Com dinheiro mais curto, novo Fies restringirá vagas a setores estratégicos

Painel

Fies 2.0 Em gestação no governo, a reforma do Fies deve envolver uma mudança ampla nos critérios de seleção dos estudantes que terão direito ao crédito para cursar a faculdade. A ideia, em análise no MEC, é que a União subsidie a formação de profissionais considerados “em falta” no mercado ou de setores “estratégicos”. A reciclagem de professores também deve ter prioridade. Haverá restrição ainda maior dos gastos da União com os financiamentos, o que, na prática, desidratará o programa.

Monstrengo A avaliação é que o Fies cresceu de forma descontrolada — custará R$ 19 bilhões em 2016 — e virou um “Frankenstein”. As mudanças começarão a ser divulgadas após o impeachment.

Hora do pesadelo Um aliado de Eduardo Cunha compara o momento político a uma série de TV. “Houve a primeira temporada: a queda da Dilma. A segunda: a queda de Cunha. A terceira começa agora e será muito divertida.”

Troco por voto Mal deixou a presidência da Câmara e Waldir Maranhão já começa a perder seus “bens” no governo. O Planalto deu o comando da Codevasf, até aqui ocupado por um afilhado do deputado, ao senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE).

Pra você Líder da bancada de sete senadores, Valadares indicou ao posto Kenia Marcelino, que já atua no órgão.

‌Sai zica Apesar de despachar no gabinete presidencial, Temer evita até hoje se sentar na cadeira usada por Dilma. Prefere uma mesa redonda da sala. Ao receber convidados, também deixa vazio o canto favorito da petista na poltrona de couro.

Herança bendita Quando saiu da carceragem da Polícia Federal, há cerca de três semanas, para a prisão domiciliar, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró deixou para trás uma televisão.

É meu! Os agentes tentaram retirar o equipamento, mas o lobista Zwi Skornicki rodou a baiana. Disse, bravo, que o aparelho era um presente de seu ex-companheiro de cela.

Nas alturas De temperamento explosivo, Geddel Vieira Lima sentiu a pressão esta semana — a arterial, não a dos deputados. O ministro da Secretaria de Governo passou mal após a eleição da Câmara. Terá de fazer exercício para evitar novos picos.

Sei o que quero Dilma Rousseff usou três discursos diferentes desde que foi afastada. Primeiro, prometeu uma guinada à esquerda na economia. Depois, novas eleições. Agora, faz acenos ao chefe da Fazenda de Temer, Henrique Meireles.

Não dá ideia Um ex-ministro alfineta a abundância de estratégias: “Logo alguém vai sugerir que ela mantenha o José Serra caso volte”.

Ó dúvida Dilma ainda não respondeu ao convite para a abertura da Olimpíada. Segundo auxiliares, as condições de sua participação no evento ainda não foram explicadas pelos organizadores.

Vaso chinês O comitê separou um camarote exclusivo para a petista, que não é nem presidente em exercício nem ex-presidente. Ela terá direito a convidar de dez a quinze pessoas. FHC, Sarney e Collor ficarão em outro local.

Lupa Uma análise da ação de Rodrigo Maia (DEM) pelo Inteligov — ferramenta de acompanhamento parlamentar criada por Alberto Almeida e Raphael Caldas — mostra que o novo presidente da Câmara tem perfil mais “fiscalizador” do que “propositivo”.

DNA de oposição Ele é autor de mais pedidos de informação do que de projetos de lei. Segundo o levantamento, Maia e Eduardo Cunha divergiram em 51% das votações na Casa.

Fiel Em 90% delas, Maia seguiu a orientação do DEM. Dos deputados com votos mais parecidos aos dele, 95% são da própria sigla. Dos mais diferentes, 100% são do PT.


TIROTEIO

O Estado policialesco chegou a ponto de um juiz criminal criticar o Executivo, o Legislativo e, de maneira comedida, o próprio STF.

DO CRIMINALISTA ANTONIO CARLOS DE ALMEIDA, o Kakay, advogado de alvos da Lava Jato, sobre as declarações do juiz Sergio Moro em Washington (EUA).


CONTRAPONTO

Pistolão

Em Istambul na sexta (15), a deputada Professora Dorinha Rezende (DEM-TO) ficou presa em seu hotel depois que os militares tomaram o poder. Ela estava prestes a retornar ao Brasil com outros quatro deputados que participavam de uma missão oficial à Turquia.
Pelo grupo de WhatsApp da bancada do DEM, colegas pediam notícias. Um deles perguntou se a deputada estava precisando de algo, ao que Dorinha respondeu:

— Só pressão no Itamaraty!

Minutos depois, o novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avisou no grupo:

— Serra informado.