Na TV, PMDB diz que sociedade está ‘cansada de pagar a conta’ e condena mais impostos

Thais Arbex

Em seu programa nacional, que vai ao ar na noite desta quinta-feira, em rede nacional de rádio e TV, o PMDB diz que o Brasil enfrenta uma “crise econômica que já resulta em recessão e desemprego” e que, combinada a uma crise política, resulta em uma sociedade “angustiada, à espera de soluções, cansada de sempre pagar a conta, pessimista diante do nó que não se desfaz”.

O texto, que abre o programa com uma apresentadora vestida de preto em cenário igualmente sombrio, é lido sobre uma música grave, de filme de suspense. “É hora de deixar o estrelismo de lado, é hora de virar esse jogo, é hora de reunificar os sonhos”, diz a apresentadora, usando o verbo que o vice-presidente Michel Temer empregou em entrevista polêmica, quando disse que era hora de alguém que “reunificasse” o país.

Com o slogan “O Brasil está pronto para acertar as contas com a verdade”, o filme mostra Temer à frente de um time de ministros, governadores e parlamentares e com um discurso de que é preciso ajudar o país. As fotos dos peemedebistas formam um painel, como um time de ministeriáveis, e o rosto do vice-presidente vai sendo construído por computação gráfica, unindo todas as “carinhas”. “É imprescindível unir forças, colocar o Brasil acima de interesses partidários ou motivações pessoais. Crise se enfrenta com união, com coragem, com determinação e retidão”, diz Temer.

O filme também bate na criação de novos impostos e defende mais postos de trabalho. “Um Brasil que se dizia tão gentil com seus filhos de repente resolve cobrar a conta. Isso dói”, diz a apresentadora. Um dos peemedebistas diz que a solução para a crise não está na criação de mais impostos –numa demonstração de que o partido deve criar problemas na aprovação da CPMF, a despeito das negociações para ter ainda mais cargos no Ministério de Dilma Rousseff.

O jogral, que mistura parlamentares, ministros e governadores, é uma tentativa de mostrar que o partido tem “time”. O resultado, porém, é irregular: rostos desconhecidos do grande público se revezam com investigados na Lava Jato, com discursos muitas vezes desconexos.O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-RJ), afirma que “governos passam, e o Brasil vai ser sempre maior do que qualquer governo”.

E coube a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, rompido com o governo Dilma, dizer que “chegou a hora da verdade, chegou a hora de escolher o Brasil que queremos”.

As lideranças do PMDB também afirmam que “sem uma definição e sem apontar um rumo” para sair da crise, “o país fica à deriva” e que o “Brasil não pode viver de promessas”. “Tem muita gente capaz e pronta para entregar o país que foi prometido”, diz um dos peemedebistas.

O líder do partido da Câmara, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), afirma que “nada mais natural que o maior partido do país propor um diálogo e encaminhar mudanças o país no rumo do crescimento”.