Governo age para tentar se livrar de pauta negativa antes de 2016
Acerta com os bispos É cada vez mais pessimista a avaliação do governo sobre o cenário econômico de 2016. Com receio de começar o segundo ano de mandato em situação ainda pior que a atual, a presidente Dilma Rousseff determinou à equipe que jogue todas as fichas para limpar 2015. A ordem é reduzir a margem de ataque ao Executivo via política fiscal. Por isso a decisão de enviar antes do prazo a defesa das pedaladas ao Congresso. O Planalto aposta que o Legislativo aprove suas contas com ressalvas.
Sem controle “Se esse negócio der errado, ficará muito difícil”, afirma um ministro de Estado.
Aliado A proposta de Nelson Barbosa (Planejamento) de criar bandas para o superavit primário está ganhando adeptos na Esplanada.
Cárcere privado A simpatia pela ideia cresceu após ameaças do PMDB e da oposição de não votar a nova meta este ano, o que levaria o governo a descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. “Não podemos ficar reféns no ano que vem”, avalia um influente assessor de Dilma.
Juízo final Há a possibilidade de Sergio Moro sentenciar todos os empreiteiros da Lava Jato ainda este ano. Investigadores avaliam que, pela movimentação recente do juiz, a decisão sobre o destino dos empresários pode vir em breve.
Tristeza Com a proximidade das festas de fim de ano, os presos da Lava Jato começam a dar sinais de tristeza. “Bate um banzo na custódia”, repara um investigador.
Férias Até porque, diz, muito pouca coisa deve andar com o recesso do Judiciário entre os meses de janeiro e fevereiro do próximo ano. A chance de sair da prisão, portanto, fica bem menor.
Lamento Quando chegou à carceragem da Polícia Federal em Curitiba, Marcelo Odebrecht fez uma reclamação que surpreendeu os agentes do centro de custódia.
Pelo ralo Logo que entrou em sua cela, o empreiteiro denunciado pela Lava Jato sob suspeita de corrupção se queixou de que a água da torneira não parava de pingar.
Oi? Em seguida, disparou, para espanto geral de quem o acompanhava: “Isso é desperdício de dinheiro público”, disse Marcelo, conforme relatos registrados na ocasião.
A toque de caixa Guilherme Mussi (PP-SP) vai concluir o relatório sobre a legalização dos jogos de azar em, no máximo, três meses. O deputado diz que “o jogo existe de qualquer maneira no Brasil”, mas, se continuar ilegal, deixa-se aberto o “caminho para lavagem de dinheiro”.
Uma coisa Na lista de empreendimentos que esperam a legalização está o Sofitel Jequitimar Guarujá, do Grupo Silvio Santos. Quando foi comprado, em 1997, dizia-se que a intenção de Silvio Santos –de quem Mussi é genro– era instituir um cassino no prédio.
Viva Las Vegas Como a liberação do jogo ainda não ocorreu, o hotel mantém a tradição de, na alta temporada, oferecer aos hóspedes o que chama de “cassinos fictícios”, com direito a mesas profissionais de pôquer, mas sem apostas em dinheiro.
Silêncio O Grupo Silvio Santos diz “desconhecer os assuntos” discutidos no Congresso e que, “enquanto não houver nada legalizado, não se pronunciará”.
Outra coisa Questionado sobre um possível conflito de interesse por relatar uma proposta que interessaria ao grupo empresarial do sogro, Mussi diz que, “se olhar por esse aspecto, teria de mudar de profissão”. “Integro a comissão que discute o novo Código de Mineração e meu pai tem 45 empresas de mineração.”
Adicional Ao saber que João Doria Jr. só dorme três horas por dia, Geraldo Alckmin o apelidou de “hora extra”.
TIROTEIO
Picciani tem frequentado tanto o Planalto que parece estar aprendendo a fazer política com Dilma. É uma trapalhada atrás da outra.
DO DEPUTADO PAULO PEREIRA DA SILVA (SD-SP), aliado de Eduardo Cunha, sobre o encontro do líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), com a presidente.
CONTRAPONTO
Nem morto
Em uma viagem à Itália nos tempos de Lula, Dilma sai para jantar com colegas de Esplanada. Depois de todos os convivas serem devidamente atendidos, o garçom passa de prato em prato oferecendo queijo parmesão. Serviu a todos, mas pulou a ministra, que comia uma massa com frutos do mar.
–Eu também quero queijo! –reclamou Dilma, contrariada.
–Queijo com frutos do mar, não. Só sob meu cadáver! –disse o funcionário, rispidamente.
A partir dali, o garçom italiano que enfrentou a gerente durona do governo tornou-se o herói da viagem.