Renan Calheiros dá aval a corte de ministérios e promete acelerar agenda legislativa de Temer

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Conte comigo O atabalhoado ato de anulação do impeachment derrubou no Senado a última cidadela à frente de Michel Temer. Renan Calheiros, que mantinha um pé no Planalto e outro no Jaburu, selou nesta terça um armistício com o vice, tirando de Dilma Rousseff o único foco de resistência à sua deposição fora do espectro da esquerda. O senador prometeu a Temer acelerar sua agenda legislativa. Sem Eduardo Cunha na Câmara, Renan se tornou o arrimo institucional do novo governo no Congresso.

Faca no pescoço Já o imbróglio na presidência da Câmara preocupa a equipe de Temer por um ponto principal: se a confusão se estender, aliados temem que fique comprometida a revisão da meta fiscal, que precisa ser votada até o dia 22 de maio.

Tête-à-tête Dilma se encontrou com Waldir Maranhão no Palácio do Alvorada no domingo, véspera da breve anulação do impeachment.

Faltaram os russos A presidente chegou a questionar José Eduardo Cardozo se Renan Calheiros tinha conhecimento da ideia. O documento foi assinado por Maranhão na manhã seguinte.

Nosso canto Como “prêmio” pela lambança, o chefe da Câmara pode ser convidado a assumir uma secretaria do governo Flávio Dino. O problema é que essa solução deixa Giacobo (PR-PR) como interino, sem novas eleições.

Se você diz… No parecer em que defende que o Supremo casse a liminar que obriga a Câmara a analisar o impeachment de Temer, Rodrigo Janot usa um texto do próprio peemedebista para defender que, em tese, é possível a deposição de um vice.

Op. cit. “Cabe invocar a respeitável doutrina do atual vice-presidente e professor de direito constitucional, Michel Temer”, escreve o procurador-geral da República.

Hein? A PGR recebeu novo pedido de interdição de Dilma. O autor elenca razões que vão do aumento do IOF à compra de remédios pela Presidência e diz que, ao contrário do que alegou no primeiro pedido, ela está em pleno gozo das faculdades mentais.

Cravo e ferradura A OAB divulga nesta quarta texto em que apoia o impeachment de Dilma, mas critica Temer. “Não se pode aceitar uma equipe de ministros investigados na Lava Jato”, escreve.

Alívio Frequentadores do Jaburu dizem que Temer tirou um peso dos ombros ao resgatar o plano de reduzir ministérios. O vice vinha reclamando da pressão de Eduardo Cunha para cumprir os acordos feitos antes da votação do impeachment.

Incompleto Não são pequenas as chances de o novo governo estrear na quinta-feira com a equipe incompleta ou com parte da base partidária alijada da Esplanada.

Crise à vista O Solidariedade, partido comandado pelo deputado Paulinho da Força, não aceita ficar sem ministério. A sigla é importante por ser a única ponte de Temer com o mundo sindical.

Recluso Eduardo Cunha não deve ir ao Conselho de Ética para se defender. A ideia é enviar o advogado Marcelo Nobre em seu lugar.

Mostra tua cara Eduardo Cury (PSDB-SP) tem pronto pedido para que a Polícia Federal investigue a denúncia feita por empresários a membros da CPI do Carf de que a comissão está sendo usada para achacá-los.

Embala que é teu Deve ficar para a equipe de Temer a decisão sobre a criação de um “bônus de eficiência” aos auditores fiscais. A medida, sugerida pela Receita Federal, está na Casa Civil, mas não deve ser assinada por Dilma antes de seu afastamento.

Vade retro A proposta deixou o empresariado aflito. No cálculo do bônus, entra o valor arrecadado em multas, por exemplo.

Visita à Folha Fernando Alves, presidente da PricewaterhouseCoopers – Brasil, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Henrique Luz, vice-presidente, Márcia Avruch, diretora de comunicação, e Claudia Vassalo, presidente da agência de comunicação CDI.


TIROTEIO

Prestes a cair pelo mal que fizeram ao país, Dilma e o PT ainda se sentem no direito de incitar a violência e tentar dividir o Brasil.

DO DEPUTADO ANTONIO IMBASSAHY (PSDB-BA), líder do partido na Câmara, sobre os protestos contrários ao processo de impeachment da presidente.


CONTRAPONTO

Pra cima de mim?

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Numa viagem à Europa, Michel Temer jantava num restaurante com um embaixador estrangeiro.
Os dois escolheram seus pratos e o diplomata decidiu pedir um vinho, cuja garrafa custava mais de mil euros.
Na hora da conta, o vice falou que só pagaria o que havia consumido: comida e água.
Ao relembrar a história, um assessor do peemedebista não se conteve e caiu na risada.
— Até hoje, ninguém sabe se ele não queria tomar o tal vinho ou se é pão-duro mesmo! — concluiu.