Derrota de Cunha no Conselho de Ética não deve atrapalhar, por ora, agenda de Temer no Congresso

Painel

Próximos capítulos A derrota de Eduardo Cunha não deve impor, por ora, grandes riscos à pauta legislativa do Planalto. Projetos vitais, como a revisão da meta fiscal, já foram aprovados. Já a proposta que limita o gasto público, espécie de nova Lei de Responsabilidade Fiscal de Temer, demorará um tanto até que esteja pronta para o plenário — a agenda que definirá o sucesso ou o fracasso do governo ainda está longe do raio de contaminação na Câmara, dizem ministros. Resta saber por quanto tempo.

Calma  O impacto do revés de Cunha deve ter efeito retardado e seu potencial de destruição dependerá do grau de comprometimento do Planalto para salvá-lo da cassação no plenário da Câmara.

Bomba-relógio Para parte do PMDB, Cunha sabe muito e não cairia sozinho. Já outra parte acha que é tudo blefe alimentado por aliados do congressista. “Pode ser o começo de uma grande confusão, sim”, teme um cacique.

Jogo da vida O cerco ao presidente afastado da Câmara o empurra várias casas em direção a uma delação premiada. Mas Cunha sustenta não ter cometido crime e, por isso, não há nada a delatar.

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‌Sonho de delação De um importante investigador da Lava Jato: “Meu desejo era ter um Marcelo Odebrecht numa sala e um Eduardo Cunha na outra. Seria o melhor fim do mundo do mundo”.

Estica Representantes do mercado financeiro avisaram ao Palácio do Planalto que o teto para o crescimento dos gastos públicos deveria valer por, ao menos, dez anos para ajudar a resgatar a confiança de investidores no Brasil.

Ele não Danielle Fonteles, dona da agência de comunicação Pepper, não envolveu Giles Azevedo, fiel escudeiro de Dilma Rousseff, em sua delação premiada.

Acidental Segundo investigadores, a empresária apenas cita Giles como um de seus amigos, sem transformá-lo em foco. A colaboração de Danielle Fonteles ainda não foi homologada.

Só sei que foi assim O ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP-MT), admite ter comandado “um enfrentamento político com determinação cirúrgica” para barrar Marcos Pereira, presidente do PRB, para o comando da pasta no governo interino.

Lavoura arcaica “Corremos a Temer e falamos: Não dá, presidente. É impossível. Nada contra bispo da igreja evangélica, mas bispo planta orações, e nós plantamos outras coisas”, disse Blairo Maggi.

Que brinde A declaração foi dada nesta segunda (13), em jantar de homenagem ao ministro promovido pela Sociedade Rural Brasileira, em São Paulo.

Interligado Os atentados nos Estados Unidos e na França fizeram a Polícia Federal elevar o grau de alerta contra ameaças durante a Olimpíada no Rio.

Dança de cadeiras O chanceler José Serra nomeará Mauro Vieira, seu antecessor na pasta, embaixador do Brasil junto às Nações Unidas. Antonio Patriota, que hoje ocupa o posto, assumirá a embaixada brasileira em Roma.

RSVP O Ministério Público de SP recebeu uma denúncia de que uma empresa promoveu jantar de apoio a João Doria, pré-candidato tucano à prefeitura da capital, o que é vetado pela nova lei eleitoral.

Nada demais A promotoria instaurou procedimento para investigar o caso. O PSDB nega motivação eleitoral no jantar e aponta “perseguição política”.

Raio-X A consultoria Herkenhoff & Prates fará um censo em mais de 5.000 procuradorias municipais. A ideia é mostrar quantos titulares são concursados.

Sem padrinho O diagnóstico sustentará pleito da Associação Nacional dos Procuradores Municipais para acabar com as indicações políticas para o cargo.

 

 


TIROTEIO

Se rejeitasse nossa representação, o Conselho de Ética seria o único órgão no mundo a crer que Eduardo Cunha não tem conta no exterior.

DE ALESSANDRO MOLON (REDE-RJ), sobre a aprovação do parecer pela cassação do peemedebista por ter dito à CPI da Petrobras que não tem conta fora do país.


CONTRAPONTO

Herança maldita

Um grupo de congressistas proseava na semana passada na entrada do Palácio da Alvorada após um encontro com Dilma Rousseff quando passou cabisbaixo um labrador. Ao avistar Nego, cachorro dado de presente à petista pelo então ministro da Casa Civil José Dirceu, um dos presentes resolveu culpar o animal pelos infortúnios do governo afastado.
— Eu já falei para a presidente que esse cão dá azar. Foi do Zé Dirceu. Olha só no que deu.
Em seguida, ele próprio arrematou:
— O melhor a fazer agora é deixá-lo para o Temer como último ato de sabotagem.