Integrantes do governo veem entrega do comando do país a Lula como única chance de sobrevivência
Deixo em tuas mãos Integrantes do governo avaliam que Dilma Rousseff praticamente exauriu suas condições de reagir à crise e apontam a entrega do comando do país a Lula como única chance de sobrevivência. O cenário é de exaustão e pessimismo. Aos olhos de ministros petistas, Lula precisa, ao mesmo tempo, salvar o governo e se proteger. E, ainda assim, avaliam, não será fácil. “Perdendo ou ganhando, estamos nos aproximando dos capítulos finais”, resumiu um palaciano.
Às claras Já não há oposição no Planalto à posse de Lula. Petistas o querem como chefe da Casa Civil ou como articulador político. Ninguém mais parece preocupado em suavizar a ideia de intervenção colocando-o em uma pasta de peso menor.
Peso nos ombros Ao chegar à conversa com senadores nesta quarta, Lula disse ter achado Dilma “abatida”. O ex-presidente tem dito não à oferta, mas ninguém parece se convencer. A denúncia reforçou a cobrança para que aceite um ministério.
Frigideira Petistas graúdos começaram a pedir a cabeça de Nelson Barbosa (Fazenda) nos bastidores. Afirmam que, com Lula no comando, Henrique Meirelles poderia finalmente assumir a equipe econômica. “Seria o reinício”, diz um ministro.
Cabelo em pé Uma frase de Renan Calheiros chamou a atenção na reunião com Lula. “O país está em situação tal que já não se pensa se ela será substituída, mas por quem.” Aliados do presidente do Senado afirmam que sua intenção era provocar o governo a reagir, não sentenciar seu fim.
Senta lá O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, fechou nesta quarta com o deputado Mauro Lopes (MG) a ida do peemedebista para a Aviação Civil. Ficou acertado que o parlamentar assume o ministério na semana que vem.
Para distrair De um lulista maldoso: “Lula volta e deixa Dilma jogando Candy Crush”, em referência ao popular jogo das redes sociais.
Vai pra rua Petistas identificaram diversas empresas em São Paulo que estão incentivando e financiando seus funcionários a ir aos atos contra Dilma Rousseff neste domingo (13).
Paz e amor O tucano Alexandre de Moraes, secretário de Segurança de Geraldo Alckmin, procurou José Eduardo Cardozo, advogado-Geral da União e ex-ministro da Justiça, para acertar uma estratégia conjunta capaz de evitar confrontos nas ruas.
‘A regra é clara’ O erro do governo ao nomear Wellington César Lima e Silva para o Ministério da Justiça foi considerado tão primário no Supremo que interlocutores na corte brincavam: os ministros poderiam ter citado até Arnaldo Cezar Coelho em seus votos.
Fim de festa? Acionistas da empresa de sondas Sete Brasil já estão com ações judiciais preparadas contra a Petrobras por prejuízos que tiveram com o projeto. O valor pedido pode passar de R$ 7 bilhões, considerando o investimento feito pelos 11 sócios da estatal na empresa.
Precedente Dois acionistas já avisaram que não tardarão a processar, seguindo o exemplo do EIG. Só um acordo poderia salvar a petroleira da enxurrada de ações — algo cada vez mais improvável. Os fundos e o BTG estão no limite da paciência.
Incógnita A dúvida é sobre a reação da Petros, o fundo de pensão da Petrobras. “Vão ter coragem de processar?”, pergunta um sócio. Na sexta, os donos da Sete se encontram novamente para decidir se pedirão a recuperação judicial da empresa.
Procura-se O Banco dos Brics, que tem sede na China, avisou ao Itamaraty que vai abrir cem vagas para quadros de alto nível neste ano. Os candidatos — para sorte dos brasileiros — precisam ser de um dos países do bloco.
TIROTEIO
Agora me diga: quem vai querer falar com a Dilma se poderá falar diretamente com o Lula? Chega de terceirização!
DO DEPUTADO HERÁCLITO FORTES (PSB-PI), sobre o convite da presidente ao antecessor para que assuma um ministério em seu governo.
CONTRAPONTO
Esse é outro
O Conselho de Ética da Câmara debatia o caso da assinatura de Vinícius Gurgel (PR-AP) em seu pedido de renúncia do colegiado, apontada como falsa por peritos, quando o próprio deputado apareceu. Ao vê-lo, José Carlos Araújo (PSD-BA), que presidia os trabalhos, afirmou:
— Há vários inscritos, mas darei a palavra a quem mais foi citado nesta manhã, o deputado Vinicius de Moraes.
Chico Alencar (PSOL-RJ) correu para corrigir a gafe:
— Esse Vinicius também gostava de beber, presidente, mas era um grande poeta! — referindo-se à afirmação de Gurgel à Folha de que, no dia, estava de ressaca e com “tremedeira” e, por isso, a assinatura não parecia real.