Voto do PT contra Cunha no Conselho de Ética pode estimular impeachment
Quem com ferro fere… O Planalto trata a próxima terça como o dia D. A possível abertura do processo de cassação de Eduardo Cunha com os votos do PT pode levá-lo a aceitar o pedido de impeachment contra Dilma Rousseff. O governo, porém, diz duvidar da vingança. Enquanto ministros apostam na aprovação imediata da nova meta fiscal, o presidente da Câmara tem afirmado nos bastidores que, se o projeto não for votado na semana que vem, será “obrigado” a aceitar a tese de que as pedaladas continuaram.
Sinal amarelo Aliados do peemedebista mandam recados: “De que vale manter Dilma no cargo se ela não mostrar que está disposta a trabalhar em conjunto?”, questiona um escudeiro de Cunha, em referência à conexão entre os três votos petistas no Conselho de Ética e a abertura do impeachment.
Pôquer Alguns auxiliares palacianos acham que Cunha está blefando, outros afirmam não ser possível viver sob chantagem. “Será que ele vai atirar e gastar toda a sua munição?”, questiona um petista influente.
Esperança O governo conta com a promessa de líderes partidários de aprovar a revisão da meta até quinta-feira. Ministros avaliam que, se isso não ocorrer, o cenário político, de fato, se complica.
Orelha vermelha Os senadores do PT vão chamar Rui Falcão para a reunião da bancada na próxima terça-feira. Consideraram que a nota assinada pelo presidente do partido na quarta “rifou” todos os parlamentares, e não só o ex-líder na Casa.
Encontro marcado Os integrantes da Executiva Nacional do PT foram informados de que a reunião que discutirá a expulsão de Delcídio será no dia 17. Alguns dirigentes tentam antecipá-la.
Vem na minha Depois de o senador dizer à Polícia Federal que prometeu ajudar Cerveró por “questão humanitária”, nos corredores do Congresso circula a brincadeira: “Agora vai ter um bocado de gente atrás dessa humanidade toda”.
Multitarefa O nome de Gleisi Hoffmann (PT-PR) ganha força entre os petistas para assumir a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, antes presidida por Delcídio. Ela também angariou simpatia depois de assumir vaga na Comissão Mista de Orçamento.
Oportunidade Depois de o projeto que estabelece limite para dívida da União ter sido retirado da pauta da CAE, José Serra (PSDB-SP) aproveitou a ressaca pós-prisão de Delcídio para aprovar, no plenário da Casa, requerimento pedindo que a comissão reavalie a proposta.
Sem quorum O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) vai apresentar questão de ordem, no começo da semana, para tentar reverter a decisão, aprovada com só quatro senadores no plenário.
Direito adquirido Chegou ao Itamaraty ofício solicitando um novo passaporte diplomático para Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal. Detentor do documento quando era ministro da corte, ele fez o pedido por ter perdido o passaporte anterior.
Na moita Em meio à disputa no PSDB pela candidatura à prefeitura paulistana, um cabo eleitoral de João Doria ligou para um dos diretórios pedindo apoio. O interlocutor respondeu: “Estou com o João, mas olha, é off do off. Você não pode contar para ninguém, nem para ele”.
Melodia Em campanha, Doria já tem até jingle. O “Acelera SP” foi composto por Thomas Roth: “A coisa tá devagar, tá quase parando. Com João Doria é diferente, é São Paulo acelerando”.
Tempo, tempo Rivais do empresário, Ricardo Tripoli, Bruno Covas e José Aníbal vão usar o recesso parlamentar para rodar os diretórios municipais do PSDB em busca de apoio para as prévias.
TIROTEIO
Não acho crível que o MP argumente que falta analisar o material apreendido e o depoimento de Delcídio para mantê-lo preso.
DE ANTONIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO, advogado de André Esteves, sobre a possibilidade de a prisão temporária ser prorrogada com base nesses pontos.
CONTRAPONTO
Território marcado
Em 2006, em campanha para conquistar uma cadeira na Câmara dos Deputados, José Aníbal (PSDB) reservou um dia para circular pela cidade de Marília, no Noroeste paulista. Batendo de porta em porta, foi convidado a entrar em uma das casas para tomar um café.
Aníbal explicava que, depois de ter sido eleito em 2004 o vereador mais votado de São Paulo, havia decido voltar para Brasília. O dono da casa interrompeu:
–Você pode até arrumar uns votos aqui em casa, mas o meu já é do muçulmano –disse, em referência a Celso Russomanno, que tentava se reeleger pela quarta vez.
–Sendo assim, agradeço o café — despediu-se Aníbal.