Por moratória, Estados terão de congelar salários e novos concursos públicos

Painel

Meu lado FMI Em reunião com senadores da base, Romero Jucá (Planejamento) antecipou aos aliados que a equipe econômica exigirá contrapartidas dos Estados em troca da moratória de suas dívidas, mantendo as linhas gerais da proposta feita lá atrás pelo governo Dilma. O ministro afirmou no encontro que os governadores terão de se comprometer a não aumentar o salário de seus servidores; reajustar as alíquotas de contribuição previdenciária estadual e não promover concursos públicos.

Vai tu mesmo Líder do governo, André Moura (PSC-SE) bateu à porta de Waldir Maranhão (PP-MA) nesta sexta para insistir em sua renúncia ou licença — ambas refutadas. O interino topa se ausentar das sessões, desde que presida a reunião de líderes.

Sentei na cadeira O Planalto entrou em pânico com a notícia de que Maranhão havia exonerado a chefe de gabinete de Eduardo Cunha na presidência, Helena Freitas. Pressionado, ele recuou e manteve a funcionária.

Sonho meu O cronograma ideal do Planalto é aprovar as medias provisórias que trancam a pauta na segunda-feira, a revisão da meta fiscal na terça e a desvinculação das receitas na quarta.

Pesadelo Mas, com a instabilidade à vista na Câmara, receia um auxiliar de Temer, o governo está com um pé atrás em despachar novas medidas econômicas ao Legislativo.

Muita calma O reajuste no Bolsa Família anunciado por Dilma Rousseff vai mesmo ser mantido por Temer, mas deve ficar para julho — e não mais para junho.

Sem saudades Um importante senador petista fez as contas: em seis anos de Dilma, teve só 14% das emendas pagas. E viu seu principal indicado no governo demitido para contemplar um deputado do baixo clero, que acabou votando pelo impeachment.

Passar bem A bancada até vai trabalhar para reverter e atrasar a condenação de Dilma, mas o fará por “dever de ofício”. A vontade é que o processo se encerre logo para enfatizar a narrativa de golpe, e o partido ter alguma chance de sucesso em 2016 e 2018.

Não aceito não Pedro Parente, novo presidente da Petrobras, quer conversar no fim de semana com Ivan Monteiro, diretor financeiro. Insistirá para que fique no posto.

Cuma? Um integrante do conselho curador do FGTS quer propor que o FI-FGTS, fundo que investe em infraestrutura com recursos do trabalhador, compre o controle de companhias deficitárias. Boa parte delas tem como sócias empresas da Lava Jato.

Muita calma A ideia é que, isolando as empreiteiras, pode ser mais fácil para o fundo recuperar as companhias e vendê-las depois a algum outro investidor. Quem ouviu recomendou cautela ao conselheiro.

Modernoso O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, montou um grupo de WhatsApp com os secretários de segurança do país. Pelo aplicativo, já marcou a primeira reunião, que ocorrerá na semana que vem.

Meus filhotes José Serra conseguiu adiantar a tramitação de dois projetos de sua autoria no Congresso: o que aumenta a transparência do registro de remédios e o que eleva em R$ 3 bilhões o investimento anual em saneamento em Estados e municípios.

Fora! Circulou em Brasília a notícia de que o deputado Sandes Junior (PP-GO) fora despejado do apartamento funcional que ocupa desde 2003. O prazo para sair do imóvel venceu. A Câmara deu mais um mês, mas Sandes pediu outros dez dias.

sandes

Invejosos! “Estão de olho no meu apê”, reclamou Junior, que aguarda para retomar o mandato, interrompido porque um secretário de Marconi Perillo (PSDB-GO), de quem é suplente, voltou para votar pelo impeachment.


TIROTEIO

O governo Temer nasceu de um “Big Bang”, não de uma eleição. Com o tempo, todos alinharão discurso e regras de convivência.

DE DEPUTADO MARCUS PESTANA (PSDB-MG), sobre a sucessão de desacertos de ministros com o Planalto, mas otimista com o futuro do governo interino.


CONTRAPONTO

Salvem o pato

Durante uma reunião de governadores da região Nordeste na quinta-feira, representantes de diversos Estados falavam da crise econômica e do impacto da desaceleração sobre o caixa público.
Em meio ao debate sobre a recriação da CPMF, conhecido como “imposto do cheque”, o governador do Maranhão, Flávio Dino, afirmou que considerava difícil propor o retorno do polêmico tributo. E defendeu, em seu lugar, a criação do imposto sobre grandes fortunas.
— Além de tudo, a CPMF é crime ambiental. Vai matar o pato amarelo da Fiesp! — afirmou, em referência ao símbolo da federação contra o aumento de impostos.