câmara.
Bons amigos Já Osmar Serraglio foi lembrado de sua eleição para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça no início do ano, o que não teria acontecido sem o empenho de Cunha.
Sinais Pouco depois de assumir o comando da Advocacia-Geral da União, o hoje ex-ministro Fábio Medina Osório tentou tirar a sucessora Grace Mendonça da secretaria-geral de Contencioso. Desistiu ao ser avisado sobre seu bom trânsito no Supremo.
Entre nós Mendonça também tem algo caro ao governo que faltava no antecessor: uma boa relação com a equipe jurídica do Planalto.
Sem flash O governo tem recebido, e recusado, pedidos para que Temer pose para fotos em santinhos de aliados. A equipe do presidente prefere que, se quiser aparecer, ele só o faça no segundo turno.
Deu ruim Antes do empate técnico entre Marta Suplicy e João Doria, peemedebistas diziam que era “até bom” que o tucano crescesse para dividir votos de Celso Russomanno (PRB) — só não esperavam que acontecesse tão rápido.
Outros carnavais Tratado como “guru” do marketing digital na campanha presidencial de José Serra em 2010, o indiano Ravi Singh foi condenado na semana passada nos EUA, acusado de facilitar doações ilegais no país.
Do zero Movimentos sociais de esquerda se reúnem com a cúpula do PT no fim do mês para discutir a retomada de uma campanha pela Constituinte para debater o sistema político.
TIROTEIO
Se acontecer o absurdo de nada acontecer, que se institua o 12 de setembro como Dia Nacional da Impunidade Parlamentar.
DO DEPUTADO CHICO ALENCAR (PSOL-RJ), sobre decisão que a Câmara deve tomar nesta segunda-feira de cassar ou não o mandato de Eduardo Cunha.
CONTRAPONTO
Jogando fora de casa
Nas sessões finais do julgamento do impeachment no Senado, o ex-ministro José Eduardo Cardozo, que defendia Dilma Rousseff, encontrou o tucano Aécio Neves no cafezinho ao lado do plenário. Percebendo que o petista estava mancando, o senador provocou, bem-humorado:
— O que aconteceu com o pé? Não foi nenhum tucano que bicou não, né? — perguntou.
— Tucano não foi, mas aconteceu em Minas Gerais!
O advogado, então, contou que estava andando quando levantaram uma corrente à sua frente, e ele tropeçou.
— Aí tive de perguntar: ‘Você votou no Aécio, não foi?’ — brincou Cardozo, arrancando risadas.