Manobra apoiada por Alckmin é coronelista, diz filho de Covas
Depois de a Executiva do PSDB de São Paulo baixar resolução, com o aval do governador Geraldo Alckmin, que tira o poder dos diretórios municipais do partido na organização das prévias para as eleições do ano que vem, o vereador Mario Covas Neto, o Zuzinha, presidente do PSDB de São Paulo, encaminhou nota de repúdio a Alckmin e integrantes das direções estadual e nacional.
No texto, enviado na noite desta terça-feira aos caciques tucanos, o filho do ex-governador Mario Covas diz que “os entusiastas de tal prática coronelista parecem ter se esquecido que o PSDB nasceu justamente pelas mãos de um grupo que rechaçou a inexistência de democracia interna do partido ao qual pertenciam”.
Zuzinha afirma que, ao transferir para a direção estadual a competência da realização das prévias em São Paulo, o partido “deixa explícito o nefasto objetivo de imposição de um novo nome, ainda escondido atrás de atitudes casuísticas”.
A crítica é à articulação da ala do PSDB ligada a Alckmin que trabalha para lançar o secretário Alexandre de Moraes (Segurança Pública) como o candidato do partido à Prefeitura de São Paulo. Embora ainda não esteja filiado ao partido, o secretário participou de jantar da cúpula tucana paulista com os pré-candidatos a prefeito.
Os aliados do governador articularam o movimento para frear a realização das prévias internas ainda neste ano ao constatar que a pré-candidatura de Andrea Matarazzo estava avançando.
No começo do mês, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os senadores José Serra e Aloysio Nunes declararam apoio à pré-candidatura de Matarazzo à prefeitura de São Paulo.
O ato, organizado pelo ex-ministro de FHC José Gregori, foi uma forma de pressionar Alckmin, cujo apoio é considerado fundamental, mas que resiste à candidatura de Matarazzo por considerar que ele é muito ligado ao grupo de Serra no partido.
Íntegra
Leia, abaixo, a íntegra da nota de Mario Covas Neto.
Nota do Presidente do Diretório Municipal de São Paulo Vereador Mario Covas Neto
Quero expressar minha indignação e repúdio à resolução apresentada em recente reunião da Executiva Estadual que visa retirar da Executiva Municipal o processo de condução de prévias para escolha do candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo.
Tal atitude atesta a falta de compromisso com a democracia interna do partido e com aqueles que até o momento se apresentaram como pré-candidatos. Ao mesmo tempo, deixa explícito o nefasto objetivo de imposição de um novo nome, ainda escondido atrás de atitudes casuísticas, e o completo desprezo pela militância nas decisões da sigla.
Os entusiastas de tal prática coronelista parecem ter se esquecido que o PSDB nasceu justamente pelas mãos de um grupo que rechaçou a inexistência de democracia interna do partido ao qual pertenciam.
Os 27 anos de história do PSDB sempre foram pautados pelo respeito às instâncias partidárias, pela participação dos filiados em sua orientação política e escolha de seus dirigentes e pela disciplina que sempre assegurou sua força e unidade.
Agora, todos esses valores veem-se ameaçados diante desta resolução que contamina o processo de prévias na capital paulista.
Sou veementemente contra qualquer manobra da Executiva Estadual de interferir neste processo, já em andamento, muito menos sem uma justificativa plausível.
O PSDB nunca teve espaço para imposições opressoras e covardes. E não será diferente agora. A militância tem voz e esta voz prevalecerá.
Mario Covas Neto
Presidente do diretório municipal do PSDB