Governo prepara plano para blindar base na Câmara de efeitos da cassação de Eduardo Cunha

Painel

Pintado para a guerra O governo já se prepara para lidar com a cassação de Eduardo Cunha. A ideia é “blindar” a base e os atuais e antigos aliados do peemedebista da turbulência que sua saída deve provocar, atraindo o centrão para a área de influência do Planalto. Para isso, precisará lançar mão de instrumentos tradicionais: muitos cargos e recursos para obras paroquiais. Michel Temer terá de viabilizar uma candidatura única à sucessão de Cunha, unindo o grupo à antiga oposição, liderada por PSDB e DEM.

Pior que o 7 x 1 O Ministério Público Federal aposta que Cunha se tornará réu em mais uma ação no Supremo nesta quarta-feira: “É um pênalti batido em uma ladeira e com o goleiro amarrado”, ilustra um procurador.

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Será, Dulcineia? De um importante ministro sobre Cunha cobrar apoio do Planalto para se livrar da cassação: “Ele procura um Dom Quixote para defendê-lo. Não terá.”

Ar de normalidade Temer reúne Henrique Meirelles e Renan Calheiros no início da semana para discutir a Agenda Brasil, conjunto de propostas lançado pelo presidente do Senado em 2015 que o interino pediu para reativar.

Recordar é viver Para Temer, a retomada pode ser um aceno ao Senado e uma maneira de mostrar que o país não está parado. Dilma Rousseff tentou o mesmo expediente, sem sucesso.

União faz a força O encontro entre os peemedebistas na semana passada gerou bons frutos. Nas palavras de um auxiliar do vice, eles perceberam que têm “um inimigo em comum”. Trata-se de Sérgio Machado, não da Lava Jato, garantem.

Meu arrimo Com a imagem danificada pela queda de três titulares da Esplanada em cinco semanas, o governo Temer fica cada vez mais dependente de seu ministro da Fazenda, Henrique Meireles.

Só ele salva O interino sabe que precisa de uma equipe econômica forte e blindada para que consiga sobreviver no relento da Lava Jato.

Um é pouco Estrangeiros usam a dupla porta de negociações com o Brasil no comércio exterior — Itamaraty e Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços — para tentar tirar vantagem.

Dois é demais Em negociação com argentinos, o Desenvolvimento tentava ampliar a exportação de automóveis, mas a pasta foi informada que a chancelaria havia sinalizado que esse pleito não era importante.

Era blefe O ministério, então, foi bater à porta do Itamaraty, que disse não ter tratado do assunto na reunião com o país vizinho.

Meio cheio A esperança de que as revelações de Sérgio Machado desgastem ainda mais o governo interino de Michel Temer fez cair o nível de engajamento da presidente afastada, Dilma Rousseff, em relação à proposta das “Diretas Já”.

Estranho no ninho Após o deputado Paulinho da Força (SD-SP) atrair o apoio das maiores centrais sindicais à nota de repúdio às declarações de Eliseu Padilha sobre a terceirização, sindicalistas avaliam que a CUT está mais isolada do que nunca.

No gogó “Com o grito de que tudo é golpe, a CUT vive em assembleia permanente”, ironiza um sindicalista.

Projeto He-Man Nas projeções do PSDB paulista, o partido, que hoje administra pouco mais de 170 cidades no Estado, sairá da eleição municipal deste ano com o comando de pelo menos 220 dos 645 municípios de São Paulo.

Plin-plin Com o plano de aumentar sua bancada na Câmara paulistana, o PMDB apostará nas celebridades nas eleições municipais de outubro. O ex-BBB Dicesar Ferreira, que participou da edição de 2010 do reality da TV Globo, é uma dos cotados.


TIROTEIO

O governo é o Titanic. Festejado na saída, não desviou do iceberg. Passageiros se atiram ao mar e Temer toca violino como se nada fosse.

DO EX-MINISTRO JOSÉ EDUARDO CARDOZO, advogado de Dilma, sobre os infortúnios do presidente interino gerados pela Lava Jato.


CONTRAPONTO

Vovô cara de pau

Renzo, 9, reclamava quando via na TV o rival do avô criticar os Calheiros na campanha pelo Senado de 2014:
— Ele está falando mal da nossa família, vovô! — queixava-se a Renan, sobre o candidato Biu de Lira, que concorria a uma vaga no Senado pelo PP de Alagoas.
No período eleitoral, o garoto era até incentivado dentro de casa — inclusive pelo avô. Por isso, não entendeu nada quando viu o ex-adversário chegando a uma festa oferecida por Renan aos 81 senadores após a eleição.
— Vovô, você convidou ele? Que cara de pau!
Constrangido, Renan sorriu para o neto:
— Deixe, Renzo, política é assim mesmo…