Mesmo com mais poder no governo, PMDB não garante volta da CPMF
Água fria Ainda que a chegada da “turma do Lula” ao coração da articulação política do governo Dilma Rousseff tenha sido bem recebida no Congresso, ninguém acredita que a mexida na Esplanada garantirá ao Planalto a volta da CPMF. Agraciada com o maior naco de poder desde que se aliou ao PT, a cúpula do PMDB deixa claro que a proposta dificilmente supera, até o fim do ano, sequer o primeiro rito da tramitação, a apreciação pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
A favor e contra O tema enfrenta forte resistência de empresários. E o governo tem ciência de sua fragilidade na bancada peemedebista, com declarados dissidentes.
Meio expediente Aloizio Mercadante embarcou para São Paulo no início da tarde desta sexta, tão logo teve fim a cerimônia que selou sua despedida da Casa Civil e retorno à pasta da Educação.
Tampão Lula ouviu de petistas o receio de que a nova configuração do governo, com indicados do “baixo clero” em postos-chave como a Saúde, reforce a imagem de que a gestão Dilma, se resistir, simplesmente repetirá o papel de Itamar Franco na história da Esplanada.
Bola dividida Antes de assumir a Casa Civil, Jaques Wagner deixou claro que sua atuação naufragará caso a pasta seja tratada como uma espécie de segunda instância da Secretaria de Governo, a cargo de Ricardo Berzoini, na articulação política.
Rumo Apesar de o avanço da Lava Jato sobre Eduardo Cunha assustar a oposição, a bancada de deputados do PSDB diz que segue decidida a levar adiante manobra acertada com ele para tentar fazer com que a discussão sobre o impeachment de Dilma chegue logo ao plenário da Câmara.
Em nome Bonifácio Andrada (MG), decano da bancada do PSDB, será o autor do requerimento que pedirá para o impeachment ser apreciado pelo plenário.
Deixa estar Lideranças de movimentos pró-impeachment defendem que “não é o momento” de confrontar Eduardo Cunha. Embora acreditem que a permanência do peemedebista na presidência da Câmara esteja com os dias contados, contam com ele para acelerar o processo pelo impeachment de Dilma no Congresso.
Coincidência Um dia depois de a Suíça informar que Eduardo Cunha controla quatro contas por lá, a Receita Federal finalizou negociações com o governo do país para assinar acordo de intercâmbio de informações tributárias, inclusive para fins penais.
Em tempo O acordo só permite o acesso a informações que surjam a partir da data da assinatura dos termos pelos dois países.
Olhe pra mim O PSOL quer inserir no Regimento da Câmara que o presidente da Casa seja proibido de dar as costas aos oradores que discursam na tribuna. Tudo porque Cunha fez o gesto ao ser questionado por Chico Alencar (RJ) sobre contas no exterior.
Timbrado No mesmo dia em que Dilma anunciou novos cortes de despesa, o prefeito Fernando Haddad propôs a movimentos de moradia que se unam ao governo municipal em uma “carta de São Paulo em defesa do Minha Casa Minha Vida”.
Bandeira O prefeito petista, que tentará a reeleição, defende que São Paulo receba um montante que “corrija as distorções do passado e reconheça a baixa participação da cidade” no programa.
Escrito nas estrelas Em defesa apresentada à Justiça, José Dirceu comparou os desenhos dos organogramas usados pelo Ministério Público para explicar o esquema de corrupção com mapas astrais. E fez o adendo: “Com todo respeito a quem leve a sério a astrologia…”
TIROTEIO
Marcelo Castro, psiquiatra, será bom para um governo desorientado. E chega com a credencial positiva de perseguido por Cunha.
DE CHICO ALENCAR (PSOL-RJ), sobre o novo ministro da Saúde, doutor em psiquiatria pela UFRJ, e desafeto do presidente da Câmara dos Deputados.
CONTRAPONTO
Arremate ministerial
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, foi ao Congresso, na quinta-feira, para participar de audiência pública na Comissão Mista sobre Mudanças Climáticas. Ela detalhava a proposta que o Brasil enviou à ONU de reduzir a emissão de gases de efeito estufa em 37% até 2025 e em 43% até 2030 quando o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) pediu a palavra:
–Antes de tudo, ministra, quero cumprimentá-la por não fazer parte deste leilão de ministérios instalado na Esplanada –disse, para risada geral.
Izabella não foi alvo da reforma ministerial anunciada nesta sexta-feira por Dilma, e permanece no cargo.