Interessado em ficar no cargo, Levy adota postura mais flexível
Metamorfose Sem abrir mão do ajuste fiscal, o ministro da Fazenda está adotando a versão “Levy light”. Interessado em continuar no cargo, o chefe da equipe econômica incluiu o vocábulo “crescimento” no seu repertório diário, concordou em aprovar um fundo para bancar parcerias público-privadas e passou a autorizar empréstimos a Estados e municípios. Mas o esforço pode ser em vão caso o governo não aprove o projeto da repatriação, uma das raras opções para engordar o caixa federal em 2016.
Ajudinha A insistência de petistas para colocar Henrique Meirelles na Fazenda está causando o efeito rebote no Palácio do Planalto. Quanto mais pressionam, mais a presidente Dilma Rousseff resiste, contam auxiliares.
Alicerce Mantidos os vetos presidenciais, Joaquim Levy tentará patrocinar pontos da Agenda Brasil, pauta encalhada do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Missivista Marco Aurélio Garcia partiu para a Venezuela com uma missão especial: entregar, nesta sexta, uma carta da presidente da República a Nicolas Maduro. O conteúdo: as eleições naquele país.
Outro planeta Em reunião com prefeitos no Planalto, José Guimarães (PT-CE), líder na Câmara, relatou que o clima no Congresso para a aprovação da CPMF começa a ficar menos hostil.
Vida real Mais de 50% das bancadas do PP, PRB, PSD e PDT ficaram contra o Planalto nas últimas votações importantes. Com taxa de infidelidade tão alta, não há, por ora, nada que aponte a viabilidade do imposto.
Psicologia reversa Depois dos fortes discursos contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o PSDB associará cada vez mais o dirigente ao PT. Quer criar constrangimento para que os petistas façam movimentos mais duros contra o presidente da Câmara, deixando-o mais distante do governo e mais próximo do impeachment.
Ops Aliados apontam três erros do peemedebista: ter antecipado sua defesa em entrevistas; não ter deflagrado a deposição de Dilma e ter impedido a reunião do Conselho de Ética desta quinta, precipitando as reações da oposição. Nato operador político, Cunha mostra que se perde quando ele é o alvo.
Bilhete premiado O secretário de Assistência Social de Geraldo Alckmin, Floriano Pesaro, vai levar ao governador a proposta de retomar as loterias paulistas. Estima ser possível arrecadar R$ 1 bilhão por ano. Sua ideia é destinar tudo para a área social.
Locomotiva Com os investimentos travados pela crise, Alckmin quer promover PPPs. O tucano deve lançar até o fim do ano mais um edital para construir cerca de 3.000 unidades habitacionais em prédios a serem erguidos sobre as estações do metrô da Radial Leste.
Hora do lanche O MST vai doar 1.000 litros de leite, 500 litros de suco de uva e 1.000 achocolatados para os estudantes que ocupam escolas estaduais em São Paulo.
Detetive Chico Alencar (PSOL-RJ) chegou a acusar o sumiço de seu exemplar do Código de Ética no início da reunião do conselho que deliberaria sobre o pedido de cassação de Eduardo Cunha. O livro reapareceu pouco depois da queixa sobre a mesa.
Devido lugar Na semana do Dia da Consciência Negra, a Justiça está sob o comando de um negro. Com a viagem de José Eduardo Cardozo ao Peru, o secretário Gabriel Sampaio assumiu a pasta.
Visita à Folha Ricardo Zuniga, cônsul-geral dos EUA em São Paulo, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Troy Pederson, cônsul-geral adjunto e de assuntos econômicos e políticos, Mariju Bofill, adida de imprensa, e Juliana Siqueira, assessora de imprensa.
TIROTEIO
Na aula de corte e costura, o ministro Joaquim Levy parece estar aprendendo a falar menos de corte e mais de costura.
DO SENADOR ROMERO JUCÁ (PMDB-RR), sobre o ministro da Fazenda adotar postura mais flexível na condução da economia do país.
CONTRAPONTO
João da construção
Em recente conversa com o governador Geraldo Alckmin, o empresário João Doria, pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, contou animado que visitou mais de 50 bairros da capital paulista em dez semanas.
As agendas, disse Doria, fazem parte de sua estratégia para convencer os militantes tucanos que ele é o melhor nome para representar o partido na eleição do ano vem.
–É, agora você não é mais o João Doria –interrompeu Alckmin, com seu inconfundível jeito pausado de falar.
–Por que, governador? –perguntou Doria.
–Agora você é o João dos bairros –respondeu Alckmin, testando o trocadilho.