Ex-líder do MST negocia nomeação de presidência do Incra no governo Michel Temer
Em campo Com a intermediação de Paulinho da Força, José Rainha, ex-líder do MST e hoje à frente da FNL (Frente Nacional de Luta), articula a indicação do presidente do Incra no governo Michel Temer. O nome que será apresentado é o de Luiz Antônio Possas de Carvalho. Ele assumiu no fim de março a diretoria de Obtenção de Terras e Implantação de Projetos de Assentamento do órgão, em meio à articulação do governo para tentar evitar que o impeachment avançasse na Câmara.
Q.I. Carvalho é ligado ao deputado Carlos Bezerra, presidente do PMDB no Mato Grosso. O peemedebista, que emplacou o aliado depois de se comprometer a votar contra o afastamento de Dilma Rousseff, mudou de posição no momento do voto.
Veja bem Procurado, Rainha afirmou que “não cabe ao movimento decidir quem será” o presidente do Incra e que, por enquanto, a preocupação da FNL é “exigir que o governo de Michel Temer não feche” o órgão.
Tópicos Rainha disse ainda considerar o impeachment “inevitável” e que entregará a Temer um documento com as demandas dos trabalhadores rurais. “Queremos reafirmar o diálogo. Não seremos intransigentes.”
Olá, presidente O agronegócio tem se animado com a possibilidade de Temer chegar ao Planalto. Vê na prometida fusão da pasta da Agricultura com a do Desenvolvimento Agrário uma chance de que o “uso social da terra” ganhe nova interpretação.
Porteira fechada O PRB exigiu a Agricultura no acordo com Temer para votar a favor do impeachment. Os dois nomes oferecidos para assumir o ministério são César Halum (PRB-TO) e Marcos Pereira, presidente do partido.
Me dei bem Já o PP fechou com o vice os três espaços que havia arrancado de Dilma antes do desembarque do governo: os ministérios da Saúde e da Integração, além da presidência da Caixa.
Lembrete Dirigentes partidários se dizem aflitos com a conclusão das negociações com Michel Temer. Sustentam que, passada uma semana do impeachment, ainda não receberam sinalização de que tudo vai bem.
Será que vai? Desconfiam de que o vice não vá conseguir entregar o que prometeu.
No forno O PSDB chegou a solicitar que a assessoria jurídica do partido preparasse um novo pedido de impeachment de Dilma, caso a presidente tivesse falado sobre golpe na tribuna da ONU.
Me dê motivo O documento acusaria Dilma de crime de responsabilidade, se ela tivesse, supostamente, usado a estrutura da Presidência e recursos públicos para atentar contra o livre exercício dos poderes Legislativo e Judiciário.
Passo calculado Na avaliação de dirigentes petistas, a presidente Dilma agiu com “sutileza” e conseguiu, nas palavras de um deles, “escapar da armadilha de ser acusada pela oposição de ter gerado ainda mais insegurança jurídica ao país”.
Teus sinais O deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), que deu o voto decisivo a favor do impeachment na Câmara, virou celebridade entre empresários. Por onde andava em evento neste feriado, ouvia: “Olha lá o 342”, referência ao número limite para a abertura do processo na Casa.
Alô? Os números dos celulares do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e de Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que homenageou o coronel Ustra em seu voto a favor do impeachment, estão circulando em grupos de WhatsApp de movimentos ligados ao PT.
Dá-lhe Um militante telefonou para Bolsonaro e o chamou de “porco fascista”. O deputado respondeu: “Porco, sim. Fascista, não”, lembrando que é palmeirense.
TIROTEIO
A presidente Dilma foi atropelada pelos ministros do Supremo. Mais uma vez a corte expôs a legalidade do processo em curso.
DO SENADOR JOSÉ AGRIPINO MAIA (RN), presidente do DEM, sobre Dilma ter evitado usar a palavra golpe em seu discurso na ONU, em Nova York.
CONTRAPONTO
Fala preferencial
Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) chegou atrasado à reunião de líderes no Senado em que os parlamentares discutiam se as indicações para a comissão do impeachment de Dilma Rousseff seriam por bloco ou por partido.
Incomodado por não conseguir espaço para falar, o líder do PSB esbravejou:
— Não existem aqui nesta Casa senadores de primeira e segunda classes!
O presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) rebateu:
— Valadares, sabemos que não há senadores de primeira nem de segunda categorias. Se tivesse, o benefício seria seu por antiguidade. Agora, por favor, fale.