PP, PR e PSD só devem assumir ministério se Dilma sobreviver à votação do impeachment em plenário
Aula de pragmatismo Os três partidos que negociam espaços no governo — PP, PR e PSD — decidiram em conjunto deixar o anúncio da nova configuração de ministérios para depois da votação do impeachment em plenário. A avaliação é que, se Dilma Rousseff sobreviver ao processo, precisará do “centrão” para governar e, portanto, cumprirá o acordo. Mas, na hipótese da petista tombar pelo caminho, ao menos se livram da foto da posse e elevam o passe para negociar com o governo do dia seguinte.
Última hora A declaração de apoio à petista, porém, teria de ocorrer antes da votação. O PP, que deve combinar com as demais legendas parceiras a data do anúncio, já fala em se posicionar somente em 11 de abril — a menos de uma semana do dia D.
Armados O Planalto adotou a tática do “bateu, levou” no contato com veículos de imprensa. Em tom nitidamente mais beligerante, a ordem é não deixar nada sem resposta. “É guerra, senhoras e senhores”, dizem palacianos.
Diga “x” A doze dias da data prevista para a votação do impeachment no plenário (17), a fotografia captura a seguinte imagem: alto percentual de indecisos e crescente desgaste de Michel Temer — agravado com a proposta de eleições gerais.
Vento ventania Um líder partidário entusiasta do impeachment dizia na segunda (4) em tom de lamento: “Os ventos parecem mesmo que estão mudando”.
Só na hora A oposição pondera: uma coisa é o líder vender, outra é o deputado entregar.
Do contra Governo e PT estão pessimistas com a possibilidade de o STF definir esta semana se o ex-presidente Lula poderá assumir a Casa Civil. Hoje, a tendência na Corte é permitir que o petista assuma o cargo.
Serra elétrica Sobre a hipótese de Dilma sacrificar a amiga Kátia Abreu da Agricultura: “Sacrifícios pedimos aos amigos. Lembre-se que Eduardo Campos precisou deixar o ministério para ajudar Lula na Câmara durante o mensalão”, pondera um petista.
De lá pra cá Bernardo Santana (PR-MG), ex-secretário do governador Fernando Pimentel (PT), é um dos nomes citados para representar o partido na Esplanada.
Ô, sorte Ao ver o desempenho do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, auxiliares de Dilma se disseram aliviados por Luís Inácio Adams não estar mais no governo. A avaliação geral era que o antecessor não conseguiria se sair tão bem.
Olho na Corte Aliados de Michel Temer contam com recursos de Eduardo Cunha ao STF para impedir o avanço do pedido de deposição do vice-presidente.
Não esqueça Petistas próximos a Lula insistem que, se Dilma passar pelo impeachment, será preciso embicar o governo à esquerda. A sigla está animadíssima com a proposta de redução do preço da gasolina.
O quê? Vitrola! O PT aumentou, nos bastidores, o volume de suas críticas ao Ministério da Fazenda. “Eles não sabem empacotar as medidas. Anunciam tudo de forma picada. O Nelson Barbosa até nos recebe, mas não nos ouve”, reclama um dirigente.
De novo, não! O governo está cético em relação à liberação de recursos para as obras do aeroporto do Galeão, no Rio. Tal qual a Sete Brasil, a área técnica do BNDES vem travando o empréstimo definitivo.
Filme queimado Se o banco de fomento não autorizar o financiamento, como já havia sinalizado, agravará a imagem de instituição que promete, mas não cumpre, o que combina.
Ajudinha O presidente do Conselho Nacional de Saúde, Ronald Santos, tenta o apoio do Congresso e do governo para destinar ao SUS os recursos recuperados na Lava Jato.
Destino útil Segundo as previsões do órgão, o setor de saúde pública necessitará de R$ 10 bi este ano. A Lava Jato já teria recuperado cerca de R$ 3 bilhões.
TIROTEIO
Com meu amigo Gilberto Kassab, infelizmente, é assim… Com ele, você “nunkassab” como vai ficar!
DE MARCOS PEREIRA, presidente do PRB, fazendo troça com a notícia de que o ministro das Cidades desembarcou do governo e reembarcou em 24 horas.
CONTRAPONTO
Não vai ter poste Em conversa recente, já com a crise política pegando fogo e a popularidade de Dilma Rousseff em frangalhos, o ex-presidente Lula perguntou a opinião de um cientista político com quem mantém boa relação sobre cenários eleitorais.
— Olha, o senhor teria grandes chances de se eleger caso decidisse se lançar. Mas sabe que nunca mais vão votar em quem o senhor indicar, não é?! — disse o interlocutor, em tom descontraído, mas indicando que se tratava de uma análise genuína.
Lula apenas riu.