Resistência à CPMF faz Meirelles apostar em aumento da Cide como ‘plano B’
Sai CPMF, entra Cide Ainda sem saber ao certo o tamanho do buraco nas contas públicas, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) já trabalha com um plano B caso seja inevitável uma fonte extra de arrecadação. Em vez da controvertida CPMF, já criticada no passado pelo presidente interino Michel Temer, haveria um aumento da alíquota da Cide, contribuição sobre os combustíveis. A medida é mais palatável entre parlamentares e vista pelo próprio Temer como um “remédio menos amargo”.
Cobertor curto A incerteza sobre as contas surpreendeu o ministro do Planejamento, Romero Jucá, que assumiu a pasta achando que teria aproximadamente R$ 20 bilhões advindos da repatriação de recursos no exterior. Achou somente R$ 4 bilhões.
Gato escaldado O futuro presidente do Banco Central receberá a missão de reforçar a diretoria de fiscalização. A ideia é apertar o cerco sobre os bancos estatais, como BB e Caixa, para evitar práticas como as pedaladas, que derrubaram Dilma Rousseff.
Coisa nova Meirelles fala em criar duas novas secretarias, uma para cuidar da reforma da previdência e outra para tocar políticas fiscais de longo prazo. Marcos Mendes e Mansueto Almeida, cotados para outros cargos na Fazenda, estão no páreo.
Quero falar Delcídio do Amaral vai fazer ajustes na delação premiada. A decisão de complementar a peça foi tomada antes da cassação de seu mandato pelo Senado.
Campo minado A disputa pelas lideranças do governo na Câmara e no Senado pode render sequelas graves ao Planalto. Fora do ministério, a tropa de choque do impeachment não aceitará ser preterida mais uma vez.
Prazo Aliados receberam sinais da equipe de Temer de que o fim da autonomia de algumas áreas, como o Desenvolvimento Agrário, poderia ser revisto após o julgamento definitivo do impeachment.
Truco A insatisfação com a configuração final fez com que Paulinho da Força cobrasse de Temer nesta segunda a antecipação do acordo.
Vamos conversar Bruno Araújo, novo ministro das Cidades, decidiu suspender empenhos de cerca de R$ 300 milhões realizados nos últimos dias. Os gastos devem passar por reavaliação interna.
Voltei para ficar O nome de Gustavo do Vale circulava nesta segunda como um dos favoritos para pilotar o BB, onde já foi diretor. Ele já trabalhou diretamente com Meirelles como diretor do BC.
Esse cara sou eu Gilberto Occhi, que assumirá a Caixa, atua como presidente de fato há três semanas. Já se reuniu com vices do banco. Só não procurou a ainda presidente Miriam Belchior.
Móveis e utensílios Disposto a garantir sua vaga no Ministério do Turismo, Henrique Alves plantou-se no Jaburu com tanto afinco que recebeu o apelido de “castiçal”.
Estocolmo José Antunes Sobrinho, sócio da Engevix, tenta desatar sua delação premiada. Para garantir proximidade com a Justiça, preferiu cumprir prisão domiciliar em Curitiba em vez de Florianópolis, onde mora.
Calma lá De um figurão do Ministério Público Federal, sobre as ideias do ministro Alexandre de Moraes. “Ele ainda precisa sair de SP, que é grande, mas não é o Brasil”.
Assim não A defesa de Eduardo Cunha vai à CCJ da Câmara caso o relatório de seu processo no Conselho de Ética inclua o recebimento de recursos indevidos. “Não dá para fazer acusação nova porque não conseguiu provar a original”, diz Marcelo Nobre.
Já foi Para dar celeridade à ação do impeachment, a comissão no Senado prefere não apresentar suas próprias testemunhas. A possibilidade deve ser tratada com Ricardo Lewandowski nesta terça.
TIROTEIO
Sem mulheres, sem negros, sem pobres, sem diversidade. O governo Temer é a volta ao passado. Um longínquo passado.
DA SENADORA GLEISI HOFFMANN (PT-PR), ex-ministra da Casa Civil de Dilma Rousseff, sobre a nova composição da Esplanada dos Ministérios.
CONTRAPONTO
Me escapuliu
Em 2010, Michel Temer pediu que suas secretárias ligassem para “Padilha”, o Eliseu, seu correligionário. Mas elas telefonaram para Alexandre Padilha, então ministro da articulação política de Lula.
— Padilha, sei que o PT não vai gostar, mas eu vou ao RS para fortalecer vocês. Posso tirar foto até com candidatos que não apoiarem Dilma e a mim — prometeu.
— Michel, está falando com o Padilha certo? — indagou o petista. Temer tomou um susto e pediu segredo.
— Padilha, você entende essas coisas, né? Vamos deixar isso entre nós. Vou pedir às secretarias para tomarem mais mais cuidado da próxima vez.