Cunha declara Cardozo como inimigo e fala em Temer no Ministério da Justiça
Às escuras O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), abriu as portas de sua residência oficial, na última quinta-feira, para receber o ministro Edinho Silva (Secom). Uma espécie de trégua em meio à guerra política dos últimos meses. No encontro, Cunha atribuiu ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) a responsabilidade pelo seu desgaste. E, classificando o titular da pasta como seu “inimigo”, chegou a dizer: “Se colocasse o Michel Temer na Justiça, não teria impeachment”.
Disfarça O ministro de Dilma levou ao Planalto o conteúdo da conversa. Nem ele nem Cunha relata, oficialmente, o teor da reunião.
Comigo não Interlocutores do vice-presidente Michel Temer dizem que, a esta altura, dificilmente ele aceitaria uma proposta dessa natureza.
Mortal combat Interlocutores de Eduardo Cunha e do Palácio do Planalto notaram que ambos os lados têm usado a mesma frase para definir o atual estágio da crise política: “Estamos nos aproximando da batalha final”.
Regra do jogo Enquanto a cúpula do governo dá como certa a deflagração do processo de impeachment de Dilma pela Câmara na semana que vem, Cunha também tem certeza que o Ministério Público usará a acusação de que possui contas na Suíça para denunciá-lo novamente.
Morreu de velho Caso Cunha opte por devolver o pedido de impeachment para que o plenário decida sobre ele, a oposição deve fazer um “teste de força” antes de votá-lo. A ideia é pautar outra matéria para medir se há, de fato, maioria na Câmara para a aceitação da denúncia.
Em defesa Em seu programa nacional de rádio e TV, que vai ao ar dia 29 de outubro, o PC do B dirá que é “preciso coragem” para enfrentar “o movimento golpista dentro do Congresso”.
Reencontro Marcelo Odebrecht recebeu a visita dos pais há duas semanas no Complexo Médico Penal, em Pinhais. Foi a primeira vez que Emilio e Regina Odebrecht se encontraram com o filho preso pela Lava Jato.
Palavra de pai Emílio relatou com bom humor a pessoas próximas a conversa que teve com o filho. Disse, em tom de brincadeira, que Marcelo “estaria dando mais trabalho se estivesse aqui fora”.
Sem prazo Após desistir de fazer um IPO da BR Distribuidora em dezembro, a Petrobras foi procurada por investidores chineses e europeus interessados em comprar uma parte de sua subsidiária. Segundo integrantes do governo, as negociações estão adiantadas.
Com meta A ideia inicial é vender menos do que 25% da empresa de distribuição para poder ter o que oferecer quando o projeto de abertura de capital da BR for retomado. Entretanto, ainda não há prazo para que o IPO ocorra diante do mau momento do mercado.
Imploro! Com a missão de reduzir 3.000 cargos comissionados e 30 secretarias, o Ministério do Planejamento, de Nelson Barbosa, ganhou o apelido de “muro das lamentações”. Todo dia tem gente batendo à porta da pasta pedindo para ser preservado dos cortes. “Agora estamos contingenciando gente”, diz um técnico gaiato.
Inovação Mesmo fora da Casa Civil, o ministro Aloizio Mercadante recebeu um convite de Dilma para continuar participando das reuniões da Junta Orçamentária — grupo do governo que toma todas as decisões importantes na área econômica.
No front Depois de três reuniões com Jorge Rachid, chefe da Receita Federal, os auditores fiscais não aceitaram a proposta de suspender a greve que dura mais de um mês. O documento apresentado à categoria “tem muito verbo e pouca substância”, afirma um dos representante dos auditores.
TIROTEIO
Os papéis foram invertidos. O TCU fez um julgamento político e, agora, sobrou para a Câmara a análise técnica das contas.
DE JANDIRA FEGHALI (RJ), líder do PC do B na Câmara, sobre o julgamento do Tribunal de Contas da União que reprovou as contas de Dilma de 2014.
CONTRAPONTO
Uma mão lava a outra
Diante da crise na economia e dos desdobramentos da Lava Jato, o Piantella, tradicional restaurante frequentado por políticos e empreiteiros em Brasília, viu seu movimento cair drasticamente nos últimos meses.
A solução para tentar recuperar a clientela foi se render ao almoço executivo, oferecendo entrada, prato principal e sobremesa ao preço de R$ 54,00.
Apesar das dificuldades, o dono do espaço, o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida e Castro, o Kakay, não se abala. Sorrindo, afirma:
–O que a Lava Jato me tira de clientes no restaurante, me dá com muito mais lucro na advocacia.