Desemprego e inflação levarão a aumento de greves e invasões, calculam movimentos sociais

Painel

Questão de tempo O desemprego e a inflação estão aumentando o número de desabrigados nas grandes cidades. Muito em breve, começará uma grande jornada de invasões, prevê o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). Na região metropolitana de SP, 6.000 famílias sem moradia estavam inscritas na lista de espera do movimento. Em janeiro, o número chegou a 11.000. Segundo líderes sociais, o mesmo acontece em outras capitais e não tarda para que a cara da crise apareça nas ruas.

Quem lidera? Segundo Guilherme Boulos, coordenador do MTST, se o desemprego não parar de subir, protestos em massa contra o governo serão inevitáveis. E a periferia pode, desta vez, entrar na cena dos protestos. “A disputa hoje é sobre quem vai liderar isso. Pode ser a direita ou podem ser os movimentos sociais”, diz.

Paradeira As greves também devem aumentar tanto no serviço público quanto no privado. Em 2013, foram 2.050 paralisações. No ano anterior, foram 877, segundo o Dieese. Quem acompanha os números diz que o retrato de 2015 será em preto e branco.

Luiz Inácio avisou Lula mandou dizer à sucessora que o governo não devia falar na reforma da previdência durante a reunião do Conselhão. Mas Dilma deu de ombros. E conseguiu aumentar a já visível animosidade entre ela e os movimentos sociais.

Voltamos! Sem dinheiro, governadores irão se reunir na segunda (1º) para propor ao Planalto medidas de alívio ao endividamento dos Estados. O encontro ocorrerá sob clima de irritação com Dilma, que não atendeu pedido anterior, de adiamento da implantação do piso nacional dos professores.

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Tem piedade José Carlos Bumlai fica lívido diante da hipótese de ser transferido da carceragem da PF em Curitiba para o CMP (Centro Médido Penal), em Pinhais, onde está a maioria dos presos da Lava Jato. Diz que morre de medo de ter de encarar João Vaccari, o ex-tesoureiro do PT. Ninguém sabe o motivo.

Pressa para quê O governo levou quase uma década para se dar conta de que havia suprimido trechos valiosos de um acordo feito com a Rússia para evitar a dupla tributação. A convenção, firmada em 2004, virou decreto em 2007. No ano passado, percebeu-se que o texto fora enviado ao Congresso com duas páginas faltando.

É que me escapuliu O ministro Mauro Vieira (Itamaraty) solicitou à presidente que reenviasse o acordo ao Legislativo. Foi sóbrio na justificativa: o texto fora aprovado “de forma incompleta”. O Itamaraty não esclarece de quem foi o erro nem quem o descobriu.

É firme? Petistas paulistanos estão ressabiados com a campanha para a prefeitura. “Vamos ralar para Haddad mudar depois de partido?”, diz um deles. Fernando Haddad nega que vá desertar do PT.

Desidratado Integrantes da sigla avaliam que o PT corre o risco de perder a representação na Câmara Municipal. Para a reeleição do prefeito, será preciso fazer boas coligações, abrindo mão de candidaturas.

Na rua O deputado Celso Russomanno (PR-SP) começa a costurar sua estratégia para a disputa municipal. O partido quer aumentar sua área de influência e chegar em abril com 58 diretórios zonais, mesmo número do PSDB. Hoje tem 42.

Vontade A situação da Oi preocupa o Ministério das Comunicações. O governo sinaliza que tem interesse em ajudar. Não quer que a operadora, criada para ser a “supertele”, vá para o brejo.

Alivia aí Acelerar o novo marco regulatório do setor, reduzindo obrigações da companhia, é uma forma, diz um executivo. A empresa é uma das maiores devedoras da União. “Se isso acontecer, teremos uma nova Oi.”


TIROTEIO

É de indignar essa campanha contra o Lula sem base jurídica. Aécio já foi citado por dois delatores e não vi mobilização do MP.

DE LINDBERG FARIAS (PT-RJ), senador, sobre a nova fase da Lava Jato, que investiga relação da OAS com imóvel no Guarujá, supostamente de Lula.


CONTRAPONTO

Para baixo todo santo ajuda

O deputado Ricardo Tripoli, pré-candidato tucano à Prefeitura de SP, tornou-se um fiscal informal das ciclovias da cidade. Em suas andanças, saca o celular e tira foto sempre que vê uma faixa pintada numa perambeira.
Entre os registros, há ciclovias em ruas tão íngremes que, segundo ele, só servem para descer de bicicleta.
— Isso é teste para cardíaco e não uma ciclovia — disse a assessores ao se deparar com uma recentemente.
Tripoli se diz um entusiasta das ciclovias. Mas alfineta a gestão petista apontando falta de planejamento.
— Vou desafiar o Haddad a subir essa aqui! — riu ao flagrar outra faixa vermelha pintada morro acima.