Após Sete Brasil, BNDES cai em descrédito junto a empresários

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Empresários de peso andam dizendo que não compram um carro usado do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, após o banco se recusar a conceder financiamento de longo prazo para bancar a Sete Brasil, responsável pela cadeia do pré-sal. Instituições financeiras alegam que entraram no negócio porque o banco de fomento se comprometera a reembolsá-las. O setor privado diz que Coutinho perdeu o controle da burocracia interna e não deu aval às prometidas operações de crédito.

Desconfiança Empresários alegam que ajustes foram feitos para melhorar os contratos, mas nem assim o acordo saiu. O descrédito em relação ao banco federal pode atrapalhar futuros planos do governo de usar o BNDES para girar a economia.

Velho eu Dilma Rousseff está de volta com o estilo “micromanagement”. Em reuniões recentes, passou horas cobrando de sua equipe o detalhe do detalhe. Esse traço não era visto de forma tão frequente desde o ano passado.

Pito As famigeradas broncas também se avolumaram há algumas semanas, período coincidente com a perda de potência do impeachment. Em tempos de crise, Dilma costuma manter mais a calma do que em momentos de aparente tranquilidade.

Não dá Ministros do Supremo não têm demonstrado nenhuma inclinação para aceitar um pedido de afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Avisam que só um caso flagrante provocaria algo assim.

Parada estratégica O Ministério Público Federal só formulará ação nesse sentido quando tiver certeza de vitória. Com o tabuleiro no tribunal por ora imóvel, a única chance de provocar a saída de Cunha seria pelas mãos de seus próprios pares.

Quem foi Incomodado com informações publicadas nos jornais do fim de semana de que foi abandonado por seu partido, o peemedebista procurou o vice Michel Temer neste domingo para pedir explicações. Ouviu do correligionário justamente o contrário.

Touché “Quero ver se quem está plantando isso vai colocar a cara. Não ganhei a eleição apenas com o PMDB, mas com os votos da Casa, de um bloco de deputados”, dispara o presidente da Câmara.

Boca fechada Pegou mal no PT a declaração do titular da Secom, Edinho Silva, de que sua legenda errou na Lava Jato. Petistas aconselham o ministro a se concentrar nas questões de governo, não de partido.

Prazo de validade As críticas de correligionários mostram que Edinho começa a enfrentar desgastes internos. Antes figurinha carimbada nas reuniões no Palácio da Alvorada, ele não tem frequentado muitos dos encontros da cúpula do governo.

Trauma Uma das maiores paranoias do ex-presidente Lula é ver São Bernardo do Campo virar Detroit. “Ninguém precisa pagar para ele defender benefícios às montadoras de automóveis”, diz um aliado em defesa do petista.

Castelo de areia Advogados que atuam na Lava Jato querem levantar a tese de ilegalidade da operação nos Tribunais Superiores, onde consideram haver mais apelo.

Economia A reforma nas regras de pensão por morte já mostra mudanças nos números. De janeiro a setembro, o gasto com o benefício recuou 2%. Como o crescimento vegetativo da despesa é de 3% ao ano, a queda foi ainda maior.

 

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Predestinados Em reunião recente, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) brincava com os nomes de policiais ligados à pasta. “Temos o inspetor Furtado, da Polícia Rodoviária Federal, e o delegado Coca, da PF. Vou promover o encontro deles aqui”.

Plataforma eleitoral A senador Marta Suplicy (PMDB-SP) presidirá uma audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado para discutir o projeto que aumenta o limite de empresas no Simples. A sessão acontecerá na Assembléia Legislativa de São Paulo, lugar conveniente para quem tem ambições de comandar a prefeitura da capital.

 


 

TIROTEIO

O Eduardo Cunha está fazendo escola no Congresso: agora o PSDB diz que não era sócio dele, apenas o beneficiário final. 

DO SENADOR LINDBERG (PT-RJ), sobre a tática dos tucanos de se afastar do presidente da Câmara, mas sem abandoná-lo de vez de olho no impeachment.


 

 

 

CONTRAPONTO

Sem legenda

No auge da crise política, Dilma Rousseff fez uma reunião com congressistas aliados. Em dado momento, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) apresenta uma estratégia para atrair mais apoio à aprovação de projetos do chamado ajuste fiscal.
—Se cada um de nós puder trazer mais um parlamentar, será ótimo —, disse ele, antes de completar o raciocínio com a expressão que se tornou “meme” nacional:
—Aí dobramos a meta —, afirmou, imitando Dilma.
Todos os presentes riram, exceto a presidente da República, que ficou olhando para o senador do Rio com cara de interrogação.