Impeachment com razão frágil arrisca a democracia, acredita Alckmin
Me dê motivo Geraldo Alckmin reuniu na noite de quinta oito grandes empresários para discutir o cenário nacional. O governador paulista mostrou pessimismo com a situação econômica e política e disse não ver saída com Dilma Rousseff no cargo. Mas o tucano ainda acredita que falta um motivo para o impeachment. Ele acha que, se Dilma cair por uma razão frágil, como as pedaladas fiscais, há risco para a democracia, pois nenhum governo terá mais segurança jurídica de que terminará o mandato.
Fagulha Alckmin disse aos empresários que, nesse caso, qualquer crise poderá ser pretexto para tirar do cargo um presidente ou governadores e prefeitos eleitos. Sobre as pedaladas, afirmou que há precedentes da manobra em Estados e municípios.
Tempo ao tempo Aos comensais Alckmin disse que é necessário “investigar, investigar e investigar”, para que o Congresso decida se os pedidos de impeachment cumprem as exigências constitucionais, e que ainda podem surgir provas a partir das investigações nos fundos de pensão e no BNDES.
À mesa Participaram do jantar no Bandeirantes o presidente da BRF, Pedro Faria, o vice-presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, e o presidente da Riachuelo, Flávio Rocha, entre outros.
Píncaros Helio Bicudo foi ovacionado no sábado enquanto praticava sua caminhada diária na pista de atletismo do Club Paulistano, nos Jardins. Sócios do clube se juntaram para aplaudi-lo, cumprimentá-lo pelo pedido de impeachment de Dilma e tirar selfies com o ex-petista.
Passando… Além dos tubarões e peixes de médio porte que estão fechando novos acordos de delação premiada, o mundo político de Brasília está agitado com a grande quantidade de “bagrinhos” que querem se tornar colaboradores na Lava Jato.
… a rede “A investigação fugiu totalmente do controle. Ninguém sabe quem são essas pessoas e o que podem falar, nem sobre quem”, diz um parlamentar governista.
Enfim, sós Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Leonardo Picciani (PMDB-RJ), líder da bancada, jantaram na semana passada. Foi a primeira vez que conversaram desde que o líder abriu canal de interlocução com o Planalto, o que estremeceu a relação.
Círculo vicioso Pesquisa interna da Secom da Presidência aponta que, para a maioria das pessoas, a crise no país é, antes de tudo, política, que agravou a recessão econômica. “As pessoas que apóiam o governo estão sem argumento para defender o governo no dia a dia”, diz a conclusão do levantamento.
Vazio Na pesquisa, 69% não souberam citar nenhuma ação, programa, ou política do governo federal. Entre os que dizem apoiar o governo, 24% não conseguiram exprimir um motivo.
Colou A pesquisa interna mostrou que os entrevistados associam diretamente a corrupção à crise econômica. “Na cabeça das pessoas, foi a corrupção que provocou o rombo no Orçamento, o rebaixamento da nota e a elevação do custo de vida”, diz.
Pau a pau A pesquisa procurou descobrir também se os entrevistados julgavam o governo e a oposição capazes de tirar o país da crise. Para 17%, o atual governo tem essa possibilidade. Só 13% acreditam que a oposição está apta a executar a tarefa.
Conta-gotas Além da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), que deve ser extinta depois da demissão de Mangabeira Unger, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) também pode deixar de existir como é hoje na reforma administrativa.
Embaixo Além de ministérios e secretarias, Dilma mandou revisar a estrutura de fundações, institutos e autarquias ligados ao governo federal, que também deve ser enxugada.
O coice Documentos sobre a participação da Petrobras no regime militar serão entregues pelo grupo IIEP (Intercâmbio, Informação, Estudos e Pesquisas) ao MPF. A ideia é responsabilizar a estatal por eventuais crimes cometidos durante a ditadura.
TIROTEIO
Mentir para ganhar uma eleição, como fizeram o PT e a presidente Dilma Rousseff, é versão antiga de estelionato eleitoral.
DE CARLOS SAMPAIO (PSDB-SP), líder da bancada na Câmara dos Deputados, sobre as promessas petistas na campanha presidencial do ano passado
CONTRAPONTO
Prova do crime
Delcídio Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado, saía de de reuniões na última semana para tratar das medidas de ajuste do Orçamento.
Abatido diante das dificuldades para aprová-las no Congresso, foi almoçar no Rubaiyat, em Brasília, no qual é “habituée”. Tão logo chegou foi recebido pelo maître, que lhe trouxe uma faca com seu nome gravado a ferro na lâmina. Após examinar a peça, o petista, desanimado, desabafou:
—Do jeito que estou com azar, ainda corro o risco de alguém matar uma pessoa com essa faca e deixar no local do crime.