Temer suspende negociações de ministério e volta a falar em atrair “notáveis” para a Esplanada
Recuo do recuo Michel Temer suspendeu no fim de semana as negociações para a montagem do novo governo e reavalia o perfil fisiológico de sua equipe. “Pode haver surpresas”, diz um assíduo frequentador do Jaburu. O entourage do vice voltou a falar em “notáveis” e em corte de ministérios. Se levar à frente a ideia de uma Esplanada mais lustrosa, Temer certamente terá dificuldade em conquistar uma base de 400 deputados e 50 senadores para aprovar projetos econômicos impopulares.
Segura a coroa Eduardo Cunha instruiu sua tropa a segurar Waldir Maranhão no comando da Câmara. Com isso, tenta manter alguma influência sobre a Casa e ainda impede que o PSDB assuma a presidência da instituição em caso de nova eleição.
Conveniência A Maranhão não interessa contrariar o peemedebista. Caso Cunha renuncie, serão convocadas novas eleições.
Vicioso Todos andam sob gelo fino. Cunha pode dinamitar Maranhão, que, por sua vez, pode não só acelerar o processo de impeachment contra Temer como, ainda, desistir do cargo — o que tiraria a porção de poder que ainda resta a Eduardo Cunha.
Chama a corte Para controlar a Câmara, a oposição cogita ingressar com um mandado de segurança no Supremo caso a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) não reconheça como vago o cargo de presidente e a necessidade de novas eleições.
Valendo Pauderney Avelino, líder do DEM, perguntará a Waldir Maranhão, na sessão de terça (10), se há vacância. Será a senha para o recurso da oposição à CCJ.
Tchau, queridas Dilma deve fazer seu último ato público antes da votação do impeachment na abertura da 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, em Brasília, de 10 a 12 de maio.
Contra o relógio A ironia é que a petista inaugura a solenidade, mas não deve durar no cargo até o fim do evento. A votação do processo de deposição será no dia 11.
Em turma Diz o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ): “Cunha seguirá influente entre os deputados que fazem dos seus mandatos um meio de negócios escusos. Querem um sucessor menos vulnerável do que o Maranhão”.
Iluminista Temer quer o filósofo Denis Rosenfield, ligado ao Instituto Millenium, no comando de toda a publicidade federal do governo.
Brimo O mundo político no Líbano quer ver Temer, com ascendência libanesa, chegar ao poder no Brasil. Uma praça na cidade Btaaboura recebeu o nome do peemedebista e está prontinha para ser inaugurada.
Corta a fita “O prefeito de lá está só esperando a semana que vem”, conta o deputado federal Carlos Marun (PMDB), que visitou o país.
Quem manda Luiz Erundina (PSOL-SP), com assento na Mesa Diretora da Câmara, promete contestar qualquer ato monocrático que permita a Eduardo Cunha (PMDB-RJ) manter benefícios que tinha como presidente da Casa.
Buzinaço Grupos de esquerda, como o Levante Popular da Juventude, já planejam escrachos em frente à residência oficial caso Cunha continue a morar no local.
Balança Antonio Anastasia (PSDB-MG), relator da comissão do impeachment no Senado, perdeu alguns quilinhos na semana decisiva dos trabalhos. Os senadores passaram, no total, cerca de 60 horas sentados em sessão — muitas vezes sem almoço.
De repente, esquerda Depois do anúncio do projeto para taxar os mais ricos, demanda antiga do PT, o ministro da Fazenda ganhou o apelido de Nelson “Piketty” Barbosa, em referência ao autor francês do livro O Capital no Século XXI.
TIROTEIO
O iminente presidente Michel Temer fará um ministério de notáveis: notáveis no rol de denunciados pelo Ministério Público Federal.
DO EX-MINISTRO CIRO GOMES (PDT-CE), alfinetando o vice-presidente da República pelas promessas não cumpridas para o seu futuro ministério.
CONTRAPONTO
Roda mundo
Em 2011, recém-eleita presidente da República, Dilma Rousseff participava de uma solenidade no Palácio do Planalto quando Michel Temer se aproximou da mandatária. Tinha uma sugestão de nome para integrar o novo governo.
O vice havia voado para Brasília ao lado de Henrique Meirelles, à época no PMDB, e elogiava as credenciais do ex-presidente do Banco Central. Mas Dilma não deixou seu vice terminar a frase.
— Meirelles? Não dá, né? — reagiu.
Temer deu um passo para trás e, sem disfarçar o constrangimento, resolveu mudar o rumo da prosa.