Temer começa a definir ministério; sete pastas ficam com PMDB, na ‘cota pessoal’ do vice
De olho na reforma Com o impeachment aberto, Michel Temer e seus auxiliares começarão a definir os nomes para o novo ministério já nesta segunda-feira (18), antes mesmo da votação no Senado. As seguintes pastas não entrarão na partilha de cargos, sendo da “cota pessoal de Temer”: Fazenda, Justiça, Casa Civil, Defesa, AGU, Itamaraty e Secretaria de Governo. O PMDB fala em nome técnico para comandar a equipe econômica, mas pode abrir mão do critério para atrair o PSDB.
Corte A equipe de Temer apresentou ao vice a proposta de fundir os ministérios da Educação e da Cultura, assim como as pastas do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura.
Circunspecto O ex-presidente Lula permaneceu calado durante a maior parte da votação. Acompanhou a sessão num dos salões do Alvorada com políticos e governadores.
Sinal Num dos poucos momentos em que fez algum comentário, Lula disse, segundo relatos: “Esses que começam falando em Deus, família, mãezinha e paizinho… Pode ter certeza de que votam contra nós”.
Na dela Dilma não ficou o tempo todo com os seus convidados. Passou um tempo no segundo andar, área privativa da residência oficial. Ao descer, mostrou-se tranquila.
Até tu? Quando viu, pela TV, o “sim” de um aliado que jurava de pé junto apoiá-la, a presidente brincou: “Mas esse aí? Que coisa”.
Gesto Apesar do momento político delicado, Dilma parou uns minutos para telefonar ao presidente Rafael Correa. Prestou solidariedade às vítimas do terremoto que atingiu o Equador.
Até o fim De todas as companhias de Dilma na hora da votação, o ex-ministro Cid Gomes e a ministra Kátia Abreu (Agricultura) eram os mais otimistas quando falavam do processo com a petista.
Atributos “Ela é uma mulher honrada. É vítima de um complô liderado por bandidos e, em 90 dias, Michel Temer estará desmoralizado”, disse Cid Gomes enquanto acompanhava a votação.
Piada pronta E tudo acabou em pizza – ao menos no jantar oferecido pelo deputado Heráclito Fortes (PSB-PI) para comemorar o placar de domingo.
No limite Se forem cumpridos os prazos até o limite, o julgamento do impeachment no Senado ocorreria em 21 de setembro, às vésperas das eleições municipais — isso sem contar medidas protelatórias.
Expressinho Nas contas do grupo de Renan Calheiros, daria para encurtar a tramitação em 60 dias, antecipando a decisão. O presidente da Casa tem dito, porém, que não está disposto a correr se isso significar atropelar o rito.
Olá, vermelhos Paulinho da Força (SD-SP) procurou líderes de movimentos sociais, como Guilherme Boulos, do MTST, e João Pedro Stédile, do MST, pedindo trégua num eventual governo Temer.
Nem pensar Eis o que diz Boulos: “Não há ponte possível com um governo que quer fazer a reforma previdenciária e ceifar direitos”. Ele avisa que, a partir de hoje, o MTST intensificará as críticas.
TIROTEIO
O governo por todos esses anos plantou incompetência. Nada mais natural do que, agora, colher o impeachment.
DO SENADOR ROMERO JUCÁ (RR), presidente do PMDB, afirmando que o resultado da votação reflete os erros cometidos pelo governo Dilma.
CONTRAPONTO
Quebrou o decoro
Em uma das romarias ao Palácio do Jaburu na semana que antecedeu a decisão do domingo (17), peemedebis- tas tentavam dizer a Michel Temer o que imaginavam pa- ra o novo governo. Osmar Terra (RS) defendeu que, caso Dilma Rousseff fosse afastada, Temer fizesse um governo de união, conectado com as ruas.
— O senhor tem de casar com o Brasil! — aconselhou, entusiasmado com a ideia.
Carlos Marun (MS), que chegou atrasado ao encontro, tentou quebrar o gelo:
— Não diga uma coisa dessas. Bem casado do jeito que ele é… capaz de desistir de virar presidente!