Após sessões esvaziadas, Cunha diz que votará vetos na próxima semana
Fogo alto Dilma Rousseff obteve garantias de que os três vetos presidenciais às medidas da chamada pauta-bomba devem ser finalmente votados.”Acredito que o Congresso conseguirá apreciá-los na próxima semana”, diz o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Apesar da sinalização, o cenário político seguirá convulsionado. Oposição e PMDB articulam movimentos para deixar claro que a votação dos vetos não é sinônimo de retomada da governabilidade.
Um dá… Líderes partidários armam na Câmara a derrota de um dos vetos mais importantes para o governo, o que reajusta os salários dos servidores do Judiciário.
… outro tira A tática é jogar para os senadores o ônus de reverter essa decisão. Apesar de a sessão ser conjunta, os votos são contados separadamente. E, quando há divergência entre as duas Casas, prevalece a posição do Senado –que deve manter o veto.
De fininho A oposição prepara um desembarque “gradual” do núcleo de apoio a Eduardo Cunha. Líderes do PSDB, DEM e PPS na Câmara decidirão na terça (13) como se dará o rompimento.
Script A ideia é começar autorizando um grupo de deputados a assinar o pedido de afastamento do presidente.
Amigo De um importante dirigente tucano sobre a dificuldade de abandonar Cunha agora: “Ele nos deu espaço para fazer oposição, protagonismo em CPIs, relatorias e cargos importantes na Câmara. Mas está ficando insustentável apoiá-lo”.
Tom errado Integrantes da cúpula do PSDB dizem que as declarações do líder na Câmara, Carlos Sampaio, defendendo o “benefício da dúvida” ao chefe da Câmara perderam sentido depois de Rodrigo Janot confirmar a existência das contas na Suíça.
Pedala Em reunião com ministros, Dilma fez defesa de suas contas. Ponderou que a reprovação do TCU provocará uma redução no volume de subsídios para viabilizar empréstimos de bancos públicos. O atraso no pagamento desses subsídios embasou a decisão do tribunal.
Camuflagem Ainda durante o encontro no Planalto, a presidente também acusou a oposição de tentar aplicar um “golpe democrático”, um “golpe dentro da lei”.
Acorda De olho na saída de Dilma, deputados de oposição avaliam que, passada a rejeição das contas de 2014 no TCU, é hora de agir para tentar ampliar a pressão nas ruas. Só assim será possível deflagrar agora o processo de impeachment no Congresso.
Parapeito Para pressionar os parlamentares, os movimentos que defendem a saída da presidente pedirão que aqueles que são contra o governo e a favor do impeachment coloquem uma bandeira do Brasil em suas janelas.
Espelho meu Pegou mal entre os ministros do TCU Augusto Nardes dizer que agora entendia o motivo de Joaquim Barbosa ter antecipado a aposentadoria, comparando-se ao ex-presidente do Supremo Tribunal Federal.
Momento Logo após derrotar o governo, Nardes foi recebido com aplausos em jantar oferecido pelo presidente da Fecomercio-DF, Adelmir Santana. Aos convidados, falou em “momentos duros” e disse que precisou reforçar a segurança de seus filhos.
Alvo Secretário de Política Econômica da Fazenda, Afonso Arinos foi bombardeado por prefeitos, nesta quinta, ao defender o ajuste fiscal. “Uma coisa é ficar no gabinete com ar-condicionado. Outra é estar na rua com a população”, disse João Alves (DEM), de Aracaju.
Visita à Folha Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), prefeito de Santos, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Cláudia Fernandes e Samy Charanek, assessores de imprensa.
TIROTEIO
Existe um parecer técnico do TCU e um pedido assinado por juristas renomados. O Congresso está esperando o quê?
DE ROGERIO CHEQUER, coordenador do movimento Vem Pra Rua, sobre pressão para forçar congressistas a deflagrar o processo de impeachment.
CONTRAPONTO
Crediário
Ex-titular da Previdência, Carlos Gabas lamentava, em tom de brincadeira, ter perdido dinheiro com a decisão de Dilma Rousseff de, primeiro, destituí-lo da função, transformando-o em secretário da pasta, e, segundo, de cortar 10% do salário de todos os ministros.
Fanático por motos, vício que já lhe rendeu o direito de andar por Brasília levando a presidente da República em sua garupa, Gabas comentou com jornalistas sobre os efeitos da reforma no primeiro escalão do governo em seu orçamento doméstico.
–Ainda bem que termino de pagar a minha Harley-Davidson em dezembro.